No dia 12/10/2006, o jovem Bruninho escreveu as seguintes
linhas:
“Eu defendo a teoria de
que, se Deus existe, o que Ele fez foi definir o comportamento físico do
Universo, depois apertou o "play", cruzou os braços e ficou olhando.
Um buraco evidente dessa teoria é que Ele, onisciente, não ganha nada olhando eventos
que Ele sabe que vão ocorrer, mas isso não é um defeito novo, nenhuma
explicação com uma entidade onisciente e onipresente pode realmente fazer
sentido...
Por "comportamento físico" eu quero
dizer as leis básicas que regem cada um dos fenômenos deste Universo. Isto é,
aquele tipo de coisas como "matéria atrai matéria na razão direta das
massas e na razão inversa do quadrado da distância", mas que na verdade não
é bem assim, primeiro porque o Newton estava errado e segundo porque é um tanto
quanto simplório acreditar que uma mera equação seja a explicação de um
fenômeno. Ela é mais uma tradução matemática que qualquer outra coisa e nem
pretende ser mais do que isso. O próprio Newton tinha uma frase a respeito
disso, que ele se preocupava mais com o "como" do que com o "por
que", dai o sucesso de tudo que ele descobriu.
Bom, voltando ao dia em que Deus teria definido as
regras. Ok, "dia" não é bem o termo porque a Terra não existia, blá
blá blá. Um pouco menos de rigor e vamos em frente.
Deus teria dito: "que sejam então 4 forças
fundamentais (gravidade, eletromagnetismo, fraca e forte)". Ele cofiou sua
longa barba, pensou melhor, "e que o Corinthians sempre perca dos
argentinos"; era isso. Ele podia agora sentar-se em Sua poltrona preferida
e assistir à miséria dos tempos como fazemos com um bom e velho filme que já
vimos milhares de vezes...”
Como se sabe, a piada acabou; o mundo, não.
Todos os torcedores de futebol secam seus rivais, não há
dúvidas. Há 10 dias estou guardando no meu desktop uma foto de uma camisa
metade Corinthians, metade Boca, para usar em algum argumento “cala-Boca” depois
do título argentino.
A comemoração do título de hoje é, até onde me lembro, a maior
que já vi, incluindo o Mundial de 2000. A dimensão absurda dessa festa não é
apenas fruto do tamanho da torcida alvinegra, mas principalmente é consequência
da provocação dos rivais.
Mas por que tanta implicância em rir da falta de títulos
internacionais? Não creio que a questão, dessa vez, seja a tradicional
necessidade brasileira de procurar referências no Exterior para validar a grandeza
nacional, ainda mais em se tratando do assunto em que nós não admitimos que
possa existir alguém superior. Me parece
que o ponto é uma outra lei do Universo, não citada no meu texto antigo: temos
medo.
Medo do futuro desconhecido, como todo medo. No caso
específico do Corinthians, nós não
sabíamos (não sabemos ainda!) o que fazer quando a piada acabasse. Por isso, era preciso
torcer contra com todas as forças, para que não fôssemos obrigados a nos
adaptar.
No entanto, como já dizia Machado (esse sim entendedor da fábrica do Universo) , “Tudo acaba, Leitor, é um velho truísmo, a que
se pode acrescentar que nem tudo que dura, dura muito tempo”.
No final das contas, era só isso: o tempo passa, as piadas
perdem a graça, as dores cessam, as dores voltam, o tempo passa. Sem
Apocalipse. Mesmo que a conjunção Profecia Maia – Bóson de Higgs – Libertadores
faça parecer o contrário.