(...) Genética x cultura, hereditariedade x influência do meio... É um debate antigo que nunca se resolve. Por que certas pessoas "dão" para certas coisas, e outras não? Mais especificamente, por que eu sou em zero em matemática enquanto tantos à minha volta não só sabem fazer contas como gostam? Meu cérebro já nasceu decidido a rechaçar qualquer tentativa de introduzirem nele a raiz quadrada ou isso foi uma decisão minha que ele acatou? O fato é que há pessoas que querem ser dentista desde pequenas, e outras que não apenas não concebem como alguém possa ter uma vocação assim como precisam se controlar para não morder o seu dedo. Seja por influência do meio ou por compulsão genética, o fato é que a partir de uma certa idade nós todos sabemos se queremos abrir barrigas ou não. Estabelecida qual das duas raças é a nossa, podemos escolher entre as opções de cada uma. O que não impede mal-entendidos. Lembro como eu gostava daqueles problemas matemáticos com historinha, tipo "Se um trem sai de uma estação a tal hora viajando a tantos quilômetros por hora e outro sai de outra estação a tantos quilômetros de distância na mesma hora e na mesma velocidade mas o maquinista precisa passar em casa e perde cinco minutos..." ou "Se uma mãe tem três pedaços de laranja para repartir entre cinco filhos...". Cheguei a pensar que meu cérebro gostava de contas e minha vocação era para as ciências exatas, até me dar conta de que eu não gostava da matemática. Gostava das historinhas. (...)
Luis Fernando Verissimo
Zero Hora - 29/07/2007
sábado, abril 05, 2008
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Um comentário:
Lindo, lindo, sublime e simples... lindo!! E sempre será...
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