quinta-feira, novembro 24, 2011

Norma

Me disseram que eu precisava de um tema. Aliás, me disseram também que eu não deveria começar minhas frases com "me". Não concordo com eles. Sujeito estranho demais, oculto demais.

Eles gostam muito de normas. É um fato bem conhecido, pela comunidade científica na área de ciências exatas, que todas as normas são equivalentes em dimensão finita. O significado preciso dessa afirmação pode ser visto no link, mas não vem ao caso. Prefiro o seu poder como slogan: "Todas as normas são equivalentes".

No entanto, a frase perde parte de sua graça pois seria um pouco chato ter que colocar em todos os cartazes, com letras pequenas, o lembrete "em dimensão finita", mas há que se conviver com isso para permanecer no mundo da "verdade" científica.

Letras miúdas à parte, esse poderia ter sido um excelente slogan anti-revolucionário em qualquer momento histórico. Todo poder aos sovietes? É proibido proibir? Liberdade, ainda que tardia? Para que, se todas as normas são equivalentes?

(em dimensão finita)

quarta-feira, novembro 23, 2011

Pública, gratuita e de qualidade

Eram 20h e o ônibus, relativamente vazio, se dirigia ao portão principal da Usp. Greve, trabalhos de final de semestre, preguiça, não sei; não devia haver mais de 10 pessoas dentro do coletivo. Um casal atrás de mim falava coisas ridículas (também em meu tempo falei palavras de amor. Como as outras, ridículas). Um casal ao meu lado falava sobre o posicionamento oficial da ECA na greve. Tranquilidade.

Por outro lado, a saída da universidade estava tumultuada, muitos carros. Que estudante universitário não vai para a escola de carro?

Bastante cansado depois de um dia (anormalmente) produtivo, adormeci no congestionamento, mesmo sabendo que precisava descer 2 pontos adiante. Acordei com um estrondo vindo de uma das portas.

"Esses malditos grevistas estão jogando pedra no ônibus", pensei ao despertar assutado. Vi uma movimentação e achei que eles estavam invadindo o veículo. Não era o caso. Uma senhora tentava embarcar com seu filho deficiente.

Permaneci sentado, assustado. Motorista e cobrador conseguiram colocar a pesada cadeira para dentro. Menino bastante doente. Mãe claramente sofrida.

"Não adianta porra nenhuma fazer faculdade. Educação vem de berço. Esse povo aí não presta pra nada. Todo mundo aí, olhando com cara de pena e ninguém tira a bunda da cadeira para ajudar", disse o simpático motorista.

Eu tinha uma excelente explicação para não ter ajudado. Todos tínhamos. Todos temos. A sociedade não parece muito satisfeita com a nossa contribuição. Talvez eles estejam sendo injustos; afinal, não teria a mãe ido até a universidade buscar algum tratamento?

Talvez.