Ah, os jornalistas

Pré-requisito: Clarice foi veterana minha na Polytechnique. Não a conheci, mas sei que ela foi da primeira turma de brasileiros e portanto da que mais sofreu numa escola que não estava preparada para receber universitários que não resolvem equações diferenciais ordinárias de cabeça.

"Clarice Aiello
Cambridge, EUA

Seu campo de estudo está na minúscula escala dos átomos. O objetivo é demonstrar que esses sistemas delicados podem processar mais informação que um computador clássico. A paixão pelo assunto começou anos antes, quando um professor de Engenharia Elétrica da USP deu a Clarice Aiello, hoje com 26 anos, Lições de Física de Feynman, série de palestras de Richard Feynman, um dos maiores físicos americanos do século 20. “Foi meu primeiro contato com a física quântica”. Clarice, que já se destacava em física na turma, fez um estágio na École Polytechnique, Paris, em 2001. " (http://txt.jt.com.br/editorias/2009/05/26/ger-1.94.4.20090526.44.1.xml)


"Estágio". 2 anos e X meses de sofrimento se tornam "estágio".

Perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que escrevem.

Dias

Confesso que duvidei quando li no Blog do Juca Kfouri que sábado, dia 23, foi aniversário do Rubens Barrichello e...Dia da Tartaruga, mas segundo a Wikipedia (alta credibilidade), isso é de fato verdade. Ainda prefiro acreditar que foi algum hacker brasileiro que resolveu zoar a única fonte mundial desse tipo de informação inútil só para denegrir ainda mais o Rubinho.

Mas que é engraçado, isso eu não vou negar...

Segundo o Fantástico (fonte número 2 no ranking internacional de confiabilidade), hoje foi Dia do Orgulho Nerd. Tem remotamente a ver com algum dos Star Wars, mas como eu não concordo que nerd tem que gostar dessas coisas de nave, deixo apenas um registro, um parabéns aos demais colegas de causa e um até amanhã.

Porque amanhã faz 10 anos que os ingleses provaram, pela n-ésima vez, que Deus não é alemão.

Comidas onomatopaicas

Talvez nenhuma comida tenha um nome tão auto-descritivo quanto "pipoca". É bastante tribal mas demonstra com perfeição a explosão do pequeno grão.

O que me chamou a atenção hoje foi que me perguntaram como se diz pipoca em francês. Hesitei por alguns instantes e respondi que era "popcorn" mas pronunciado de forma bichinha. E é mesmo.

Procurando melhor, descobri que "popcorn" é praticamente imutável, tendo sido adotada até mesmo em terras soviéticas...

O curioso é que quem teve alguma criatividade para fugir do termo em inglês manteve o "p" inicial, como nas "palomitas de maíz" em espanhol, "patlamis misir" em turco (seja lá o que for isso), "Pattogatott kukorica" em húngaro (em tempo, "kukorica" é milho!) e "Pokovka" em esloveno.

São notáveis exceções a simpática forma catalã ("crispeta", que mantém um p em alguma parte da expressão) e o "floricele" romeno. Nada muito surpreendente vindo de dois redutos de pessoas teimosas (sem ofensas, Milouse).

Entretanto, acho que a principal conclusão que se tira disso tudo é que o esperanto, que deveria ser a língua universal, também resolveu ser ligeiramente criativo e adotou "Pufmaizo". Se já existe uma palavra mundialmente conhecida, para que inventar um outro termo que só é intuitivo para os latinos?

Ou peut-être a conclusão seja de que não existe nenhuma comida onomatopaica além da própria pipoca.

Uma boa, uma ruim e outra que eu não sei

Depois de um rápido processamento pela burocracia francesa de uma documentação que não prova nada (nem que o Curinga é um filho da puta), meu diploma de "Ingénieur de l'Ecole Polytechnique" finalmente será concedido dentro de duas semanas. Congratulem-me, por favor.

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Percebi que não preciso alterar a descrição d'O (we)Blog. Afinal de contas, mestrado ainda é um tipo de estudo e eu continuo na Engenharia, então "estudante de Engenharia" é uma definição aplicável. A parte triste é que eu não vou precisar pensar em outra descrição pelos próximos 15 anos.

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Se você tem preguiça de digitar http://oweblog.blogspot, tente nosso endereço alternativo: http://tinyurl.com/faccini, incrivelmente mais curto.

Profeta a posteriori

Confesso que já tinha tudo planejado. A inesperada derrota contra o Sport (inesperada pelo gol ter saído apenas no final da partida) levava a decisão para os pênaltis. Exatamente como aconteceu com o Corinthians no mesmo 12/05.

Meu post estava de fato pronto. As substituições e a lista de batedores mostravam que o Luxemburgo não compreendeu muito bem esse conceito de disputa por pênaltis. Dois melhores batedores substituídos. Dois zagueiros, um lateral e um volante tosco entre os cobradores. Desastre anunciado.

"A História se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa", era a citação que estava preparada. Não daria certo. Não haveria mais milagre algum.

Meu pai insistiu para que eu confiasse no gênio. "Só se ele defender quatro pênaltis, porque esses caras do Palmeiras vão acertar um só".

Primeiro chute e o volante tosco erra. Estava quase satisfeito de ter razão apesar da iminente eliminação.

Depois, o impensável.

E ele só não defendeu quatro porque o Sport nem precisou cobrar todos...

05/05

Eu, engenheiro e homem das ciências, acredito que os números exercem forças ocultas sobre todos nós. Especialmente datas. Especialmente sobre o futebol.

5 de maio seria já um dia interessante per se(para não dizer "legal", o que causaria revolta entre alguns leitores). Exatos 10 anos atrás, no entanto, passei a acreditar que a magia desse dia era maior ainda.

05/05/1999. A melhor atuação de um goleiro que eu já vi. Que eu verei, provavelmente. Palmeiras e Corinthians, jogo de ida das quartas de final da Libertadores. Um jovem Marcos, usando a camisa 12 porque era apenas um reserva e não um mito, resolveu acabar com o jogo. Ele defendeu TUDO naquele dia e evitou um massacre corinthiano. Na semana seguinte ainda fez mais umas defesinhas, incluindo um pênalti (não o do Marcelinho, esse foi em 2000) e salvou a pátria.

Em comemoração aos 10 anos dessa vitória, resolvi procurar no Youtube se aquele jogo foi realmente tão espetacular quanto eu me lembro. Tenho vívida a angústia da pressão corinthiana, o desespero da família e o alívio do final do jogo. Porém, teria o Marcos realmente conseguido A atuação definitiva naquele dia ou as muitas defesas fantásticas dos anos posteriores acabaram se misturando em minha mente?

Infelizmente o Youtube não apresenta muita coisa desse jogo. Os compactos disponíveis priorizam os gols (que foram fatalidades naquele dia, fruto de sorte) e a decisão por pênaltis, como se isso sempre fosse o mais importante. Assim mesmo, encontrei um bom videozinho curto:



São 4 defesas difíceis em 3 minutos. "Bah", dirá o leitor blasé, "já vi melhores". Acredito que sim. O que me espantou a ponto de colocar esse post é que eu não lembrava de nenhum desses lances do vídeo, o segundo tempo foi tão mais torturante que esses 3 minutos parecem treino de aquecimento.

Mesmo sem ter o vídeo do jogo completo, sou obrigado a reconhecer portanto que as minhas memórias realmente me traíram. Não foi a melhor partida de um goleiro que eu já vi. Foi a melhor partida de um goleiro em todos os tempos.

Mera questão estatística

Campeões paulistas das últimas décadas:






(*Bizarrices: Bragantino em 90, Ituano em 2002 num campeonato sem os grandes e São Caetano em 2004)

A redução da faixa verde é o que deprime.

(Pensando bem, esse time do Gordo ser campeão invicto deveria entrar na categoria de bizarrices também...)

Sonho

Logo depois que descobri que o sistema de decisão por pênaltis não tem nenhum "critério de parada" por tempo, ou seja, pode em teoria se prolongar infinitamente, fiquei imaginando como seria interessante uma disputa que demorasse tanto que fossem necessárias as cobranças de pênaltis dos dois goleiros.

Não demorou muito entre a minha tomada de consciência e um primeiro registro disso (Mar del Plata, Brasil e Honduras, semi-final de Pan-americano, se não me falha a memória. 8 a 7 para os hondurenhos, com uma batida bisonha do nosso goleiro na cobrança decisiva). Pois bem, ontem aconteceu algo MUITO melhor.



Não consigo imaginar nada melhor para um goleiro...