segunda-feira, maio 24, 2010

Le jour est arrivé

Ainda me lembro da primeira vez em que ouvi falar da Linha 4 do Metrô de São Paulo. Tinha acabado de ser aprovado no vestibular e conversava com um amigo (Felipe, vulgo Fornias) sobre qual seria o melhor caminho até nossas novas escolas.

Naquele tempo o maior percurso que eu precisava fazer rotineiramente era do Carrão à Penha. Uma estação. 3 minutos. Não conhecia muito sobre a rede metroviária da cidade. Foi nesse contexto que o Felipe me informou que aquela linha que ia para a Usp não existia, na verdade. "Parece que eles ainda nem começaram a construir", ele disse.

Passei os dois primeiros anos de faculdade vendo os passos iniciais da obra. Fui para a França em 2005 com a certeza de que quando eu voltasse tudo estaria pronto. Ledo engano.

Desde que voltei, em 2007, o fim dessa obra parecia ser a solução para todos os meus problemas de transporte. E essa solução foi adiada. E foi adiada de novo. E foi adiada mais uma vez. E foi confirmada apenas para ser adiada de novo. Até que...

Bom, hoje ela foi inaugurada. 2 horinhas de atraso em relação ao cronograma oficial. Absolutamente nada, diante dos 7 anos de espera. Consegui entrar na terceira viagem que partiu da Consolação.

Minutos antes da inauguração, gritos de "Fernando, Fernando" ecoaram pela estação. Achei curioso que o Fernando Meligeni estivesse participando do evento. Na verdade era o FHC, óbvio. Ele é bem menor do que eu pensava, deve ter 1,75m no máximo.

As estações novas são bem bonitas, têm um ar de linha 14 de Paris. Para coroar minha alegria, vi uma equipe da Rede TV e comecei a fazer cara de cachorro pidão para atrair a repórter. Deu certo.

"O que o senhor acha da nova tecnologia da linha 4?" Comecei a discorrer sobre as vantagens dos vagões interligados, da segurança das portas de plataforma, sobre a alegria de ver essa tecnologia de padrão europeu em território nacional.

De repente surge um maluco, vesgo, cara de maníaco e tira o microfone de mim! Ele começa a dizer que prefere o metrô normal, com paredes entre os vagões, com condutor e operado pelo Estado. Faz uma campanha contra privatizações e parcerias até que a repórter, chocada, encerra a entrevista e se afasta de nós.

Em resumo: Não apareci na TV mas recuperei um pouco da alegria de morar em São Paulo. Resta esperar a inauguração da estação da Usp...

PS: parte deste post havia sido escrita ontem, depois de eu almoçar com o mesmo Felipe de 7 anos atrás. Porém, com a linha 4 é melhor não brincar e preferi postar apenas depois de confirmar que ela foi de fato inaugurada.

terça-feira, maio 18, 2010

Adoleta, a revelação final

Um dos posts de maior sucesso da história do O(we)blog é http://oweblog.blogspot.com/2008/03/adoleta.html, em que eu indago sobre a origem da famosa Adoleta.

A sugestão originalmente dada pelo Milouse e depois retomada por leitores desconhecidos é que Adoleta é uma deturpação de "un, deux, trois", ou seja, "um, dois, três". Me parece provável, poderia ser uma espécie de "um dois, feijão com arroz" mas envolvendo café (às vezes "nescafé", em algumas versões) com chocolá.

O que me ocorreu hoje vendo a propaganda do novo Uno é que o também clássico "Uni Duni Tê" também é claramente uma música infantil iniciada a partir de "um, dois, três". O tema de alimentação doentia também é retomado ao se falar do "sorvete colorê" ou do "salamê minguê". Esses adjetivos terminados em ê provavelmente vieram de algum particípio passado francês.

Enquanto a Adoleta pode ser vista como um conjunto de estrofes baseado em "á" (le petit polá, le café au chocolat, etc), Uni Duni Tê é a seqüência lógica com rimas em "ê". Isso nos leva a supor que existam outras três estrofes perdidas, usando as outras vogais. Para corroborar essa ligação, o final das duas canções é indicar algum escolhido para qualquer coisa.

Não vou me dar ao trabalho de fazer uma escansão das musiquinhas e contar quantas sílabas cada um deles têm. Tudo indica que a menos de erros de traduções ambas deveriam ter a mesma quantidade, de modo que o escolhido fosse sempre o mesmo ("vo-cê!"), fosse qual fosse a canção entoada.

Diversos blogs abordaram essa questão anteriormente (Virunduns, 2003; BlogTok, 2009; entre outras referências em papers que não consegui baixar do meu laboratório) porém não encontrei ninguém que ousasse traçar esse paralelo entre as duas músicas.

Acreditem vocês ou não, depois de escrever esse post acabei descobrindo que a referência pseudo-científica do parágrafo anterior pode ser verídica: vejam Vorcaro, 2002 (http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000032001000300004&script=sci_arttext), por exemplo:

"Nas perlongas, o palavreado é de rimas infantis de cinco ou seis sílabas que servem para divertir, memorizar ou designar o responsável por uma função. Perlonga é também uma demora capciosa, uma delonga. Trata-se de dilatar, adiar, mover-se paralelamente, ir em sentido paralelo, ao longo de alguma coisa.

Exemplo disso é:

uni, du, ni, tê,
salamê, minguê,
um sorvete colorê,
o escolhido foi você!

Desprovidas de sentido, essas lenga-lengas o constituem pela repetição prosódica, que se organiza em relação a algo já experimentado no corpo, como nos lembram Bergès e Balbo."

Em resumo:

1 - Sim, as duas músicas são irmãs

2 - Não, elas não têm sentido.

3 - Sim, com certeza qualquer um de nós poderia defender um doutorado em qualquer área de humanas. Até você, Tiago.

segunda-feira, maio 10, 2010

Para quem gosta de futebol bizarro, piadas sobre copas, sotaques estranhos e tudo mais, vejam isso:



O da Austrália é genial no final. Perdi uns 20% das piadas mas ainda assim vale a pena.

quarta-feira, maio 05, 2010

Pós-jogo

Retirado do Google Buzz, para quem não acompanha:

"Kalynka Nigg - ao escrever este post você acabou de botar tudo a perder... 2:38 pm
Bruno Santoro - Quis brincar com o perigo, foi deliberado. 2:42 pm

Bruno Santoro - Companheiro Brandão do Sintusp acaba de me informar que o Marx nasceu num 5 de maio, isso sim coloca tudo a perder. 2:49 pm
Bruno Santoro - Napoleão morreu num 5 de maio! 2:57 pm
Tiago Gribl - E eu comprei um Chevette num 5 de maio!!!! 3:01 pm"

Hum, Marx, Napoleão...eu devia ter previsto melhor.

A história se repete: a primeira vez como tragédia (perder o mundial de 99), a segunda como farsa (não existe outra palavra para descrever um time que perde 4 pênaltis seguidos a não ser "farsa").

05/05

Confio no poder mágico dos números.

Um dos eventos mais importantes da história do meu time (aparição do Marcos como salvador da pátria, no primeiro jogo contra o Corinthians de 99) aconteceu num 05/05.

Anos depois, minha imprudência em tentar andar de caiaque no Mediterrâneo não foi castigada por ter acontecido num 05/05.

Por isso, acredito firmemente que o Corinthians será eliminado hoje. Coisas ruins não acontecem num 05/05.