terça-feira, dezembro 26, 2006

Ao goleiro que não saiu para interceptar o cruzamento, à defesa que ficou arrumando a meia, ao franco-argentino que desperdiçou seu pênalti, ao franco-argelino que usou bem sua cabeça;

Aos zagueiros que marcaram gols contra em mim, aos atacantes que perderam gols feitos, ao time que não voltou para marcar, aos juízes ladrões;

Aos professores geniais, aos professores bizarros, aos professores que deveriam seriamente considerar uma nova profissão, aos portugueses do estágio;

Aos que torceram contra, aos que acompanharam sempre, aos que não esqueceram, aos que esqueceram, aos que queriam ter esquecido;

Aos que apoiaram das formas mais bizarras, nos horários mais estranhos, das formas mais distintas, enfim, a todos que ajudaram a compôr esse ano que se encerra, o meu muito obrigado e meu desejo de que 2007 seja ainda mais especial para todos nós.

sábado, dezembro 23, 2006

Estou vivo e num dos melhores lugares do mundo. Em breve, retrospectiva 2006.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Pela primeira vida desde meus, sei la, 7 anos, dormi sem saber quem era o atual campeao do mundo. Estando em Londres, nao valia apena pagar uma libra para usar internet num cyber cafe qualquer para descobrir isso...

Bom, o Inter ganhou. Previsao errada, mas nao fico de todo triste, quanto mais brasileiros ganharem mais "carne de vaca" a competicao fica...Sim, isso e' discurso de perdedor rancoroso.

Depois de ver o Big Ben e o Parlamento (heheheh), embarcaremos hj a noite para a Escocia.

Pena que nao tem um matematico viajando comigo para fazer a piada da ovelha...

sábado, dezembro 16, 2006

"Antes de retornar à sua terra natal, tente passar por uma região com o clima mais diferente possível que o da primeira. Do contraste brusco advém um prazer extra não experimentado por todos os viajantes." - Antigo livro maia de conselhos.

Como os maias são aquele povo "primitivo" mas mega avançado que descobriu tudo que estava no caminho da humanidade e concluiu que nem valia a pena tentar, é melhor respeitar. Uma pena que não vai estar tão frio assim não Inglaterra.

Mando noticias (e um fish'n'chips, quem sabe) quando possivel.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Carl Wilhelm Scheele

Peço a todos um segundo de atenção às moléculas de oxigênio que acabaram de entrar em seu nariz e estão em algum lugar entre a traquéia e o pulmão. Quem foi o primeiro ser humano a isolar esse simpatico gas diatômico?

Eu responderia, sem pensar muito, que foi o Lavoisier. Descobri hoje à tarde que isto está errado, foi questão do ITA de hoje e mesmo eles não colocaram o nome do descobridor certo, o britânico Joseph Priestley. Mas o grande injustiçado da história não é nem ele, é o sueco ainda mais obscuro que dá nome a este post.

O cidadão, farmacêutico e pesquisador nas horas vagas, deveria ser realmente talentoso, afinal entre seus feitos encontram-se a descoberta do cloro, do manganês, do tungstênio e de outros elementos e substâncias. Entre essas, infelizmente, o venenoso acido cianídrico.

O fraco do sueco (e todos nos temos nossos fracos, não riam dele) era experimentar seus produtos de síntese. Que atire a primeira pedra o químico que nunca sentiu vontade de dar só um golinho naquela solução misteriosa...

Morreu envenenado aos 43 anos.

Moral da história: não adianta ser um gênio se você não consegue ficar com a boca fechada quando necessário.

"Por outro lado, caso perca, o Internacional ficará mais parecido com o Vasco de Nasa ou com o Palmeiras de Marcos, times que chegaram perto do degrau mais alto mas que rolaram escada abaixo e tiveram que começar tudo outra vez, feito um Sísifo de chuteiras."

Eu aposto que o Inter perde simplesmente por ser o Corinthians do Sul. E tenho dito.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

My name is Pato, Alexandre Pato

Para variar um pouco, não sei como anda a repercussão no Brasil do novo "femônemo" do futebol, o garoto Alexandre Pato do Inter. Ao que me consta, o menino de 17 anos acabou com o Palmeiras na ultima rodada do campeonato e fez um golzinho hj no mundial. Um bom começo, certo, mas não mais que isso.

Para que todo o auê? Toda a preocupação se o Pato esta' ou não em condições de jogo, se o Pato renovou contrato, se o Real Madrid vai contratar o Pato agora, bla bla bla? Talvez seja so' exagero do Uol, talvez precisemos rever nossos valores. Pelo que eu conheço e pelas minhas previsões sombrias para o futuro do futebol mundial, o exagero néao deve vir apenas de nosso maior portal.

Que nos vivemos na era da velocidade não resta duvida, o simples fato de que em 3 minutos este texto estara' disponivel para alguém na California ou em Sidney (achou que eu ia dizer Adelaide, hein? hehe) é uma prova disso. No tempo do meu pai os jogadores se mantinham nas mesmas equipes quase pela vida inteira e qualquer torcedor sabia a escalação padrão de cor, dai a admiração e eterna reverência por um Ademir da Guia, por exemplo.

Claro que isso também não é a melhor coisa do mundo, às mudanças nos elencos também podem ser interessantes. Quando eu era pequeno se formava uma equipe para o ano, depois se vendia todo mundo. Dava tempo para um Evair marcar seus 100 gols pela equipe e depois seguir seu rumo do outro lado do mundo.

Na minha adolescência ja' começaram a se fazer duas equipes por ano, uma pro estadual e outra pro Brasileirão, o que explica o saudosismo de quem suspira "ah se o Vagner Love tivesse ficado mais um pouco..." Agora o menino joga UMA partida e vão levar embora? Ninguém sabe nem se ele realmente joga bola, se ele tem uma cabeça normal. Vai que é um Edmundo da vida e que vai xingar o juiz na primeira oportunidade? Ou um Romario que não vai ter disciplina para treinar, um Paul Gascoigne que vai afundar a carreira no alcool (para não dizer um Maradona, que afundaria a carreira numa outra, hehe)?

Eu acho que faltam valores, falta respeito, falta visão global e sobram euros, dolares, petrodolares, ienes e similares. Que o mundo civilizado se exploda, literalmente, por vontade propria antes que seja tarde demais.

(ah, e antes que alguma Juliana pense em dizer "mas e o Marcos?", ja' aviso que goleiro não conta. nem comentario de menina, hehehe).

terça-feira, dezembro 12, 2006

Descobri hoje uma lista com a classificação dos estrangeiros no concurso de entrada da Polytechnique. Foram 69 aprovados, eu fiquei empatado em 66.

Uma das pessoas que ficou atras de mim é um camaronês que estudava na Tunisia. Logo que chegamos aqui houve uma apresentação do departamento de esportes e um dos militares responsaveis pelo futebol confessou que na hora de decidir se ele seria aprovado ou não o que pesou foram suas habilidades futebolisticas. Sério, ele veio unicamente para reforçar o time. O cidadão joga realmente bem e, acessoriamente, sabe mais matematica que 95% dos latinos.

Eu fico pensando o que diabos levou os caras a me escolher. A prova, certamente, não foi, porque nem eu mesmo me aprovaria . Talvez tenha sido a carta de motivação, o que também não é muito plausivel porque esse tipo de carta é sempre igualmente vazio. Sobra apenas a sorte como explicação.

Sim, porque, como foi dito no video da bolinha de tênis, às vezes ela cai do nosso lado da rede, às vezes não.

A minha tese sobre o universo, a vida e tudo mais é que em cada momento-chave da vida de cada um de nos o universo se duplica abrigando assim as duas possibilidades em bizarros mundos paralelos. Prefiro admitir que essa duplicação tem alguma relação com a espécie humana por um principio mais antropocêntrico que antropico. Antes que alguém me leva muito a sério apesar da falta de acentos, eu nao estou propondo aqui nenhuma teoria definitiva e não tenho nenhuma resposta às duas perguntas evidentes que esse modelo deveria responder: de onde vem a matéria para os univeros multiplos e como é feita a seleção do que merece ser bifurcado ou não.

Em todo caso, não questione de onde vêm os recursos mas tente aproveita-los ao maximo e principalmente não perca seu tempo procurando explicações de critérios arbitrarios.

domingo, dezembro 10, 2006

Momento cultural

Se eu disser "Gonçalves Dias", o que vem à sua cabeça, estimado leitor? Aposto que as repostas se repartem entre "nada" e "Canção do Exilio". Faço então mais um teste, como morreu o citado poeta romântico?

Agora tenho certeza de que todas as respostas se concentram em "sabe Deus". Deus e a Wikipedia, eu diria. (Ta' bom, Juliana, eu sei que você sabe, ou ao menos sabia, porque eu me lembro vagamente de vc me contando isso. Pode ter sido delirio).

Pois bem, o maluco escreveu a Canção do Exilio no exilio (dããã...). So' que ele teve dois exilios, um, estudando em Coimbra, como toda a elite de sua geração, e outro se tratando de alguma doença bem séria nos ultimos dois anos de sua vida. O poema data da primeira fase, acho que na segunda ele ja' não tinha muitas esperanças de rever as palmeiras.

Ja' moribundo, enfiaram o coitado num navio com direção a seu Maranhão natal e perto da costa o navio afundou e acabaram deixando o doente para tras, em seu leito, e ele foi a unica vitima fatal.

Não deve nem ter dado para ver as palmeiras.

Tragico, não?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Turistas

Não sei como está a repercussão no Brasil desse filme. A julgar pela confusão na internet e pelos movimentos de protesto (leia mais aqui), as pessoas estão um pouquinho revoltadas.

Pois bem, nessas horas eu odeio brasileiro. Para que fazer mega campanha contra uma produção B? Alguém deixou de ir para a Eslovênia por conta do tal "O Albergue"? Ou era algum outro pais do Leste Europeu, afinal a gente sempre confunde mesmo...(detalhe que o "manifesto" circula sempre com a grafia "alberge", ninguém se dá ao menos ao trabalho de corrigir isso).

Em primeiro lugar tem que se considerar que o filme não é feito com o intuito de denigrir nossa imagem e arrasar o Brasil, é simplesmente um reflexo de como a gente é pequeno, pobre, subdesenvolvido e inexpressivo no mundo. Ninguém se importa se o filme é no Brasil, na Colômbia ou no Chile, e poucas pessoas que vão assisti-lo filme se lembrarão desse detalhe uns meses depois.

Que tal combater a corrupção, o crime generalizado e organizado, a falta de Estado, e não um reles filme B sem maiores conseqüências?

Nosso turismo é ridículo em comparação com os países "de verdade". Não tenho os números de cabeça mas é algo da ordem de 2 milhões por ano contra 40 milhões para a França. Por quê? Porque todo ano passa um filme falando mal do Brasil? Acho que não, hein...

O problema é mais embaixo mas a gente tem a maldita mania de jogar todas as nossas forças num bode expiatório. É como aquele caso do piloto americano que mostrou o dedo do meio para a Polícia Federal ao ser fichado uns anos atrás, lembram-se? Essa falta de noção para diferenciar o importante do simplesmente pitoresco é que falta em todos nós.

Eu acho que esse filme nao mereceria mais do que um "puxa, que ridículo, mais um filme de estereótipo. Estão ficando sem assunto", e ponto. Mas não, é preciso promover uma campanha gloriosa para purificar a Santa Imagem de nosso belo País...

domingo, dezembro 03, 2006

Véspera de prova

Por um tempo eu cheguei a acreditar que um dia amadureceria e seria de fato adulto: estudaria as matérias com antecedência, pelo prazer do estudo e por saber que elas seriam fundamentais para meu desempenho profissional posterior.

Mesmo tendendo cada vez mais para a especialização, me aprofundando em assuntos realmente de ponta e interessantes, eu continuo deixando tudo para a ultima hora.

Como diria Manuel Bandeira, em outro contexto completamente diferente mas que se aplica aqui também, "Meu Deus, eu amo como as criancinhas..."

sábado, dezembro 02, 2006

Memoria...

Outro dia me veio na cabeça essa cena:



Dei sorte de achar, e ainda com legendas em português!

Como nem tudo pode ser perfeito, esqueci qual era o assunto de que eu ia falar. Apreciem o começo do filme por si so' e pensem num final de historia compativel. Podem me entregar por email até segunda que vem, com no maximo 25 linhas, fonte Times New Roman 12. Obrigado.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Encore et toujours



O leitor atento já esperava por isso. Infelizmente, estava ocupado com os detalhes da minha futura viagem para a Inglaterra e acabei deixando passar o dia 30...

É isso, 7 anos da infame derrota. 2557 dias pensando "puta que pariu, perdemos".

Acreditando de antemão nos poderes demoníacos do 30/11, fui para a nossa estréia no torneio de hand com tanta esperança quanto um peru indo para o abatedouro. A esperança não aumentou muito quando eu vi que os nossos adversários ostentavam uma bela camiseta vermelha. Quando eu reparei que o goleiro deles estava com o uniforme da seleção Inglesa, pensei em pedir pro meu técnico pra ir embora. Era perda de tempo, claro.

Já haviamos jogado contra aquela equipe, no ano passado. Perdemos, como sempre. Hoje perdemos de novo, de muito, como de costume. Mas não foi nada épico. Nenhum lance mágico que poderia ter mudado tudo. Nenhuma humilhação suprema. Nada, uma derrota comum, daquelas que acontecem semana sim, semana também.

Fico mais triste pela falta de grandiosidade que pela derrota em si. Mas a vida segue e semana que vem tentaremos perder com um pouco mais de sofrimento.

(PS: eu poderia dizer que o melhor jogador do time deles parecia com o Giggs, o galês que faz o cruzamento do gol do Manchester...poderia também dizer como foi doído me esticar e sentir que não alcançaria uma finalização por cobertura. Seriam apenas detalhes, nada que mereça ocupar o precioso tempo do querido leitor.)

terça-feira, novembro 28, 2006

Tenho medo...

-de técnicas de caracterização de materiais;

-de estar perto do teto de lugares altos;

-de velhinhas comprando legumes no mercado;

-de pegar o metrô no mesmo vagão que alguém de turbante;

-da sujeira incrustrada nos talheres do restaurante da escola;

-de lojas que consertam eletrodomésticos (é sempre bom repetir);

y de otras cositas más...

segunda-feira, novembro 27, 2006

O triste fim do Império Romano - Parte I

Tudo começou quando Julio Cesar decidiu tomar o poder ao final do segundo piruvato. Ele convocou sua tropa de elite, os pirróis, que montaram os ágeis terpenos para ocupar rapidamente a cidade de Roma e impor o novo controle.

Na manhã seguinte, o toque dos triptofanos indicava que um novo governo se havia estabelecido. Obviamente alguns setores da sociedade reclamaram, como as piridinas, sacerdotisas virgens que dedicavam suas vidas à educação dos pirróis e as mercaptanas, vendedoras de especiarias vindas do Oriente.

Essas, em particular, tinham o apoio do general Al-Deído, antigo governador romano do atual Estado de Israel.

domingo, novembro 26, 2006

Derrotas e derrotas

Em geral tendemos a acreditar que uma derrota não é algo muito grave, ou porque se tera uma outra oportunidade de se conseguir a mesma coisa ou por conta daquelas crendices populares terriveis do tipo "Deus escreve certo por janelas tortas" ou "Fecha-se a tampa da caneta mas se abre uma porta".

Delirios à parte, é preciso admitir que existem coisas importantes em que realmente perdemos. De vez, finito, game over sem continue. E é exatamente por esse carater irreversivel que elas se tornam ainda mais importantes, afinal so'se costuma dar valor ao impossivel...

E é nesse tom incrivelmente otimista que eu desejo a todos um bom começo de semana do 30/11.

Da Síndrome de Estocolmo e afins

Passar aspirador de pó no quarto num domingo à tarde pode ser divertido.

sábado, novembro 25, 2006

Pequeno pensamento sobre o passado

Ha' exatos dois anos eu fiz a prova oral para entrar aqui.

Fica a deixa para o caro leitor refletir o quanto mudou nos ultimos 730 dias, quantos sonhos realizou, quantos teve que enterrar...

Eu, infelizmente, não ando com tempo sobrando para fazer uma profunda analise sobre isso. Além do mais, existem dois anos de arquivos ao alcance de um clique para que novamente o querido leitor possa trabalhar um pouco e determinar o quanto eu mudei, quantos sonheis realizei e quantos tive que enterrar. Além das provas, meu computador esta' com um simpatico virus que faz com que ele reinicie a cada pouco. Assim sendo, deixo mais uma citação do Pessoa que retrata bem o momento:


Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.

Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.

Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.
Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado.

(Ricardo Reis)

quinta-feira, novembro 23, 2006

O futuro...

Como todos os anos, no final de novembro a Polytechnique promove um fórum em que diversas empresas e escolas, francesas e estrangeiras, vêm para tentar aliciar pessoas ou simplesmente por marketing.

Estando ainda um tanto quanto longe do final do meu curso no Brasil e sem nenhum interesse em seguir na França no ano que vem, não tinha muito o que fazer no tal fórum. O mundo das empresas não me atrai, não me ajuda em nada saber como é o processo de recrutamento de uma Air Liquide ou Schlumbeger na França. Conversar com alguém de uma universidade sobre um possível doutorado a ser iniciado no inacreditavelmente distante ano de 2009 também parece ridículo.

A parte boa, além da malinha que ganhamos, foi conversar com o professor que a Poli enviou e garantir para ele que meu sonho de voltar pra ajudar o Brasil ainda não morreu. Faltou dizer que eu considero a possibilidade de começar Jornalismo depois da engenharia, mas isso é apenas um detalhe.

domingo, novembro 19, 2006

Misture bem...

Intercalando a leitura das ultimas aulas de organometalicos com um livrinho de sonetos e redondilhas do Camões, me veio a subita revelação:

Seria o "fogo que arde sem se ver" simplesmente metanol?

Ta', eu preciso de férias de novo.

É, eles ganharam

Faltam 45 minutos para o titulo brasileiro do São Paulo. Fica, é claro, uma pontinha de inveja, ainda mais ao lembrar que o ultimo titulo de verdade do alviverde foi a Libertadores ha' belos 7 anos e meio (copa dos campeões e série B não contam, por favor). Com o fantasma da Segundona rondando novamente, acaba surgindo a suspeita de que o Palmeiras possa simplesmente desaparecer algum dia.

Nesse assunto, deixo novamente um texto do Torero, dessa vez vou colar porque precisa da senha para ver na pagina da Folha:

E se seu time acabar?


SONHADOR LEITOR , sonhada leitora, pensemos em pesadelos: pensemos que, certo dia, um imenso tsunami varra a cidade de Santos do mapa. Ou que o Corinthians afunde em dívidas e seja repartido entre seus credores. Ou que o Morumbi seja demolido e em seu lugar se construa um imenso condomínio de prédios de luxo. Ou que o Palaia se transforme no presidente vitalício do Palmeiras. Ou que a Portuguesa caia para a Série C.

Tais tragédias poderiam levar esses times à extinção. E aí finalmente chegamos à grande pergunta: "O que você faria se seu time acabasse?".

Sim, porque um dia ele vai acabar, assim como acabaram os gloriosos Ypiranga e Germânia, clubes que, nos tempos de antanho, eram tão grandes quanto eram os grandes de hoje.

Pensei nesta questão principalmente por conta da tradicional e querida Portuguesa, que caiu para a segunda divisão no Paulista e pode cair para a terceira no Brasileiro.

A simpática Lusa pode continuar nessa queda até que o haraquiri de seu departamento de futebol seja a única saída. Então, melancolicamente, ela se transformaria apenas num clube social.

E isso pode acontecer, num longo prazo, com qualquer um dos grandes. Nesse caso, o que seus torcedores fariam?

Acho que alguns iriam torcer justamente para seu maior inimigo. No começo, com certo pudor, mas depois com verdadeira paixão e desavergonhado amor. Torcedores que sempre olharam para o outro lado da arquibancada com inveja, agora, libertos da obrigação de fidelidade, empunhariam a nova bandeira ainda com mais amor do que empunhavam a primeira.

Esses torcedores seriam como o Jacó da Bíblia, que primeiro teve que se casar com Lia e só depois de mais sete anos de trabalho é que finalmente pôde se casar com Raquel, seu verdadeiro amor.

Seriam como o marido que larga a aborrecida mulher pela apaixonada amante.
Mas imagino que haja mais dois tipos de torcedores. O primeiro, ressentido e magoado, tímido e temeroso, passaria a torcer por algum clube pequeno. Na impossibilidade de repetir o grande amor, ele se contentaria com um afeto pequeno, discreto e confortável, do qual esperasse pouco e que não lhe exigisse nada.

Mal comparando, esses torcedores seriam como aqueles divorciados que vão morar numa quitinete e passam a ter namoradinhas de quando em quando. Ou então recorrem ao serviço de gentis profissionais que quinzenalmente lhe vendem umas migalhas de amor. E há, por fim, o torcedor que, uma vez enterrado seu time, nunca mais iria ler, ouvir ou falar sobre futebol.

Aquele que amava seu clube com tanto ardor que ele não era apenas seu time, mas o próprio futebol. Esses seriam os viúvos inconsoláveis, aqueles que preferem a memória de uma mulher à presença de todas as outras, aqueles que amam eternamente. Estes, pensamos que somos todos.

Mas eles são bem poucos.

sábado, novembro 18, 2006

17

A história já é meio antiga mas eu esqueci de postar da Itália.

No vôo Paris-Roma, tomamos um avião da Alitalia, com suas poltronas inacreditavelmente verdes. Sentei no meu lugar, lá pela fileira 16, e aguardava, impaciente, que os franceses encontrassem logo seus assentos. Um menino francês vira então para seus pais mãe e fala, "olha, eles não tém a fileira 17". Silêncio da parte dos adultos. O franchuquinho então, usando seu brilhante cérebro dedutivo, exclama "ah, só pode ser para que o avião pareça maior".

Mas o pequeno não tinha razão. O 17, na Itália, é considerado de mau agouro, assim como o nosso 13. Segundo a Wikipedia, é porque 17 em romanos é um anagrama de "eu vivi" em latim (XVII e VIXI, respectivamente), e assim o 17 passou a ser associado com a morte.

Se eu fosse o pai da criança não saberia dar essa bela explicação envolvendo línguas mortas, teria dito algo assim:

"Então, meu filho, os italianos acham que o 17 dá azar. Na copa de 90 eles perderam nos pênaltis e foi o número 17 que errou. Na copa seguinte, eles resolveram dar os números para os jogadores de acordo com a ordem alfabética e o Baggio (cujo prenome é Roberto) ficaria com o famigerado número. O que a sabia federação italiana fez foi deixar o número de todos na ordem alfabética mesmo e o craque com a 10. Como vocé sabe, o pseudo 17 perdeu o pênalti.

Em 98 eles foram eliminados nos pênaltis de novo, mas o 17 nao fez nada de mais. Em 2002 eu não vi eles perderem da Coréia (maldita copa do outro do lado, é sempre bom dizer) mas também não teve nenhuma influência. Quando eu estava em Berlim em 2006 a primeira coisa que eu pensei quando acabou a prorrogação foi "quem é o 17, meu Deus?". Era o glorioso Simone Barone, que só entrou em campo em um jogo (contra a Ucrânia), que seu pai não viu porque estava fazendo churrasco com o dinheiro do governo francês.

E é por essas e por outras que não tem poltrona 17".

Talvez ter um filho não seja tão má idéia assim. Talvez ter uma vaga de comentarista na tv supra essa necessidade.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Vai mal...

Conversando sobre um filme chileno que foi bastante premiado uns anos atras, percebi mais uma vez que o futebol tende a dominar o resto do meu cérebro. O filme em questão chama "Machuca", mas toda santa vez eu falo "Pachuca", que é o nome de um time bizarro do México.

é bem verdade que tanto o filme quanto o time são bem desconhecidos, assim o leitor tende a acreditar que isso não é nada de mais. Bem pior foi o dia que eu quis lembrar a marca dos carros do 007 e falei que eram...Aston Villa!

é como disse São Paulo naquela carta aos corinthians: "Ainda que eu tenha o Dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver amor, nada serei."

terça-feira, novembro 14, 2006

"O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor. " (Ricardo Reis)

Provavelmente a grande graça do esporte e que motiva tantos bilhões de pessoas a interromperem suas atividades para ver uma bolinha indo de um lado para o outro (sob diversas versões, batendo nela com os pés, com as mãos, com raquetes, tentando acertar alvos no fundo ou no meio do campo, individualmente ou numa equipe, etc.) é a eterna possibilidade de recomeço. Sempre existe a próxima rodada, o próximo turno, o campeonato seguinte. É a esperança que renasce a cada semana sem grandes esforços.

É essa esperança renovada que nos permite acordar numa segunda-feira fria e pensar, "tudo bem, estou 6 pontos atrás do XV de Piracicaba, faltam 3 rodadas. Tudo vai dar certo e nós vamos subir para a série B3. Mas se não der, ano que vem tentamos de novo".

Com esse espírito, fizemos um coletivo na última segunda. Eu como goleiro da equipe 5, tendo como adversários os poderosos da equipe 1. Sim, um treino um tanto quanto desequilibrado, o melhor time contra o pior. E, num desses milagres que só o esporte proporciona, nós vencemos.

Há que se dizer que eles estavam usando um tipo suicida de defesa, algo irreal. É a velha máxima popular sobre treino e jogo, sem dúvida. Mas eu acho que o nosso sucesso veio dos clichês. Senão vejamos:

Nós estavamos de colete azul e eles de vermelho. Eles são mais altos, mais fortes e falam russo! (Sério, tem dois caras no time deles que fizeram estágio em São Petesburgo). O meu time é composto de gordinhos, nerds, tortos, caras de óculos (estou de fato falando do time inteiro, não só de mim). Jogadores desacreditados pelo técnico salvaram suas imagens, goleiro defendeu um pênalti, tudo de acordo com o script.

Foi uma vitória hollywoddiana, admito. Mas foi tão bom...

domingo, novembro 12, 2006

Analogia apocalíptica

Pense, querido leitor, em quantos jogos de videogame o senhor já experimentou. Selecione agora o subconjunto dos jogos que você terminou (zerou, venceu, acabou, whatever...). Agora restrinja ainda mais, deixe apenas os jogos que você terminou logo na primeira tentativa.

Bem, se sobrou alguma coisa é sinal de que você é muito forte, ou joga apenas jogos estûpidos ou quem sabe ambos. É perfeitamente normal e aceitável perder em algo que não se conhece completamente, ninguém pode ser criticado por isso.

E se você tivesse que jogar algo imensamente mais complicado que qualquer programador jamais poderia conceber, do estilo "simule e controle um planeta por 2 milhões de anos". Para piorar, você não teria poderes absolutos sobre tal planeta ou a companhia de toscos seres com inteligência artificial limitada: seria na verdade necessário interagir com alguns bilhões de jogadores, cada um mais tacanho, mesquinho e ignorante que o outro.

Pois bem, nesse contexto quais seriam as suas chances de vitória? Eu, otimista como sempre, cravaria minha aposta no "0%".

É isso que eu acho que vai acontecer com a humanidade. A gente vai explodir a Terra não por maldade de cientistas russos, mas sim por pura inépcia. Ninguém sabe quais são as regras, ninguém entendeu o jogo, como diabos alguém pode ter esperança que a gente vai se safar no final?

Enquanto o game over não vem, acho que dá pra fazer carreira na indústria petroquímica. Minhas previsões garantem que a Terra acaba antes do petróleo...

sábado, novembro 11, 2006

Delegando...

Ao invés de postar, deixo apenas um link: http://blogdotorero.blog.uol.com.br/

Leiam ao menos o texto do dia 09/11. Sensacional.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Que complementa o anterior

Futebolzinho noturno contra franceses da periferia que vieram até a escola para jogar com a gente, uns conhecidos do Michael.

A equipe latina vence tranqüilamente por 9 a 4 quando seu goleiro, este que vos fala, pensa que talvez ele seja meio exagerado, que não necessariamente a vida é um vale de lágrimas, derrotas contra equipes que só sabem cruzar a bola na area e outros tipos de fracasso. Vejam só, estávamos nos vingando de 98, 2006 e ainda sobrava um gol a nosso favor.

O fato é que a partida terminou 14 a 12. Para eles, claro, porque o autor pode até ser um pouco paranóico, mas que não tem sorte, não tem.

terça-feira, novembro 07, 2006

Que eu gosto de dar uma dimensão épica a cada uma de minhas inumeras partidas de handball não é novidade nenhuma. Porém, fazia tempo que não acontecia nada de relevante.

O goleiro bom não foi treinar ontem, então o técnico ocupou o que seria o meu lugar e eu pude jogar com a equipe boa. Deveria ter sido um massacre nosso, mas os caras não estavam muito inspirados. Tudo ia bem até faltarem 30 segundos para acabar o jogo. Venciamos por um gol de diferença, ultimo ataque. Uma defesa minha e a vitoria seria nossa. O cronometro avança inexoravelmente, eles se precipitam, arremessam de qualquer jeito e eu consigo espalmar.

Mas...

A bola sobra na mão do pior jogador da Polytechnique inteiro, talvez da França. O coitado é um mongo, o jogo estava ganho. Todo o time deles grita para o maluco tentar o arremesso, ele joga mal e eu, sem muitos problemas, defendo de novo. Pronto.

O problema é que a bola pegou no meu braço, desceu, pegou no meu calcanhar e entrou. Eu praticamente fiz o gol contra do empate...

Todos ja' viram um filme em que o garotinho estranho vence a partida no ultimo segundo de modo espetacular, passa a ser querido por todos, descobre que a menina popular da escola gostava dele e tudo termina bem.

Faltam filmes sobre goleiros...

domingo, novembro 05, 2006

Seguindo

Elegemos um "novo" presidente, a Europa teve um mega blecaute, condenaram o Saddam, Israel ta' bomberdeando a Faixa de Gaza e o Sharon esta' para morrer, o Palmeiras se afunda e o São Paulo ja' é o campeão.

Nada de muito bom mas também nada de muito surpreendente nas noticias que eu perdi na semana de férias, salvo talvez o blecaute. A vida vai seguindo seu rumo, retornando à normalidade.

Da Italia ficam a saudade dos sorvetes e um sentimento de saciedade em relação à necessidade turistica incontrolavel e inexplicavel de visitar igrejas antigas.

Mais uma segunda, mais um novo mês, menos dias até o retorno ao Brasil. Tudo vai indo, tudo sempre vai indo.

José, para onde?

sexta-feira, novembro 03, 2006

Jair Picerni?

Sim, eu sei, estou em Florença e deveria comentar como é belo o Duomo, como os sorvetes italianos sao gostosos ou como sao deslumbrantes as paisagens toscanas.

Mas nao, isso sao assuntos secundarios e um leitor imaginativo pode muito bem completar as lacunas na descriçao. Visitamos museus, igrejas, tiramos fotos de paisagens, essas coisas todas.

Infelizmente chega um momento em que é preciso dizer "puta, as férias estao acabando, preciso voltar ao mundo real". é nesse instante entao que vc abre o uol e percebe que o Palmeiras voltou a ser dirigido pelo Jair Picerni!

Ele ja' tem experiencia em nos tirar da Segundona, acho que a escolha foi nesse sentido...Aposto com qualquer leitor interessado que o time alviverde sera rebaixado daqui a seis rodadas. Valor da aposta a negociar.

Posse do Lula, Palmeiras na Segundona, eu entrando na poli...Volto a insistir que a vida tem um periodo de 4 anos e que tudo sempre se repete. Da primeira vez como tragedia e da segunda como farsa, como diria o barbudinho.

Indo agora para Veneza...Ja fiz a minha cota de museus e igrejas italianas antigas, ja' ta' batendo a vontade de voltar para casa.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Maiores informaçoes

Chegamos no albergue bizarro outra noite e os franceses estavam la. Uma mina loira, um magrebino e outro maluco. Assisitndo alguma coisa mais bizarra ainda num laptop. Porra, ladrao nenhum do mundo assiste filme em laptop em viagem para o exterior...Estava tranquilo.

Deixamos claro que falavamos frances (o tiago pedindo para passar na frente do filme para poder ir no banheiro, eu simplesmente rindo do mesmo (o filme, nao o tiago)), mas felizmente nao tivemos que fazer muito contato com os gauleses. Fingimos dormir para ouvir alguma coisa, nada de relevante. A vida segue quase tranquila.

Acabamos de visitar as coisas de Roma, andamos por ruinas e mais ruinas, igrejas e mais sorvetes, atè chegar finalmente a hora de partir para Florença. Bem, esse aqui deveria ser o primeiro post do dia, mas a ideia do outro era melhor...

Estamos num quarto para duas pessoas agora, entao a chance de roubo durante a madrugada esta bem melhor. O albergue é mais limpo, mais simpatio e com cara de albergue, finalmente. Parece que alguem ouviu as preces de que um albegue nao precisa necessariamente ser bizarro, hippie, alternativo e estranho. O cafè da manha deve ser nulo e so tem um banheiro para 10 pessoas, mas eu ja venho de uma terra onde banho é raro, esta tranquilo.

Saudaçoes fiorentinas...

ps: comprei uma camiseta do Buffon. Tinha do Materazzi, mas so tamanho pequeno, merda.

Enfim...

Outubro de 2004. Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo. Aula de Fisica II, professor internacionalmente renomado para sua exposiçao para falar um pouco de besteira. Ele cita entao uma igreja de Florença que funcionava como cemiterio e onde estava o corpo do Galileu.

Naquele instante pensei, "porra, se eu nao for pra França no ano que vem, nunca vou conseguir ver essa tal igreja".

Pois bem, passei la hoje. E, alèm do Galileu e do Fermi, la esta também o Maquiavel...

é, justificam mesmo.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Roma...

Bom, nesse exato momento estou numa lan house bizarra em Roma numa avenida perto do albergue. A gente estava num albergue mas deu problema no encanamento, mandaram a gente pra um outro...O outro é bizarro que o primeiro, sendo que o primeiro chamava Asterix e tinha uma bandeira dos Estados Unidos como cortina...Bem, explodiu um cano do banheiro desse albergue e tivemos que mudar para um outro. Agora estmos dividindo o quarto com um casal frances.

Quando o cara do albergue nos avisou que eles eram franceses, a gente comecou a inventar historias. Falar que falava frances ou esconder pra ouvir historias? Impossivel mentir, tinha coisa demais denunciando, a começar do guia de Roma emprestado da bibloteca da X. Pensamos em fazer uma historia alternativa, que a gente era estudante no brasil e tava de ferias aqui. O problema e a necessidade de inventar mentira é que a X é escola de burgues e os caras que estavam no nosso quarto tinham um nome africano bizarro e vinham do bairro mais pobre de Paris (isso a gente leu na etiqueta da mala, hahaha). Vai que eles roubam a gente? Vai quel eles pegam nossos orgaos ou simplesmente dao um couro nuns polytechniciens?

No final a gente decidiu falar toda a verdade, era o unico jeito de ter uma historia sem furos...

Mas na verdade mesmo os franceses chegaram quando a gente ja tava dormindo e nos saimos de manha hj antes deles acordarem...Anti clmas total.

O primeiro albergue tinha "cafe da manha" mas na verdade era so leite, suco de laranja, manteiga egeleia (tinha acabado o pao quando fomos comer). No segunod albergue nao tivemos coragem de tentar comer hj de manha pq um dos funcionarios era um negao gigante, meio viado, que tentou abraçar eu e o tiago...melhor ficar sem comer que ser a comida, hahahah.

Ja vimos o coliseu, a basilica de sao pedro...Nao deu pra ver o padre alemao maldito, amanha vamos terminar de ver as coisas romanas antigas. Nao jogamos moeda na fontana di trevi, nao vamos retornar a ROma, hahaha. è uma bela cidade, no entanto.

Andamos igual dois camelos, tomamos um pouco de sorvete e comi um penni 4 formaggi...Nada mal.

Iòpressoes, comentarios mais profundos, interaçoes com franceses bizarros e afins nos proximos capitulos da minis2rie "dois sobreviventes brasileiros no Lacio".

ps: pensando bem, isso aqui vai virar post, hehehehe.

sábado, outubro 28, 2006

Destinazione: Italia

Não é segredo para ninguém que o unico objetivo de um programa de diploma duplo é conhecer a Europa gastando somente as economias da bolsa que os proprios europeus te pagam.

Portanto, tenho a honra de anunciar que parto hj em direção da Cidade Eterna, do centro da humanidade, da terra dos Césares, da pizza e do Materazzi. (Pensando bem, o caso Materazzi deu em pizza e todo imperador é, no fundo, um quarto-zagueiro açougueiro frustrado.)

Minha irmã uma vez disse que provavelmente eu teria sido mais feliz se tivesse feito o intercâmbio no lado de la' dos Alpes do que aqui. A vida é isso, se eu fosse goleiro do Botafogo, dissesse não ou fugisse com a Doralice para Londrina tudo também seria melhor.

Atualizações do blog sempre que possivel, esperando que eu não seja testemunha ocular de uma nova erupção do Vesuvionem um tsunami que varra Veneza do mundo.

Arrivederci!

quinta-feira, outubro 26, 2006

Era para deixar aberta, Pandora!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Inutilidade

Não existe nada mais inútil que torcer num jogo de futebol. Admita, caro leitor fanático, como diabos o seu sofrimento e desespero pode de algum modo alterar os rumos do destino?

Eu pensei em dizer que torcer era quase tão inútil como rezar, mas por respeito às minorias religiosas achei melhor deixar a frase assim, no limbo entre o dito e o não dito.

Existe, é claro, um dégradé de inutilidade (observação inutil: eu acho que os franceses preferem dizer "continuum" do que "dégradé" nesse caso). Por exemplo, torcer no campo ainda tem lá a sua função, o seu grito e a sua presença podem, com sorte, dar uma dose extra de motivação para algum jogador.

Torcer pela televisão já começa a se aproximar da barreira perigosa da inutilidade total. Alguém suficientemente crente ainda pode dizer que ver o lance ao vivo ao menos reconforta. Que assim seja.

Existe ainda o infeliz que acompanha pelo rádio e fica à mercê de narradores inescrupulosos ("a bola passou tirando tinta da trave" para aquele chute que quase sai na lateral), além de exigir concentração, criatividade e imaginação acima da média.

No limite da vida inteligente está o torcedor de video-tape. Acredite, leitor cético, existem pessoas que torcem ao ver os melhores momentos...Claro, a pessoa não pode saber de antemão o resultado do jogo, isso jogaria toda a experiência no lixo (vide o maldito gato de Schrödinger).

Creio que, com os avanços da tecnologia, ninguém mais se encontra nas condições do último paragrafo. Todo mundo sempre sabe os resultados em tempo real, estão todos conectados, blá blá blá. Eu mesmo me lembre de ter feito isso apenas umas poucas vezes na minha infância, ainda mais que hoje em dia a Globo monopoliza o futebol. (não mais, acabei de me lembrar que a Record agora também passa. Bom, considerem esse texto como o de um homem congelado no tempo). Enfim, não existem mais compactos de Corinthians e Juventus no Pacaembu começando assim que o jogo termina, na Band. Tristes tempos.

Em todo caso, esta noite acontecerá o último jogo importante do ano. Depois de Itália e França, o primeiro jogo que eu digo "esse eu não posso perder nem morto". Palmeiras e Corinthians numa luta fratricida para evitar o rebaixamento. E eu do lado de cá do Atlântico, com uma conexão via internet com a Jovem Pan. Que chega, por motivos fisicamente básicos, com uma certa defasagem...

Que Ele tenha piedade de nós.

domingo, outubro 22, 2006

O fim

Há uns bons 7 anos disputei meu último campeonato de xadrez na escola. Eu era, sem falsa modéstia, um dos melhores jogadores da referida escola de periferia, o que não quer dizer muito e nem permitiu que eu fosse campeão alguma vez. Pois bem, naquele sábado eu teria minha última chance.

Tudo ia bem até a semifinal, quando cruzei com um japonês que jogava no mínimo no mesmo nível que eu. Seria uma partida difícil, uma espécie de final antecipada. Dei azar no sorteio (nunca gostei das pretas, sem racismo, por favor), fiz duas merdas tremendas e em uns dez lances perdi o jogo. Incrível. Ou não tão incrível, se considerarmos que de todos os inúmeros torneios de alguma coisa que eu já participei a única vitória foi num bizarro campeonato de handball de areia...

Fiquei uns instantes olhando para o tabuleiro, aquele mate estúpido, a derrota, a certeza de que nunca mais eu teria outra oportunidade, o fim daquele pequeno sonho infantil. Acontece com todos, por que seria diferente comigo?

Nenhuma comparação, evidentemente, é possível com a aposentadoria do Schumacher. Digo, sem vergonha, que eu curto o alemão. Ele é tremendemante sem coração (vide episódio em que correu e venceu logo depois da morte de sua mãe), sem escrúpulos (vide jogar o carro contra o Villeneuve em duas oportunidades) e sem carisma (não me ocorre nenhum bom exemplo agora, mas vocês entenderam a idéia). Um mega campeão "do mal", com um carro vermelho, sem a menor condição de arrebatar uma legião de fãs. Um bom souvenir dos tempos em que eu admirava esses povos nórdicos e frios.

Hoje assisti a uma corrida de Fórmula 1 pela primeira vez em uns 3 anos. Não poderia deixar de torcer por um pequeno e derradeiro milagre para o campeão germânico. Não veio, uma pena. Ele, no entanto, diz adeus tendo conseguido tudo aquilo que era possîvel ganhar. Menos, é claro, o respeito e a admiração unânime que justificariam uma alcunha do gênero "O Pelé do Automobilismo".

sexta-feira, outubro 20, 2006

"O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão."

A idéia de vir para a França estava relacionada a uma tentativa de se aproximar do teto do mundo, no sentido figurado. Existem cientistas premiados e existem prêmios Nobel, existem pessoas ricas e bilionários, creio que é bastante claro que vale a pena fazer um esforcinho para nos aproximarmos dos segundos...

Porém, tendo visto o auge, o limite inalcançável, sinto que falta alguma coisa, não é simplesmente a proximidade com a elite que traz automaticamente a tão rara felicidade. A grande lição, ao menos para mim, é que tanto se pode ter bons momentos comendo uma pizza numa sexta à noite em sua casa quanto fazendo pesquisa científica de ponta.

Alguns idealistas certamente ficarão chocados e até mesmo decepcionados com essa minha visão pessimista. No entanto, mesmo se apenas vislumbrei o cume num relance, já fiz a minha escolha.

Com bastante cebola e bordas recheadas, por favor.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Ah, o futuro...

Quando eu tinha meus 8, 9 anos, a Bandeirantes passou um campeonato de futebol dente-de-leite . Jogos em Vinhedo, aos sabados de manhã, tosquissimo.

Acredito que o Palmeiras foi o campeão, não tenho certeza. Me lembro, no entanto, que a graça do torneio era ver se surgia ali, se não um novo Pelé, um novo Romario, que fosse. Os jogadores tinham mais ou menos a idade da minha irmã (26, 27 anos hj em dia). Quem daquela geração ainda existe pelo mundo da bola?

Bom, eu nunca acompanhei muito de perto, mas tenho quase certeza que o artilheiro daquela competição se tornou nada mais, nada menos que Thiago Gentil...Talvez fosse outro T(h)iago, nunca se sabe, mas eu tenho a impressão que era o mesmo. Um jogador completamente desconhecido para o não-palestrino ou não maniaco por futebol. Um cara comum, com manias irritantes e futebolzinho mixuruca. Perambulou pelo Nordeste, Kuwait, Guarani, esses times assim...Não sei onde foi parar a figura.

Mas outro garoto que me chamava a atenção era um certo Tigela. Apelido infantil, claro, é absurdo esperar que um Tigela virasse profissional. Ainda mais como médio-volante, por Deus do Céu. E o Tigela, reserva e discreto atleta daquele time, foi ficando no Palmeiras até ser descoberto por um certo Luis Felipe Scolari...

De Tigela passou a Taddei, Rodrigo Taddei, nome de ator coadjuvante de novela das 7. E o tal Taddei até conseguiu um pequeno milagre, fez dois gols numa semifinal de Copa dos Campeões contra o Flamengo em 2000 (ultimo titulo de "primeiro escalão" do alvi-verde, alias...Unico titulo do Murtosa como técnico tb, mas deixa isso de lado).

Bom, terminando a historia...O Taddei foi para o exterior, jogou no Siena e agora é lider do meio-campo da Roma. Confesso que não vejo uma partida dele ha' uns bons anos, não sei o que aconteceu com nosso pequeno Tigela. Achei, por acaso, esse video hoje:



Tigela neles!

quarta-feira, outubro 18, 2006

Quarta-feira

Eu acredito realmente que o pior dia possivel da semana é a quarta, primeiro por ser o mais distante possivel do fim-de-semana e segundo por considerações metafisicas. Admiro ha' bastante tempo o sistema de educação infantil francês, as crianças têm folga na quarta e repõem no sabado (não tenho certeza da parte da reposição, mas a folga existe sim, afinal toda semana vemos milhares de enfants de militares invadindo a escola).

Algumas quartas são razoaveis, outras simplesmente neutras. Algumas têm futebol, outras Winning Eleven. Mas hoje...

Eu achava que o ponto alto do dia seria ver uma palestra do CEO da Microsoft, dono de uns meros 13 bilhões de dolares. Interessante, pero no mucho. E no meio da noite, a revelação: o videogame que nos compramos em uma vaquinha chegou!

é um game cube, nada muito avançado, mas pagamos ridiculos 20 euros cada um por algumas horas de diversão com Mario Kart. Como eu sou o unico que tem televisão, vou ter que cuidar da criança...

terça-feira, outubro 17, 2006

Nota mental

Quando eu for professor, não segurar os alunos além do horário regulamentar. Se possível, liberá-los com uns minutinhos de avanço.

Digo isso porque às terças eu tenho aula com as duas correntes ideológicas, o professor de quimica, tranqüilo, que dispensa mais cedo depois de ter dado toda a matéria (isso é fundamental) e a neurótica galesa professora de inglês que ameaça "vocês so vão sair quando terminarem esse exercício".

Matei a aula de inglês hoje, diga-se de passagem, por motivos evidentes. Seria o debate de um chatíssimo filme inglês dos anos 40, assisti ontem e não entendi nada. Aliás, fica aqui uma dica: assista a um filme britânico em que 1/3 das falas são em alemão com um casal francês falando sem parar ao seu lado. Se você fala ao menos um pouco das 3 linguas o efeito é bem melhor. É evidente que o filme não deve ter nenhuma legenda, isso seria trapacear.

Tudo isso para postar o link seguinte, especialmente pra vc, Ju: http://www.insite.com.br/art/pessoa/cancioneiro/195.html. Pessoa com sotaque português é o que ha'.

domingo, outubro 15, 2006

Tirando a velocidade da luz, ...

1- Fazer compras para um churrasco de 50 pessoas com uma equipe multinacional (um chileno, um espanhol e um franco-venezuelano)

2 - Explicar a matéria para um amigo.

3 - Apresentar para uma autoridade militar, vestido com um uniforme do século XIX, um estágio feito em Paris .

4- Comer uma carne decente.

5 - Sair de casa com o passaporte no bolso.

6 - Perder tempo decorando a seqüência dos elementos na tabela periódica.

7 - Perder tempo decorando a posição dos metais de transição.

8 - Ver um joguinho de futebol no domingo à tarde.

Entre coisas banais e outras mais banais ainda, digo apenas que a fronteira entre coisas comuns e extraordinárias é muito mais tênue que a entre pares e ímpares...

quinta-feira, outubro 12, 2006

Quando as obrigações pululam e a vontade de trabalhar tende a zero, aumenta a possibilidade de se jogar MUITO tempo fora fazendo coisas inuteis. Hoje à noite comecei a reler O Blog, pela enésima vez. Autor egocêntrico é uma merda.

Antes da Copa, escrevi o seguinte:

"Um mês de dramas, sofrimentos, injustiças, vitórias edificantes e momentos imortais se aproxima... Aproveitemos, meus caros, e que vença o melhor.

Não, esse final é muito chavão. Que vença aquele que lutar mais (muito gaúcho...). Que vença o mais capaz (também não sou nenhum entusiasta da meritocracia). Que vença um país oprimido e roubado pelas potências tirânicas neo-liberais que ...(não, já abandonei meu marxismo em alguma curva por aí).

Ok, que vença qualquer um menos a França, beleza?"

Comentario de meu querido pai:
"Fique tranquilo, com esse timinho mais a idade de Zidane os azuis nao irão longe."

é, pai, nessas horas é facil perceber da onde herdei a minha incrivel capacidade de fazer previsões furadas, hehe.

(So' para constar, escrevi o seguinte tb: "Acho que é aquele apego meio fajuto pelo que tem algum sucesso (bater o Togo é um sucesso? discutivel...) mas eles se encheram de esperanças e ja' falam de nos eliminar e jogar a final." antes do França e Espanha...)

20.000

Incrivel, meus caros, a marca de 20.000 leitores esta' logo ali, devera' ser alcançada amanhã ou sabado. Mesmo esquema que no caso dos 15.000, clique no grafico à esquerda, acima dos links, se vc for o 20.000° (sabe deus como se pronuncia esse numero) e puder prova-lo com um print screen recebera' um exclusivo e original prêmio (dessa vez é sério).

Eu defendo a teoria de que, se Deus existe, o que Ele fez foi definir o comportamento físico do Universo, depois apertou o "play", cruzou os braços e ficou olhando. Um buraco evidente dessa teoria é que Ele, onisciente, não ganha nada olhando eventos que Ele sabe que vão ocorrer, mas isso não é um defeito novo, nenhuma explicação com uma entidade onisciente e onipresente pode realmente fazer sentido...

Por "comportamento físico" eu quero dizer as leis básicas que regem cada um dos fenômenos deste Universo. Isto é, aquele tipo de coisas como "matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado da distância", mas que na verdade não é bem assim, primeiro porque o Newton estava errado e segundo porque é um tanto quanto simplório acreditar que uma mera equação seja a explicação de um fenômeno. Ela é mais uma tradução matemática que qualquer outra coisa e nem pretende ser mais do que isso. O próprio Newton tinha uma frase a respeito disso, que ele se preocupava mais com o "como" do que com o "por que", dai o sucesso de tudo que ele descobriu.

Bom, voltando ao dia em que Deus teria definido as regras. Ok, "dia" não é bem o termo porque a Terra não existia, blá blá blá. Um pouco menos de rigor e vamos em frente.

Deus teria dito: "que sejam então 4 forças fundamentais (gravidade, eletromagnetismo, fraca e forte)". Ele cofiou sua longa barba, pensou melhor, "e que o Corinthians sempre perca dos argentinos"; era isso. Ele podia agora sentar-se em Sua poltrona preferida e assistir à miséria dos tempos como fazemos com um bom e velho filme que já vimos milhares de vezes...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Mudanças de rumo...

Numa daquelas conversas que não levam a lugar algum, pensei num bom assunto para o post de hoje: Palmeiras e Asa de Arapiraca, 20/02/2002. Seria um belo post dramatico/depressivo. Encontrei, inclusive, algo assaz engraçado: http://miltonneves.uol.com.br//radio/jornal_esportes.asp, "audio 3", Narração do Locutor de Arapiraca, na parte mais baixa da pagina.

O argumento era simplorio. E' facil associar um periodo de 4 anos à vida na Terra, afinal seu principal evento, a Copa do Mundo, tem essa freqüência. Existem, ainda, eventos subsidiarios para embasar essa tese, como Olimpiadas, anos bissextos, eleições, etc.

Procurando um video para ilustrar essa derrota tão impressionante, encontrei isso: http://youtube.com/watch?v=pgYFbrrqrKk. Peço ao leitor preguiçoso que faça um esforço e visite ao menos esse link.

Ao leitor ainda mais preguiçoso, vou me dar ao trabalho de explicar; maio de 99, certamente o mês mais impressionante da historia desse time alvi-verde. Acho que é ilustrativo dizer que meu pai, nessa época, chegou a visitar um cardiologista, preocupado em ter um piripaque em alguma dessas decisões...Depois de eliminar o Corinthians nos jogos que mudaram a vida de um certo jovem goleiro chamado Marcos, enfrentou o Flamengo no Rio e perdeu, 1 a 0, gol de Romario (ele bateu um pênalti, o possuido goleiro defendeu mas no rebate ele marcou). O time perdeu em seguida para o River Plate, na Argentina. Eram jogos às quartas, sextas e domingos, algo desumano...

Parecia que tudo estava degringolando, em São Paulo os cariocas venciam por 2 a 1, faltavam 15 minutos e precisava-se de 3 gols. O resto do jogo seguia a sequencia habitual, o desespero de se colocar um ponta no lugar do lateral, um gol aos 35 para dar aquela vã esperança que nos mata e não leva a lugar nenhum, mas de algum modo o ponta citado, predestinado, marcou mais dois milagrosos gols e o time verde ganhou.

Ok, muito bonito. A parte triste da historia é que eu, sentindo que a virada era impossivel, subi para meu quarto depois do segundo gol rubro-negro. E não vi, certamente, nem o empate nem a virada. Creio ter visto o quarto gol, mas talvez seja apenas reconstituição de uma memoria falsa.

é isso, meus caros, às vezes a vida nos apronta umas belas peças e em outras a gente não coloca esperança nenhuma de se salvar mas no fim da' certo. Infelizmente, nesse caso é um "da' certo" um tanto quanto amargo pelo remorso de não ter acreditado, mas eu tinha me disposto a fazer um post "para cima".

Pensando melhor, mesmo o video que devia contribuir para a parte "alegre" é um tanto quanto triste por ser um passado completamente enterrado e ao qual não ha' nenhuma espécie de retorno, ao contrario dos fracassos estilo ASA e do rebaixamento que se seguiu naquele fatidicio 17 de novembro de 2002, quatro anos atras, portanto...

"E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto."

PS: esqueçam esse post, fique apenas com o Euler (ou Euller, vai saber se preferes gols espíritas ou oscilações periódicas, eu acabei meu texto e não cheguei a lugar algum).

terça-feira, outubro 10, 2006

...e nunca a pomos onde nós estamos

Aqui na escola existem diversos foruns de discussão dos alunos, em geral com considerações inuteis sobre a vida aqui, ou pedindo informações, vendendo coisas, etc. é o tipo de leitura particularmente agradavel quando se quer matar um bocado de tempo antes de começar a estudar. Destaco duas frases que li hoje:

"enfin je suppose que le gain de sécurité est aussi significatif que le gain de rapidité pour la programmation que nous donnent les superbes QWERTY des salles info."

(o cara estava falando de um pseudo ganho de segurança por causa de não sei o que e disse que é tão grande quanto o de velocidade de programação nos teclados qwerty da sala de computadores...é, bom mesmo azerty)

"Mais le steak ça se mange rouje de toutes façons."

(em todo caso, um hamburger deve ser comido vermelho. Sim, caro leitor, enojada leitora, VERMELHO).

O ser humano é o bicho mais estupido que ja' pisou nesse planeta idiota.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Continuando o assunto...

Postei há alguns dias um comentário sobre a breve biografia de um dos falecidos no acidente da GOL. A Folha, no entanto, vem atualizando seu site com mais e mais informações sobre cada uma das vítimas, como podemos ver em http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126852.shtml

Meu destaque de hoje vai para "Joseane Falcão - analista de sistemas, 29, morava em Manaus, era casada e tinha um filho. Ela era coordenadora de teste de alta tecnologia da Quality Software Ltda., com unidades em Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo."

Que diferença faz onde diabos a empresa em que ela trabalhava tem filiais? Qual a relevância de se dizer isso, hein?

Ninguém é descrito como torcedor fanático da Portuguesa Santista ou como melhor jogador de buraco de Piraporinha da Serra. Não se pode ser "bom contador de piadas, amigo de fato mesmo para as horas complicadas", "grande cozinheiro, sentiremos saudades de seu omelete por toda a eternidade", ou quem sabe "cuidou de seu cachorro doente até o final". Nada. É preciso ser sempre sério, ainda mais quando se tem apenas 5 linhas para se falar da pessoa.

Gostaria de deixar claro que isso não é, em absoluto, uma forma de deboche com os coitados que estavam naquele avião. Esses posts são apenas uma crítica à nossa maneira de encarar a vida e uma forma de luta por obituários mais engrandecedores que "trabalhou na empresa X, ia para Y, morreu sem deixar filhos".

domingo, outubro 08, 2006

Idéias...

Ah, idéias, boas idéias para textos idiotas, como elas são raras de conseguir...

Uma descrição banal de um não muito especial (mas maior do mundo) Salão de automoveis?

Uma analise de "eterno retorno" dos ultimos malditos jogos entre Palmeiras e Flamengo no Parque Antarctica com uma conclusão surpreendentemente feliz?

Um comentario meio viado sobre um poema do Pessoa que eu so' li em francês e que aparentemente não existe na net?

Reclamações sobre a lição de espanhol? Sobre as aulas? Sobre a vida?

Não, caro leitor, comecemos essa semana assim, serena e estoicamente sem dizer nada.

sábado, outubro 07, 2006

Cena do quotidiano

Jovem estudante brasileiro espera o tempo passar em seu quarto pois só é possível lavar roupa nesse inferno de escola enquanto 99,5% das pessoas estão dormindo. De repente, passos no corredor. Muitos passos. Barulhos ininteligíveis, quase assustadores, oriundos de muitas bocas.

Este autor precipita-se em direção à porta e consegue fechá-la antes que os bárbaros tentassem tomar o controle de seu precioso quarto. De volta ao livro para passar o tempo...

Depois de alguns instantes de silêncio, julgo suficientemente seguro sair do quarto. Qual não é meu espanto ao ver um mar de sapatos se espalhando a partir da porta do chinês da minha frente. Um, dois, três, oito pares!

Portas e janelas fechadas. Aparentemente nenhum barulho lá dentro. Não tenho nada com isso, sigo minha peregrinação semanal a Meca, digo, à maquina de lavar e lembro de um aforismo que eu cunhei durante uma fria manhã do meu estágio operário:

"No fundo, é sempre uma família chinesa e suas grandes malas de turistas."

Fico pensando o que diabos eu quis dizer com essa frase e porque a salvei num arquivo rascunho; a título de informação, há uma observação entre parênteses, em francês, que diz: sempre se encontra uma explicação.

O fato é que, se eu tive de fato uma boa idéia, ela ficou perdida em algum ponto do limbo que nos separa do passado. Ah, o tempo...O tempo passa e não fica, nada deixa e nunca regressa...O tempo, tal como o sono, usa armas químicas.

Voltando para meu prédio, encontro o iraniano que largou o handball por problemas respiratórios escondendo um cigarro antes de me dizer boa noite.

É isso, no fundo é sempre um pseudo-muçulmano com problemas pulmonares escondendo seu cigarro.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Tentando agradar corintios e espartanos

Def: Uma relação de equivalência é uma relação binária entre elementos de um dado conjunto. De forma mais rigorosa, uma relação de equivalência em um conjunto X é uma relação binária

que é reflexiva, simétrica e transitiva:

  • x ~ x (reflexividade )
  • Se x ~ y então y ~ x ( simetria )
  • Se x ~y e y ~ z então x ~ z ( transitividade)
Def: Em matemática, dado um conjunto X com uma relação de equivalência ~, a classe de equivalência de um elemento x ∈ X é o subconjunto de todos os elementos de X que são equivalentes a x:

O mote era a incrivel profusão de novos Pelés no Brasil e novos Maradonas na Argentina. Robinho e Ronaldinho Gaucho; Ortega, Aimar, Messi e praticamente qualquer outro destaque "portenho"...é bem verdade que muitas vezes a relação não é de igualdade, que isso fique muito claro, apesar da igualdade ser sim uma relação de equivalência. Deu pra entender? Basta cumprir aquelas três regrinhas e pronto.

Mas o que eu queria realmente falar é que aparentemente existe uma classe de equivalência das meninas certinhas que fazem todas as lições e sentam-se na primeira fileira. Parece ser uma mafia internacional, sempre com seus oculos e seus belos cadernos cheios de exercicios e anotações coloridas. Aparentemente também elas dormem na sala de aula, é a unica maneira de justificar o fato de que elas SEMPRE chegam antes de você, não importa que você tenha programado errado seu despertador ou confundido a hora de inicio da aula.

Finalmente, o que me chamou a atenção e me levou a desencavar esse rascunho de post foi um francês numa aula dessa semana. Cabelo meio estranho, sentado no extremo da fileira das meninas-que-dormem-na-sala, ar de quem entende aquilo que o professor esta' falando assim que tiver vontade...

O triste é que não existem classes de equivalências apenas para nossos idolos ou amigos, mas também para nos mesmos...Isso não chega a ser uma novidade, eu sei, uma das leitoras em particular ja' deve ter ouvido falar o bastante de eus-paralelos nos ultimos n anos...

PS: fiz confusão com o sistema de rascunhos e o mesmo texto se encontra no meio do mês de abril...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Eu tentei mudar esse blog para a versão beta, na verdade nem sei quais as diferenças, não tive tempo de ler...Vamos ver no que que da'.

Tava lendo Borges hj, achei uma frase muito boa...Ok, fora de contexto é meio ruim, mas quando nao se tem inspiração, tudo é valido. O conto é "El inmortal" (sim, conviver com os chilenos têm como beneficio extra e não previsto o acesso a uma enormidade de textos originais, hehe):

"Este palacio es fabrica de los dioses, pensé primeramente. Exploré los inhabitados recintos y corregí: Los dioses que lo edificaron han muerto. Noté sus peculiaridades y dije: Los dioses que lo edificaron estaban locos."

A idéia de deuses loucos fazendo merda com o mundo por pura inépcia, não maldade ou qualquer outro tipo de castigo e julgamento extra-terreno, me parece interessante.

Ou talvez seja melhor acreditar que se existe um Deus ele provavelmente também é um grande fã da maior das criações das suas criaturas, a ironia; e, como se soubesse de antemão que eu escreveria estas linhas, da' apenas um suave sorriso com o canto do que quer que seja Sua boca.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Um blog é, em certo ponto, como uma novela. A historia pode se prolongar ad infinito, de acordo com a vontade do autor, fazendo renascer ou morrer um ou outro nucleo.

A comparação fica ainda melhor quando se associa ao texto o indice das visitas. é dificil não se sentir pressionado por uma curva plutôt ascendente no numero de leitores. A obrigação de escrever umas poucas linhas para tentar manter o canal aberto (a famosa função fatica da linguagem...) nos espreme o cérebro para criar uma historia pseudo-interessante.

Mas tudo que sai são restos de Nutella e outros compostos orgânicos a serem identificados posteriormente por RMN...

(PS: caro leitor perdido que entrou aqui digitando "espectro carbono 13 RMN". Não, eu não posso te ajudar. Bem que eu queria, diga-se de passagem. Obrigado e volte sempre).

terça-feira, outubro 03, 2006

Um dia você recebe uma espada, no dia seguinte você entrega a espada do seu bixo afilhado, um dia química orgânica é sua pior matéria na faculdade, no outro você resolve fazer sua especialização nisso.

Um dia um presidente vindo do povo é eleito com a maior das esperanças, logo depois tem que encarar denúncias de corrupção e a ameaça de não ser eleito, e por fim existe um time verde que é rebaixado certa feita e que tenta repetir a dose na seqüência só para dar uma emoção.

Ou seja, as coisas mudam, mas não tanto. Ou não.

domingo, outubro 01, 2006

Para a primeira segunda-feira de aula do meu ultimo semestre em terras francesas, uma velha citação:

"O bom das segundas-feiras, do primeiro dia de cada mês, e do Primeiro do Ano, é que nos dão a ilusão que a vida se renova...Que seria de nós se a folhinha marcasse hoje o dia 713.789 da era Cristã?"

(em tempo: como a frase é antiga, a folhinha marcaria hoje algo da ordem de 732.000)

Um tanto quanto morbido

Deve estar um inferno no Brasil a cobertura do acidente com o avião do GOL. O que me chamou a atenção foi a breve explicação sobre alguns passageiros que a Folha colocou em seu site (http://eleicoes.uol.com.br/2006/campanha/ultnot/2006/09/30/ult3750u1126.jhtm).

Existem sempre aqueles que pegaram o avião no último minuto, que insistiram para embarcar naquele vôo, que mudaram a data da viagem, bem como aqueles que perderam o embarque por muito pouco ou que simplesmente decidiram que aquela sexta não parecia ser um bom dia para voar.

Bref, as descrições desse site devem ter sido fornecidas pela família, ficando claro como cada uma das pessoas era vista pelos seus mais próximos. Há os que informaram sucintamente a profissão da pessoa, idade e se deixou família ou não, basicamente o que se espera de um obituário simples. Há, no entanto, os super-homens.

Pensemos um segundo no caso do pobre Ricardo Tarifa. "engenheiro agrônomo, Ricardo Tarifa é especialista em Floresta do Banco Mundial. Tarifa viaja freqüentemente para Manaus para acompanhar um projeto-piloto de proteção de florestas tropicais. Mestre em Floresta e Meio Ambiente pela universidade de Yale (EUA), ele trabalhou durante cinco ano no Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, período em que morou na Amazônia e realizou pesquisas. Não tem filhos."

É, seu Tarifa, o que o seu mestrado em Yale pode fazer pelo senhor enquanto o avião despencava? E para que o prazer de divulgar essa bela biografia, de que isso serve quando nem reconhecer as partes do corpo do falecido será possivel?

A culpa não é do Tarifa nem da familia dele, é de todos nos que achamos que viver bem é colecionar títulos e forçar biógrafos do futuro a gastar algumas boas linhas citando-os. Isso pelo menos é a opinião de Bruno Faccini Santoro, 21 anos, graduando em Engenharia Quimica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e Ingénieur de l'Ecole Polytechnique.

Alterando os links...

sábado, setembro 30, 2006

Poder de previsão

Um dia, quando vc tem seus miseros 18 anos, um professor te diz: "a Nova Caledônia é o terceiro maior produtor de niquel do mundo".

Outro dia, alguns anos depois, você descobre que o cara que esta' na roda de conversa com você é da Nova Caledônia. Então, num daqueles momentos de rara iluminação divina que explicam a razão de nova existência, você desfruta do infinito prazer de poder comunicar ao cidadão que você conhece a principal riqueza de sua pequenina terra natal.

E então tudo faz sentido. Depois de alguns segundos de festa da parte dele, ele se da' conta: "mas a gente ja' se conhece, não?". Como essa preciosa informação da Nova Caledônia não havia saido de sua boca nos ultimos 3 anos, é altamente improvavel que seja verdade. MAs ele continua: "você joga PES.." (vulgo Winning Eleven).

Você se lembra, afinal. Alias, vocês se lembram. http://oblog.weblogger.terra.com.br/index.htm. 15/12/2005. Campeonato de PES na escola.

Sim, você perdeu para um neo-caledonense ou coisa que o valha. E nem todo o niquel do mundo trara' aquela chance de volta. Malditos sejam todos os neo-caledonenses...

quinta-feira, setembro 28, 2006

Cenas da vida quotidiana

Um jovem goleiro retorna a seu quarto depois de mais uma tarde de treino (e derrota, como em 98% das partidas de sua equipe). Suado, cansado, acabado e sem a chave, ele tenta abrir a porta e qual não é a sua surpresa ao ver que ela está trancada. Com a chave dentro do quarto!

Ele se dá conta então de que alguém deve ter entrado para cuidar da pintura do banheiro que estava prevista para a semana seguinte. Para piorar, ele se lembra de que estava tão apressado antes de sair de casa que largou as caixas da nova lente de contato espalhadas pelo chão do banheiro e, mais grave, que havia um bunker próximo à porta, formado por calças, meias e cuecas, devidamente reviradas enquanto ele procurava sua calça de treino e conscientemente deixadas espalhadas, "assim que voltar arrumo isso".

Ai...

Ele vai até os bombeiros que, como sempre, dizem que não é com eles. Acha, por sorte, a equipe responsável pela pintura.

Zé Francês: Mas o senhor não tá chateado, né?
Goleiro: Não...
ZF: Pior que isso me acontece muito, quando eu vou sair do quarto não lembro como encontrei e acabo trancando. Ontem mesmo veio um rapaz falar comigo na mesma situação que a sua.
G: Ah, que bom.
ZF: Você é estrangeiro?
G: É, sou.
ZF: De qual país?

O resto do dialogo, sendo trivial, fica à guisa de exercício ao leitor interessado.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Quando você acordar e sua vida parecer um tanto quanto nebulosa, fique tranqüilo: sempre existe a possibilidade que o grupo de franceses de sua escola responsável pelas mensagens de feliz aniversário coladas nas portas dos quartos de todo e cada aluno tenha um pouco de piedade dos que fizeram aniversário durante as férias e coloque a sua mensagem com um atrasinho.

Começando, é claro, por "Cumpleaños feliz". E incluindo o versinho "tesoureiro todo-poderoso do Binet Latino, você espera tomar o poder chileno na faculdade". Pois é, nem se deram ao trabalho de procurar em que recôndito do terceiro mundo eu nasci.

domingo, setembro 24, 2006

Tout passe, tout casse, tout lasse

Depois de um séjour pela Terra Brasilis, é chegada a hora de voltar para a França e de abusar do itálico.

O fato é que a gente se acostuma com tudo nessa vida, de andar sem pisar com o calcanhar a ver o time do coração ser rebaixado diversas vezes.

Um novo ano começa (obrigado, calendário europeu bizarro) e com ele a velha esperança de se dedicar mais, de aprender muito, tornar-se alguém e, de quebra, conquistar o mundo como conseqüência. É claro que dentro de poucas semanas o único exercício de otimismo vai ser ficar acordado de madrugada para ouvir jogo pela internet, mas sempre é bom manter uma chaminha acesa.

O Primeiro Mundo não me aguarda, o Terceiro não vai sentir tanto a falta assim. Em todo caso, on y va...

quarta-feira, setembro 20, 2006

Pesquisadores americanos recentemente descobriram...

18 razões por que as tecnologias falham
Veja lista com os principais motivos pelos quais as tecnologias falham, na visão do professor Frank Bannister, da irlandesa Trinity College.

(Essa lista não foi inventada por mim, garanto. Segue a prova em http://computerworld.uol.com.br/gestao/2006/09/19/idgnoticia.2006-09-19.6396968670/IDGNoticia_view)

1) Não funcionam (ou não funcionam bem) (pois é, achei que esse era o problema, não a causa...)

2) São vendidas em excesso (sorte de quem lança, é uma merda e aí faz sucesso!)

3) Não são confiáveis (vide número 1)

4) Falham em atingir massa crítica (como para mim massa crítica só se aplica em níveis tecnnológicos quando falamos de reações nucleares, vou pular esse ítem)

5) São lançadas precocemente

6) São lançadas tardiamente (que tal reduzir para "são lançadas no momento errado"?)

7) Demandam vastos investimentos (ah, elas falham porque são caras?)

8) Caem em desuso rapidamente (elas falham por isso? Esse maluco nunca ouviu dizer que causa e conseqüência não são iguais?)

9) São deficientes em sua visão comercial (o termo mais correto não seria "têm necessidades especiais em termos óptico-visuais"?)

10) Falham em ganhar momento no mercado (falta massa ou velocidade?)

11) São superadas logo por outro produto (ítem 7 revisitado...)

12) Não são práticas (boa, campeão!)

13) Falham em estabelecer um padrão (ah...eu gosto quando eles usam jargão técnico e eu não posso criticar...)

14) Falham em atender aos padrões emergentes (mais uma vez...)_

15) Têm design fraco (eu moro na França e fiz História da Arte, mas ainda assim não me sinto homossexualmente apto a criticar designs...)

16) Arrastam legados (o que, de fato, é um problema estrutural sério nessa conjuntura mundial de globalização e rápidas mudanças comportamentais)

17) Ficam famosas por seus problemas (isso se chama marketing, já é melhor do que nada!)

18) Não atendem a reais necessidades (a matemática também não e está aí há 5.000 anos sem muitos erros...)

terça-feira, setembro 19, 2006

Enfim

Que eu sou maníaco por esportes, considerações pseudo-matemáticas e por mim mesmo não é uma novidade para ninguém. Assim, procuro desde tenra idade um grande esportista que tivesse nascido no mesmo 5 de agosto que eu, servindo de compensação para anos de falta de coordenação motora.

Até hoje, o único resultado dessa busca era o Patrick Ewing, pivô do Knicks durante uns bos anos mas que nunca me empolgou muito. Afinal, hoje eu descobri Salomon Kalou.

Sim, meus caros, mesmo dia, mesmo ano. Claro, ele na Costa do Marfim e eu aqui em São Paulo, mas eu poderia ser ele. Eu poderia estar jogando no Chelsea agora, ao lado do Shevchenko, Ballack, Lampard...

Meu, o Shevchenko!

Delírios à parte, nunca vi o tal Kalou jogar. Deve ser, evidentemente, um gênio, ou ao menos acreditar que o é. Em todo caso, força ao menino e que a data seja imortalizada por ele, porque se depender de mim...

PS: O Shevchenko, caralho!

sexta-feira, setembro 15, 2006

Uma constatação despeitada

Deve ser bom ser boquense.

segunda-feira, setembro 11, 2006

O pernilongo e o "nine-eleven"

Lembrei-me, esta noite, daquelq que é provavelmente a maior vantagem em se morar na Europa: a ausência sistemática de pernilongos por aquelas bandas.

Todos já passaram pela incômoda situação de enfrenter um feroz ataques desses pequenos destemidos. Suas táticas não são muito limpas, esperam que suas vítimas durmam para atacar no momento mais insuspeito.

Raramente se vê onde eles se escondem e, quando capturamos um graúdo, daqueles que dá gosto de ver a mão ensangüentada após sua morte, em geral ele não se revela como responsável completo de todos os males e restam uns poucos discípulos seus, esperando uma brecha.

Eu, particularmente, tenho uma tática cruel de contra-ataque: finjo que durmo até que o infeliz apareça, tolero seu barulho e o ventinho de sua aproximação até que ele pouse em meu rosto e comece a sugar meu sangue, não existem vitórias sem baixas. Nesse momento desfiro um violento tabefe em mim mesmo. Costuma funcionar e o nariz pára de doer em pouco tempo.

Existem, porém, aquelas noites em que eles são tantos, atacam tão rapidamente e em lugares tão inesperados (na panturrilha esquerda não, meu Deus!), que a única reação possível é ficar atordoado. O método do parágrafo anterior reveça-se ineficaz e ficamos dando bofetões em países, digo, em partes do corpo que não têm nada com isso. E, principalmente, fica o eco de seu barulhinho característico todo o tempo em nossas orelhas, como ameaça longínqua e quase imaginária de seus danos.

Porém, como somos seres superiores, contamos nossas histórias para nossos semelhantes como se isso fosse apaziguar o que quer que seja e esperamos que o longo resto da noite (afinal nos deitamos antes da meia-noite e só percebemos que o dia havia mudado por conta deles) seja tão promissor quanto parecia depois do final da Guerra Fria.

N. do T. : foram suprimidas da versão em português as referências ao ataque com armas químicas.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Fazia tempo que eu não olhava as buscas esdrúxulas que caem aqui e, entre os tradicionais "Cordeu do fogo encantado" (sic) e "modelo de carta formal", achei ouro.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Uma observação inútil

Nas Eleições deste ano os brasileiros (você, seus pais, vizinhos, mas não eu) escolherão um senador por estado. Assim, é claro que cada partido pode indicar no máximo um candidato a esse nobre posto.

Um raciocínio elementar, que deixamos a cargo do leitor interessado, nos mostra que com 2 e dois somente 2 algarismos é possível identificar cada candidato.Em termos menos empolados, para que diabo os candidatos têm números de 3 algarismos?

A única explicação que eu via era a economia na reprogramação das urnas eletrônicas, mas como em 2002 eram 2 senadores elas já teriam que ser mudadas de qualquer forma...

Emocionante, não?

PS: pra comentar "não" nem precisa clicar, eu avisei que era inútil.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Reciclagem, isso ainda vai salvar o planeta

Contexto: Campeonato Brasileiro 2004. Corinthians e Coritiba, no Paraná. Se o jogo terminasse empatado, o alvinegro ficaria na última posição. Eles não só ganharam aquele jogo como renasceram, se recuperaram e terminaram em quinto. Tudo porque um cidadão chutou errado uma bola mas ela acabou entrando, mudando o curso de todos os acontecimentos dos últimos anos porque creio que dificilmente o Kia traria seus dólares sujos para um clube de Segunda Divisão. Disse este reles escriba na época:

"Ontem, após o gol do Rogério, o Casagrande comentou que a sorte do Corinthians poderia começar a mudar. Enquanto eu pensava qual era a obrigação da função sorte, vamos chamá-la s(t), em ser contínua, o Gil fez o gol, provando que pelo menos nas proximidades de s'(t)=0 ela de fato é contínua..."

Ou seja, por alguma razão obscura, nos momentos de sorte ou azar intenso há uma tendência a se continuar nessa situação por algum tempo. Claro está que tudo isso é enrolação e choro de perdedor de minha parte, envelopados num formalismo matemático inútil e que não impressiona ninguém.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Closed Caption

Há anos existe essa nobre opção nas tvs brasileiras, permitindo que surdos alfabetizados divirtam-se com os nossos programas de alto nível. Confesso que nunca tinha aproveitado os prazeres dessa função, até ontem.

Não tendo absolutamente nada melhor para fazer, paro para assistir/ler a entrevista do Jabor no programa do Jô. Como a tecnologia de transformar som em texto escrito no computador ainda não é suficientemente avançada, acho que o único meio de produzir a transcrição é com o método Zé: coloca o Zé para ver o programa e digitar tudo que é dito...

O problema do Zé é que não dá pra acompanhar o ritmo de duas pessoas, então entre as infinitas repetições do mesmo trecho que o coitado é obrigado a agüentar, a paciência dele vai pro espaço. Isso explica os pequenos deslizes, um ou o outro acento esquecido, um errinho de digitação.

Porém, nada pode justificar a grande pérola de ontem. O Jabor comentava sobre os problemas do Brasil, "o que me irrita é a amorozidade". Morosidade não é a palavra mais comum do mundo, mas dito assim, fora de contexto, poderia ter causado uma confusão no Zé. Mas ele falou de novo, outras duas vezes, e sempre apareceu "amorozidade".

Esse era um bom emprego, se nada mais desse certo. Ou seria desce certo? Dessi certo? Dé sicerto? Xi...

sexta-feira, agosto 25, 2006

Meu Velho Tio Mandou Júnior Saborear Umas Nove

Creio que se falou mais de Plutão nas últimas semanas do que nos 20 anos anteriores juntos. Francamente, um planetinha, minúsculo, gelado, lá nos confins do Universo (jeito bonito de falar "puta que pariu"), que diferença faz nas nossas vidas? Nenhuma, é claro.

Por que então o oba-oba com o rebaixamento do ex-glorioso corpo celeste? No fundo é como aquela velha história de que uma rosa ainda teria o mesmo cheiro mesmo se tivesse outro nome, ou a diferença entre signo, significante e similares. Mais no fundo ainda, em linguagem simples, quase vulgar, é o seguinte: o nome não muda porra nenhuma, caralho.

E no entanto, mesmo sabendo de tudo isso, ficamos meio indignados por mudarem uma das "verdades eternas" da Natureza. Verdade eterna um tanto quanto curta esta, afinal só acharam Plutão em 30 e nem Urano ou Netuno não eram conhecidos na Antigüidade. Considerando que os gregos sabiam tudo, temos apenas 6 planetas e pronto.

Lembremos, pois, com alegria, do tempo em que havia oficalmente 9, bem como daqueles meses em que se conjecturou que fossem 10 (quem não se lembra, ou melhor, quem se lembra daquele pedacinho de rocha batizado de Sedna?) e da semana em que Caronte e Plutão viraram um planeta binário (!).

Não entendo, claro, absolutamente nada de astronomia, nem astrologia, diga-se de passagem, mas estou certo de que poucas coisas impressionam mais os outros reles mortais que "conhecer" os segredos disso tudo que está além de nosso alcance. Me contento, portanto, em rir da conferência em que os especialistas ergueram suas plaquinhas, no melhor estilo Show do Milhão, e fecharam a contagem em Netuno.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Tese

Boas histórias são compatíveis apenas com situações extremas, como treinadores de natação nazistas ou pedreiros portugueses, mas não com o conforto e qualidade de vida do lar, doce lar.

Sinto muito, meus caros, eu prefiro comer pastel.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Quanto à final da Libertadores, apenas duas coisas merecem ser ditas:

1- Ninguém no mundo transmite futebol como a Rede Globo.



2- Obrigado, Rogério Ceni, muito obrigado.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Mera questão probabilística

Admitamos, por hipótese, que uma mala tem 10% de chance de extraviar numa viagem aérea. Eu acho que é muito, mas vamos deixar quieto e seguir com as contas. É claro que ela tem então 90% de chance de chegar corretamente a seu destino.

Pois bem, considerando cada viagem independente das outras, é claro que a probabilidade de que a maldita mala chegue bem em 6 viagens é de 0,9^6 = 0,53. Ou seja, é quase mais provável que ela acabe indo parar em Johanesburgo ao menos uma vez.

Adicione um pouco de fator de caos na vida de uma pessoa e eis que de fato a minha mala ficou presa na esteira rolante de Amsterdam e deve chegar em casa daqui a pouco. Nada de reclamação, nada de desespero, apenas a confirmação da tragédia anunciada.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Continuando a mensagem de uns dias atras...

Este sabio autor havia escrito:
"Quando você pensa que ja' viu de tudo nessa vida, descobre que o time que você mais odeia nesse mundo acaba de anunciar a contratação de um goleiro com o seu nome e a sua idade...

"Bruno, 21 anos, declarou estar muito feliz com a transferência para o Corinthians, 'é a realização de um sonho'." Não, a noticia é inventada, é so' para dar uma amostra do drama.

Que ele tenha tanta sorte quanto eu normalmente tenho..."

Pois bem, vejam so' o que descubro ao ler sobre a tragica morte do quarto goleiro reserva do São Paulo: "Os médicos ainda não sabem a extensão da gravidade da lesão na coluna cervical do goleiro Bruno, terceiro reserva do São Paulo, que sofreu um acidente de carro na madrugada desta sexta-feira na rodovia Régis Bittencourt. Entretanto, o jogador corre risco de ficar paralisado para o resto da vida. (http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas/2006/08/11/ult59u103553.jhtm)"

Ah meu Deus, no São Paulo também? Pelo menos fica a quase certeza que em pouco tempo terei um xara' com a numero 1 da Seleção...

quinta-feira, agosto 10, 2006

Prevendo o futuro

Nunca fui bom com previsões, apesar de achar uma das coisas mais interessantes do mundo. Um amigo me perguntou uns bons meses atras quem seria o campeão da Libertadores.

Ora, o campeão costuma ser brasileiro e o Palestra não estava nem perto de seus bons momentos. Não podendo apostar em Corinthians ou São Paulo, cravei no Inter.

Pode ser a primeira vez em muito tempo que eu consigo acertar o campeão de um torneio com um palpite na fase inicial. Prefiro não comemorar a boa previsão ou o sofrimento tricolor antes da hora. Mais uma semana...

quarta-feira, agosto 09, 2006

"Depois de escrever mais de 200 capítulos de Prova de Amor, novela que se tornou um marco de audiência da teledramaturgia atual da Record, Tiago Santiago não pôde descansar de imediato. Ele continuou trabalhando, como brinca, enlouquecedoramente, como supervisor dos capítulos de Bicho do Mato, que também vem fazendo bonito no Ibope da emissora, com sua exibição à partir das 19h 15. Mas como ningém é de ferro, o jovem autor vai tirar dez dias de férias." (http://ofuxico.uol.com.br/Materias/Noticias/2006/08/28709.htm)

Não sei como o leitor médio brasileiro reage a essa noticia. Para mim, apenas uma coisa me vem à mente: as infinitas noites de domingo em que, diante de um pedaço de queijo ou uns peitos de frango à milanesa eu e minha irmã abriamos o caderno de tv do jornal para ler a sinopse das novelas da semana seguinte.

A idéia não era saber o que ia acontecer, mas sim ler uma frase aleatoria ("Marcia conta para Osvaldo que o filho não é dele. Matias, desesperado, resolve ligar para Tia Loló.") e a partir disso identificar qual era a novela.

É curioso quando o vazio dos nomes desconhecidos das novelas obscuras dos pequenos canais é o mesmo produzido pelas noticias da vida real.

"Bruno lê o jornal e percebe não conhecer mais o mundo onde viveu. Acreditando que tomou a decisão correta, da' um ultimo gole em seu copo de coca e vai dormir."

terça-feira, agosto 08, 2006

Quando você pensa que ja' viu de tudo nessa vida, descobre que o time que você mais odeia nesse mundo acaba de anunciar a contratação de um goleiro com o seu nome e a sua idade...

"Bruno, 21 anos, declarou estar muito feliz com a transferência para o Corinthians, 'é a realização de um sonho'." Não, a noticia é inventada, é so' para dar uma amostra do drama.

Que ele tenha tanta sorte quanto eu normalmente tenho...

segunda-feira, agosto 07, 2006

Que não se muda já como soía...

Estava aguardando quem seria o primeiro usuario a pedir o classico post de aniversario.

Como ja' dito diversas vezes nesse espaço laranja, eu entrei num buraco temporal, não vim para a França. Isto posto, o paradigma ja' começou a ser rompido com a ausência de mensagem comemorativa do aniversario de 30 e não sei quantos anos do maior goleiro da historia recente do alviverde na ultima sexta, quebra essa que continuou no domingo.

No fundo, eu não fiz aniversario, não tenho 21, o Marcos não vai se aposentar, o Fidel não vai morrer, nem o Silvio Santos. O papa ainda é o Papa, o Santos é o campeão brasileiro e o Brasil o mundial.

Prisioneiro no exterior, deslocado no tempo, muito bonito mas dramatico demais. Não é para tanto, dira' o leitor sabio e comedido. é verdade, concordo. Fica como idéia fraca comemorativa e sigamos em frente.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Definição

go.le.a.da sf Fut (golear+ada1)
Grande quantidade de gols marcados por uma equipe numa só partida, contra nenhum ou poucos gols da equipe adversária.

Muito bonito mas absolutamente pouco
rigoroso...Senão vejamos:

Marcar três gols numa partida é um feito, é uma quantidade largamente acima da média dos melhores clubes do futebvol atual. Não tomar nenhum é, evidentemente, o melhor resultado defensivo possivel. No entanto, um belo 3 a 0 não é, PARA MIM, uma goleada.

Digo isso depois de ligar o micro antes de ir trabalhar hoje e ver no Uol que o São Paulo tinha goleado o Chivas. Quando cliquei na noticia, fiquei decepcionado com esse uso abusivo do termo (porém, contente por não ter sido mais...).

O fato é que não é facil chegar-se a um consenso nesse assunto. 4 a 0 é goleada, indiscutivel. 4 a 1, paradoxalmente, tb não encontra muitos opositores. A diferença por 3 gols não é a resposta, como vimos no ponto de partida.

Seria então o "4" o numero mistico? Afinal, 4 a 2 (não muito mais que um trivial 2 a 0) também é majoritariamente qualificado dessa maneira. Essa tese fica ainda mais forte porque o irmão maior desse placar, o 5 a 3, pode ser no maximo "um show de gols", "um grande jogo" e so'.

A coisa fica ainda mais enlouquecedora quando pensamos em placares esdruxulos, tipo 6 a 3...Ai não existem muitos casos para se basear e ficamos como fisicos de buracos negros, especulando sobre porra nenhuma.

A unica regra que eu enxergo nessa situação é dizer que uma goleada é um jogo em que se vence marcando pelo menos 4 gols e pelo menos o dobro do adversario. Confuso, mas me parece certo. Sugestões?

quarta-feira, agosto 02, 2006

4 meses de atraso

No dia 19 de abril do presente ano, publiquei o seguinte: "Estádio do Pacaembu, 1995. Palmeiras e Corintihians, falta na intermediária para os alvinegros. Velloso não coloca barrreira, a falta era longe demais. Marcelinho Carioca alega ter ouvido uma voz o aconselhando a bater de três dedos. Ele realmente o faz e goleiro nenhum pegaria aquele pombo sem asa. 1 a 0, placar final."

Finalmente encontrei o video daquele lance: http://www.youtube.com/watch?v=RJ7YWlhe3yE

Começa la' no final, é a ultima coisa, a cereja...

Ok, o leitor não da' a minima para esse post de 4 meses atras. Mas o Marcelinho, eu e o Velloso damos...

Pré-requisito: introdução ao francês

Você percebe que passou tempo demais na França ao ter que interromper a leitura de um texto em português porque ha' a palavra "achatar" no meio de uma frase e terminantemente não é possivel substitui-la por "comprar", ficando assim completamente impossivel de entender o trecho.

(PS: adicionado video do gol do Alceu, abaixo)

terça-feira, agosto 01, 2006

Começou, enfim, o mês mais bonito do ano. Diga-se de passagem que Paris estava um tanto quanto paulistana essa manhã, um problema em uma das linhas de trem gerou um auê no metrô, pessoas andando mais apressadas e mais desesperadas de costume. Não, não existe comparação, apesar da garoa chata das primeiras horas do dia.

E quando eu chegava ao trabalho um gato preto passou na minha frente, meio mistico, afinal ele desapareceu quando olhei novamente para ele.

Maus agouros, chuva, confusão...Ah, que bela época do ano.

domingo, julho 30, 2006

Alceu

Minha lembrança mais antiga desse obscuro médio volante é algum obscurissimo jogo da Segundona (2003, portanto). Palmeiras e América-MG, acho.

Depois de o cidadão tentar algumas cobranças de falta e acertar a barreira, quando muito, meu pai perguntou quem diabo tinha dito para aquele cara que ele sabia bater falta.

Pois bem, alguns anos e muitas criticas depois o desgraçado acertou uma cobrança. "A" cobrança, é verdade. Mera questão estatistica, depois de 284671 chutes um deles ia dar certo.

Os que ainda não viram, cliquem aqui. Curioso é que essa era a narração que eu estava ouvindo na hora, a melhor parte é o "pra sair do estadio, comprar ingresso de novo e começar tudo outra vez", hahaha.

terça-feira, julho 25, 2006

É nossa, porra!

Cessem as histórias dos sábios portugueses que um fato novo mais alto se alevanta: colocaram o Dunga de técnico da Seleção.

Isso mesmo, caro leitor do futuro, o Dunga foi técnico do Brasil um dia. É, aquele mesmo Dunga, aquele que foi capitão em 94. Isso, também é aquele que virou símbolo de fracasso em 90. Claro, querido leitor, não existem tantos Dungas por aí a jogar bola (estou a virar lusitano...).

É o tipo de fato tão esdrúxulo e inesperado que fica aqui no blog mais como registro temporal, definindo uma espécie de novo calendário. "Não, tenho certeza que o Corinthians só foi rebaixado uns meses depois que o Dunga assumiu", dirão os leitores do futuro.

Tudo isso, claro, se houver futuro, porque quando o país do futebol coloca um Dunga no comando é um sinal evidente do Apocalipse.

PS: é até possível que o referido gnomo dê certo na seleção, afinal ele é uma espécie de Felipão genérico. Pode levar uns dias a mais para curar um resfriado mas como foi mais barato aceitamos...Além do mais, meus posts proféticos têm o dom de mudar o futuro para que aconteça o contrário do previsto. Agradeçam-me se ganharmos o hexa ou me dêem os parabéns quando ele for demitido.

segunda-feira, julho 24, 2006

All your life, Charlie Brown...

Assim que cheguei no canteiro de obras da caldeira, percebi que aquele era o terceiro pior lugar do mundo que poderiam me colocar para trabalhar - tocador de tuba em parada militar e assistente de dentista de cachorro ainda levam vantagem. Como essa vida é um vale de lágrimas, tratei de enfrentar o caos, o perigo, o calor, a fumaça, o pó, os soldadores malucos e os demais portugueses do local.

Com as férias iminentes de parte dos lusitanos, tive de passar muito além da Taprobana para buscar algo a fazer lá pelos lados do Além-Caldeira 8. O Paulo Silvino e o Pacheco (personagem novo; descrição breve, típico português com bigode "andorinha", com cara de dono de padaria), nas palavras do soldador, "estão a passar os dias a ver quem faz menos". Fato, os caras enrolam o quanto podem. Melhor para mim, ajudar folgado é simples, nesse caso.

Tentando fingir que fazia alguma coisa, fiquei procurando uma pá para recolher o lixo varrido. Como já disse antes, o lugar é meio inóspito, sujo, bagunçado, apertado...Seria uma variante para a agulha no palheiro, a pá na caldeira. Gastei um bom tempo tentando lembrar também como se diz pá em francês. Não consegui uma coisa nem outra, apesar de circular por cada cantinho da obra. Demos um outro jeito de tirar o entulho e voltei para meu ócio.

De repente, enfio a mão no bolso e percebo que a chave do meu cadeado tinha sumido. Se achar a pá era impossível, melhor nem falar da chave. Fui falar com o segurança ("não sei onde ela caiu, andei por toda a fábrica procurando uma...um...bom, um negócio"), anunciaram no sistema de som, mas como metade da fábrica fala português, metade fala italiano e o terço restante também não entende francês direito, eu não tinha esperanças.

Antes de sair para jogar o lixo no caminhão de entulho (pois é, virei lixeiro!), ouvi o sistema de som dizer algo como "Santorô". Eles repetiram, prestei mais atenção, era só a ordem para alguém passar no "bureau" (escritório). Quando eu tinha certeza que meu dia não podia ficar pior, veio o chave, digo, o chefe, me mandar para o curso obrigatório de segurança...

Eu e dois operários de outro setor, recém chegados, vimos um vídeo estúpido e depois tivemos que responder questões do nivel CFC. Comecei a pensar besteira durante as perguntas da provinha, inventando novas questões, "O que fazer se você machucar o dedo? Lavar sozinho, chamar um colega, passar na enfermaria ou cortar fora com a rebarbeira pequena?", quase errei umas por falta de atenção. Fui aprovado, com honras, e agora vou receber um selo de segurança no meu capecete.

Não percam, amanhã, em mais um capítulo de "Um operário muito estranho", a revelação de Pacheco e o sonho do soldador...

domingo, julho 23, 2006

So' pro fim de semana não passar em branco

O Palmeiras ganhou do Goias no Serra Dourada. Se a minha memoria não falha, é a primeira vez no milênio, ou pelo menos desde 2002, acho.

Não que isso mude muita coisa na vida dos leitores, claro.

Ja' disse isso, mas o que explica a diferença entre o time de hoje e o da minha infância é que naquele tempo era o Evair, e não o Edmundo, o cobrador de pênaltis.

Admito, o poderia ter passado sem esse post.

quarta-feira, julho 19, 2006

Ó Bruno

Em termos de compreensão auditiva, acho que depois do português vem o francês, o inglês, o espanhol e aí, finalmente, o português de Portugal. E pá, mesmo assim estou a trabalhar com os lusos.

No primeiro dia não fiz nada, hoje também não tinha grande coisa a meu alcance. Não sei soldar, não sei polir, não sei cortar, não sei nem o nome das peças (aliás, preciso de um dicionário técnico Português de Portugal/ Brasileiro. Até porca tem outro nome para eles!). Ajudo a carregar umas coisas, aperto uns parafusos, converso com a "malta"...

Minha primeira impressão é que eles eram uma massa explorada e sofrida. Estava até pensando em fazer uma anáilise aprofundada dos diferentes estratos sociais, ou seja, os lusos, os italianos, os árabes e os negros (não vi nenhum francês por lá...). 11 horas de jornada de trabalho diária, calor quase insuportável, poeira..Um deles, que parece o Paulo Silvino, tinha dito que trabalhar ali só valia pelo dinheiro, ganhava-se em 2 dias e meio o que se ganha em um mês em Portugal. Achei que fosse exageiro.

Hoje eu passei boa parte do tempo ao lado de um soldador, Veloso (ainda não comentei com ele a respeito do goleiro, vai chegar o momento...). Parece ser o gajo com mais noção ali, mas é meio brigado com quase todos os outros. Quando eu cheguei ele bateu continência para mim, achei que fosse desrespeito mas era só piada. Bom, o cidadão me disse que eles ganham 19 euros por hora. Façam as contas, caros leitores, incluindo ainda o fato de que eles trabalham 6 horas aos sábados...(4750 em julho, para os preguiçosos ).

Nessas horas dói vir do Terceiro Mundo. Tinha dito que o Nordeste era belíssimo mas um pouco caro, esse maluco, que lembra o Zacarias, perguntou se com uns 2000€ dava pra passar umas boas férias...

Vou parar de reclamar do fato de que um pedreiro ganha mais que 99% da população brasileira...Melhor concentrar meus esforços em entender o que eles estão falando e ganhar umas outras histórias inacreditáveis para contar. Me sinto numa mistura de programa humorístico (por razões evidentes), com filme de ficção daqueles que se passam dentro de fábricas, tipo Exterminador do Futuro e com um quê de Eça de Queirós. Por enquanto, sigo sendo chamado de "ó Bruno". É uma pena que não tenha nenhum Esteves...