domingo, outubro 26, 2008

Eleições

É um exercício mental comum em início de curso pedir aos alunos que imaginem como serão suas vidas ao final da faculdade. Ouso dizer que ninguém consegue acertar o futuro, por mais claros e bem definidos que sejam seus planos.

No caso em que esses planos nem existem, aplica-se o velho aforismo "Quem não sabe onde quer chegar, então não sei qual o final dessa frase". Enfim, espero que o caro leitor tenha entendido a intenção.

Eu, particularmente, tinha um plano razoavelmente certo até o meio do curso. Dali para a frente estava tudo por conta do famoso Deus-dará. O que eu nunca esperaria era chegar no final do curso trabalhando para engenhos de açúcar e votando no PFL. Acho que levei -350 anos para me formar, é a única explicação plausível...

quinta-feira, outubro 23, 2008

No escritório

Telefone toca.

-Op2B.
-P3D?
-Op2B!
-P3D???
-Não, Op2B.
-Ah, não é da P3D?
-Não.
-Desculpe.

Moral: nunca ocupe a sala que era de uma empresa com nome bizarramente parecido com o seu.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Sem Matlab para você

Você percebe que passou muito tempo programando quando chega em casa, abre o jornal e vê a seguinte notícia:

sábado, outubro 18, 2008

Fim de curso

Hoje acabaram as aulas no cursinho em que dei aulas este ano.

Chamar de "cursinho" é exagero da minha parte. No segundo semestre a freqüência de alunos estava tão baixa que era possível contar o número de alunos com os dedos das mãos, posteriormente com uma mão só e finalmente hoje apareceu um único indivíduo.

Eram quase 80 alunos no começo do ano. 1 resistiu até o final.

Por esse ângulo minhas aulas devem ser piores que o curso do BOPE.

Que a garra do sobrevivente único continue acompanhando esse rapaz e que um dia multidões venham assistir aos meus cursos.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Cenário clássico: ônibus na Usp, alunas estrangeiras entram. Seria possível sentir o passaporte comunitário delas mesmo que elas não tivessem tentado pagar o ônibus com notas de 20 reais amassadas (parênteses tardios: sempre tive a impressão de que na França as pessoas amassavam mais o dinheiro do que aqui. Por outro lado, as moedas de euro, por serem mais grossas, eram capazes de rodar por metros e metros, fugindo completamente do seu portador original. Creio que ambos os fatos indicam a soberba européia em relação a bens materiais. Pode ser só preconceito meu. Fim do longo parêntese tardio).

Uma delas, claramente italiana (apesar de estar sem botas e sem enormes óculos escuros) ficou no banco em frente ao meu. Uma amiga dela parou a seu lado e a terceira acabou sentando-se no banco vizinho ao meu.

Apesar dos traços europeus, essa última evidentemente não cheirava como italiana. Então ela abriu a boca para falar com uma outra menina que acabava de se juntar ao grupo: "Mais tu sais qu'il y a un..."

quarta-feira, outubro 15, 2008

A questão que permanece

Inventar algo original, complexo e potencialmente útil mas que fica esquecido num canto de biblioteca de uma universidade qualquer ou fazer continhas para ajudar mega transnacionais a se tornarem ainda mais mega (mantendo-se a transnacionalidade constante, creio eu)?

domingo, outubro 12, 2008

A amizade - uma abordagem vetorial

Todos conhecem aquele ditado/adágio/aforismo que diz "Os amigos dos meus amigos são meus amigos". Pois bem, admitamos que isso seja verdade. Se os amigos dos seus amigos são seus amigos, então os amigos dos amigos dos seus amigos são amigos de amigos seus, conseqüentemente também são seus amigos. Progressivamente, todas as pessoas do mundo serão seus amigos, incluindo seus inimigos. Por redução ao absurdo, concluimos que o ditado é falacioso.

No entanto, há alguma verdade intuitiva nele. Afinal, pessoas sensatas tendem a escolher outras pessoas sensatas para compartilhar seus bons e maus momentos. Sendo você sensato, seu amigo sensato e o amigo do seu amigo sensato, é possível que o ditado se aplique. Resta, entretanto, definir o que se entende por "sensato".

Para mim, colocar piercings e correntes em todos os orificios do corpo não é algo elogiável. Obviamente conclusão oposta seria obtida com alguém já devidamente perfurado. Tudo bem, respeito a opinião deles mas não surpreende que meus amigos não tenham tantos piercings assim.

Creio que o ditado do primeiro parágrafo possa ter uma explicação gráfica interessante. Considere que eu sou o vetor vermelho e um amigo genérico seja o verde:



Como eu e meu amigo verde gostamos bastante de futebol bizarro, podemos manter assunto por tempo suficiente para descobrir outras afinidades, estabelecendo talvez uma amizade.

Agora imagine que meu amigo verde tem um amigo amarelo:



Provavelmente ele já não vai ser tão simpático comigo. Ainda pior será a minha relação com o amigo azul...Em resumo, podemos esperar que o azul seja amigo do amarelo, o amarelo do verde e o verde de mim, mas não parece que eu e o azul tenhamos muita afinidade. Os amigos dos meus amigos podem ser meus amigos mas o raciocínio não se propaga até o infinito. Na minha interpretação isso ocorre porque existe uma dimensão extra nos interesses: se houvesse uma única então os vetores de todas as pessoas seriam coincidentes e o mundo seria utópico e monótono.

Claro que o desenho ilustrativo é uma simplificação bastante grande. Pessoas têm centenas de eixos de interesse mas se fosse possível quantificar adequadamente esses interesses e definir um nível de tolerância de cada indivíduo (representando quão disposto cada um está de aceitar um vetor distante do seu), seria viável prever amizades. Ou não.

terça-feira, outubro 07, 2008

Algumas mentes maldosas diziam que eu tinha um amigo imaginário chamado Da Gota. Tratava-se de um delírio esquizofrênico altamente complexo, ele tinha personaliade própria, histórias, dramas. Obviamente tudo isso era possível apenas porque ele existe de fato.

Dos amigos de colégio ele foi o único que tomou a decisão correta de ganhar a vida com jornalismo esportivo. Após anos de faculdade, o atual jornalista tem seu próprio blog.

Fica o link e o convite a todos: alinhadoesporte.blogspot.com

segunda-feira, outubro 06, 2008

Constragimento diante de velhos amigos

-Puxa, há quanto tempo!

-Desde o dia 20 de setembro, meu caro.

-E aí, muitas novidades?

-Na verdade não. Às vezes um ou outro amigo seu passava por aqui, deixava uma mensagem de apoio. Nada comparável aos velhos tempos.

-Eu sei, me desculpa.

-Não, eu entendo, não quis te constranger. Imagino que os últimos tempos não tenham sido fáceis. Como foi lá no Rio?

-Perdemos.

-Ah, que novidade. Te conhecendo tão bem, não sei porque me dei ao trabalho de perguntar. Vai me dizer agora que vocês trabalharem bem, sofreram, chegaram na final e aí num golpe de azar tudo foi perdido?

-É, podemos descrever assim. Alguém te contou isso também?

-Não, simples dedução lógica...6 anos de arquivo permitem que diversas conclusões sejam obtidas. E o estágio, já explodiu muita coisa?

-Explodi?

-Você não está num centro de pesquisas sobre energia nuclear?

-Sim, estou fisicamente no centro mas não trabalhando com as partículas radioativas. Infelizmente para mim, felizmente para São Paulo. Tudo vai bem, apesar da tradicional "falta de tempo".

-Tenho certeza que você pensou em mim nas últimas semanas...


-É, seu convencido, o pior é que é verdade. Palmeiras assumindo a ponta depois de n anos, bolsas de valores transformando fortunas em amendoins e agora a grande novidade: ganhamos o Ig Nobel! Essa eu não poderia deixar de compartilhar com você...

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u451675.shtml

Declaro solenemente reaberto O (we)Blog. Desculpas aos fãs e companheiros inseparáveis, vamos em frente...