terça-feira, janeiro 30, 2007

Hail Mary

Último lance. Última esperança. O mundo inteiro de olho e você tem apenas aquela mísera oportunidade para chegar na glória eterna. Cada esporte tem suas particularidades mas sempre existe esse momento máximo de tensão. E, em geral, não dá certo.

No futebol americano, a jogada de desepero se chama "Hail Mary" (Ave Maria), porque tudo que resta à equipe é jogar a bola para cima e rezar para dar certo. Em geral, não dá.



Já no basquete esse tipo de situação "contra o relógio" é bem mais corriqueira e portanto menos interessante.



Os narradores continuam dizendo unbelievable mas dessa vez é só força de expressão.

No futebol, enfim, o bicho realmente pega. Um raciocínio primário ajuda a explicar a questão: enquanto no basquete há umas 2 cestas por minuto e no futebol americano um touchdown a cada 20 minutos, um gol por 45 minutos é uma média excelente e dificilmente atingida. É a mesma explicação para a diferença de preço entre um diamante e esse amendoim que você está comendo agora, esganado leitor.

O raciocínio analítico nos permitiu, portanto, mostrar que a célebre reclamação "nunca acontece com o meu time" não é mania de perseguição, é só uma conseqüência natural da dinâmica do jogo. Espremendo bem a minha memória palestrina, me lembro de duas ocasiões (Palmeiras e Paulista, Paulistão 2005, não disponivel no youtube mas devidamente descrito nos arquivos d’O Blog e o jogo contra o Flamengo de 99, ) favoráveis e uma contrária (o Palmeiras e Vasco de uns dias atrás). Muito pouco para os últimos quase 15 anos.

O preâmbulo é para comentar a classificação da Argentina para a Olimpíada. A situação é exatamente a do primeiro parágrafo: último lance da partida, escanteio para os hermanos, se eles marcarem o gol vão para Pequim, senão a vaga será do Uruguai.

O goleiro uruguaio, cujo nome desconheço completamente, resolve dar um novo rumo para a história, sai caçando borboleta e...



(o ultimo vídeo vale extremamente a pena, mesmo para os não amantes de futebol; a comemoração dos argentinos nos primeiros segundos é hilária. Afinal, às vezes dá certo e é muito bom...)

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Em nenhuma civilização primitiva o curandeiro era mais importante que os caçadores. Daí se podem explicar todos os problemas de ser químico.

domingo, janeiro 28, 2007

Sejamos sintéticos

Porque a diferença entre um e o outro [os titulos do Brasil de 94 e 2002], e portanto entre Parreira e Scolari, é a mesma que aquela entre covardia e estratégia.

(de todo o post que eu tinha escrito comentando o uso das imagens do tetra como elemnto motivacional para a seleção sub-20, é a unica parte que quase presta)

"Porque até os gênios se enganam 2 - O Retorno"

Descobri hoje que sempre escrevi errado duas palavras razoavelmente comuns da nossa lingua pátria.

Acreditava que uma comida sem sal era insonsa. Não, o segundo "n" não existe, é um outro "s". Pior, para mim uma coisa desnecessária era "supérfula". Também não, "supérfluo" me corrigirá prontamente o leitor "cultivado".

Não posso colocar a culpa no francês nem na vida de reduzida leitura em português que me vi obrigado a levar nos ultimos anos. Simplesmente foi uma falha que ficou escondida esse tempo todo. Preocupante.

Admito que mais deprimente que ser obrigado a rever suas bases de ortografia aos 21 anos é apenas relatar essa historieta com fins não muito claros.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

La boucle se boucle

Os aztecas eram um povo bem simpático. Apesar de não conhecerem a roda, realizaram progressos tecnológicos impressionantes, como um calendário mais preciso do que o nosso. É bem verdade que foram responsáveis também pela instalação de um dos sistemas de governo mais sangrentos da história, relativizemos nesse ponto.

Possivelmente o ponto mais curioso dessa civilização era o seu calendário. Ou melhor, seus dois calendários que se encontrvam a cada 52 anos. Por 5 dias eles esperavam o fim do mundo e, se nada acontecesse, retomavam suas atividades normais.

Como se sabe, Hernan Cortes chegou ao México em 1519, exatamente um desses anos apocalípticos. Em meio a outras tantas coincidências inexplicáveis, ele acabou sendo considerado como o deus Quetzacoatl retornando de não me lembro onde e depois disso tudo degringolou.

O que fica para nós, ocidentais orgulhosos de nossas tradições iluministas, é um sorriso de canto de boca, “índios estupidos, esperar o fim do mundo, confundir um espanhol com um deus...”. Ninguém percebe que eles acabaram tendo um tanto de razão e que o mundo deles, de fato, acabou.

Chegamos então no único ponto notável de toda a trilogia “Matrix”, a hora em que aquela mulher fala para o carinha (eu sou bom com nomes de personagens) sobre o vaso que ele ainda não quebrou.

Seria a consciência antecipada do futuro que nos leva a criar as bases necessárias para a existência desse próprio futuro? E se isso for verdade, de onde pode vir essa consciência?

Por exemplo, faz três horas que eu sei que vou escrever um pequeno post falando sobre os aztecas. É a minha disposição de fazê-lo que nos trouxe até esse paragrafo, caro leitor. Eu e você, juntos, alterando toda a seqüência de eventos futuros.

Imagine que depois de ler o parágrafo anterior você resolva me dar um basta, desligar seu computador e sair por aí para cuidar da vida mas, infelizmente, um vaso cai sobre sua cabeça na saida do prédio e você morre. Digamos que você entre em coma, para não ser tão dramático. Se eu tivesse sido mais hábil, se você fosse mais paciente ou se o seu Windows se recusasse a desligar tudo teria sido diferente.

Certo, verifiquemos as estatísticas de mortes causadas por vasos defenestrados e mudemos de hipótese de trabalho. Este post não causará efeito algum, você fechará o blog e continuará perdendo tempo no Orkut, sairá da Internet quando lhe der na telha e a vida segue; classicamente isso se chama livre-arbítrio.

Mas no caso presente você não tem escolha. Você vai continuar lendo até o final. Você precisa saber aonde isso vai levar, não é possivel que o texto acabe assim, de repente, sem nem falar de futebol.

No entanto a situação é extremamente simples. Não há respostas possíveis, é apenas um post sobre os aztecas. Povo, alias, bastante simpático. Apesar

domingo, janeiro 21, 2007

Domingo à noite

Nada é pior que um domingo à noite. Defendo essa tese desde os tempos em que os créditos do "Topa Tudo Por Dinheiro" indicavam que o final de semana tinha realmente acabado e que a nova semana estava ali, inexoravel, nos aguardando com ansiedade.

Na mesma linha de raciocinio, um amigo meu (cuja propria existência é motivo de debate), dizia que o melhor das férias era poder assistir "Mesa Redonda Futebol Debate" até o final.

Nos tempos de eu menino, não sei qual era o grande problema do fim do fim de semana, com o perdão do trocadilho infame. Hoje o domingo me parece um grande dia de remorso por todas as atividades importantes e inadiaveis que eu tinha programado logo na sexta à tarde. Certo, eu não seria uma pessoa incrivelmente mais feliz se, ao invés de ter liderado os panzer germânicos sobre os japoneses e arabes (e os persas que se cuidem, eles estão sob a minha mira! hehe), eu tivesse lavado minha roupa e feito minha lição de inglês. São coisas pequenas demais, nada disso influi no nosso apocalipse térmico iminente (a minha fixação por efeito estufa é antiga, o resto do mundo que esta' me acompanhando agora).

Existem diversas maneiras para tentar, obviamente em vão, atrasar a chegada da segudna. No Brasil eu gostava de assistir futebol americano até absurdamente tarde. Aqui, bem, eu comecei a escrever esse texto, não cheguei a lugar nenhum e vou postar so' pra dar uma movimentada nisso aqui, não que valha a pena.

(Coisa que valeria muito mais a pena de debater seria o meu sonho da ultima noite: em linhas gerais, eu estava num hotel com o Lula e durante a noite extraterrestres começaram a controlar minha mente para que eu encontrasse uma ampulheta enterrada na areia. Possiveis interpretações nos comentarios, por favor).

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Dizem que se aprende mais nas derrotas que nas vitorias. Lembrei desse jogo por acaso ontem.

ninguém precisa assistir ao video inteiro, toda a informação importante esta' nos dois primeiros minutos.



Sim, guardar rancor é bom!

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Guia

Escrever livro de auto-ajuda deve ser uma das tarefas mais fáceis do mundo contemporâneo. Existem, claro, inúmeros concorrentes, mas creio que o mercado é grande o bastante para absorver todas as besteiras que podem ser escritas. Afinal, se você jovem angustiado que busca uma orientação vocacional quer um conselho, anote este: por mais que o mundo mude, as pessoas nunca vão parar de comer nem de reclamar da vida.

A primeira coisa que você precisa para um bom texto de auto-ajuda é uma situação fora do normal. Pessoas em crise precisam de sonhos, de metas esdrúxulas, de desejos necessários para que elas entrem novamente nas engrenagens do capitalismo selvagem e continuem alimentando "tudo isso que está aí". Digamos, por exemplo, um fim-de-semana numa estação de esqui em algum ponto mal determinado dos Alpes franceses.

Adicione agora uma metáfora barata...Vamos lá, não é difícil, eu sei que você também consegue. Vou ajudar um pouco mais, vou dar um exemplo: "Uma velha lenda européia diz que durante um inverno rigoroso um garotinho queria muito sair de sua casa para brincar com seus amiguinhos mas a neve caída ao redor da cabana dificultava demais a empreitada. Por mais que ele tentasse, suas fracas perninhas acabavam ficando presas na neve fofa ou ele deslizava até cair sobre o duro gelo. Ele pediu então a seu pai que o carregasse no colo, mas este foi inflexível: 'se você quer algo, é você próprio quem tem que lutar para consegui-lo. Considere apenas que a solução de todo problema está contida nele mesmo.'

O garoto passou algum tempo meditando sobre as palavras de seu sábio progenitor sem sucesso quando viu uma telha se desprender do telhado por causa do forte vento. Ela caiu sobre uma pequena colina de neve e deslizou até a parte de baixo. Eureka! 'O que eu preciso é de um jeito de deslizar por aí com um pouquinho de controle, usar a peculiaridade da situação a meu favor', pensou ele, e assim foi inventado o esqui.

Costumamos encarar os problemas do lado errado. Um problema não é um muro impenetrável, é apenas uma porta que precisa da chave correta. Blá blá blá..."

O leitor interessado pode praticar a técnica usando como mote o mesmo cenário com a premissa "Se os outros conseguem, eu também faço".

Mas se alguém for realmente usar essa idéia, faça-o rápido porque o efeito estufa é bem pior do que pensávamos e as neves dos Alpes não vão durar mais muito tempo, acreditem em mim.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Segundo a lenda, no jogo Brasil 6 x 5 Polônia, da copa de 38, o craque da seleção na época, Leônidas da Silva, teria feito um dos gols de pé descalço. Sua chuteira estourara e, naqueles tempos em que se amarrava cachorro com linguiça, ele continou jogando enquanto alguém tentava consertar do lado de fora.

Hoje em dia isso fica apenas como anedota, afinal cada jogador de uma seleção tem 257329 pares de chuteira à disposição e também porque a regra não permite que um jogador esteja descalço se os outros estão calçados (pois é, se todo mundo combinar que é pra jogar sem nada pode).

O que me trouxe a este velho fato foi minha pequena epopéia para tomar o avião na Holanda, hoje. Esqueçam todo o resto do blog mas fiquem com um conselho: nunca marquem uma conexão com um tempo exígüo entre um vôo e outro. Não, 50 minutos entre a chegada prevista de um e a partida de outro não são suficientes, porque aviões atrasam, porque aviões precisam taxear até chegar ao ponto correto, porque passageiros de aviões são lerdos para tirarem suas bagagens, porque fiscais da imigração holandesa são ainda mais lerdos para analisar as referidas bagagens e porque, enfim, seu tênis pode desamarrar...

Quando dei por mim faltavam 12 minutos para o avião decolar, eu precisava percorrer uma distância indefinida (mas certamente longa) e não havia tempo para amarrar o maldito cadarço. De repente sinto que uma parte de mim ficara para tras. Um simpatico holandês me estendeu o calçado caido e então não tive duvidas, continuei correndo abraçado no sapato.

Deve ter sido cômico ver um passageiro apressado correndo de meia no meio do saguão, mas cheguei a tempo. Ah sim, e pelo tempo que o avião ainda demorou para sair eu poderia ter confortavelmente recolocado o tênis...

domingo, janeiro 07, 2007

O Brasil estreou com vitória no Sulamericano sub-20, hoje à noite, no Paraguai.

"E?", dirá o leitor.

E que a estréia foi contra o Chile. Uns anos atrás tive a oportunidade de jogar um Brasil e Chile sub-20. Pensando bem, eu era sub-20 mas nem todos ali, sub-23 seria uma categoria mais apropriada. Acho que perdemos aquele dia, só sei que foi a única vez em que nos confrontamos. Desde cedo ficou claro que o reduzido número de tropas de cada um dos países nunca permitiria que nos batêssemos até a morte, apenas a solução bolivariana da união era possível.

Mas tudo isso são delírios inúteis, avante Pato e vamos levando...

sexta-feira, janeiro 05, 2007

O melhor das férias de janeiro sempre foi assistir aos jogos da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

O triste disso é não ter mais idade para ser júnior...

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Todo ano existe a palhaçada do primeiro bebê do ano. Desta vez, a história tem requintes: o primeiro de 2007 tem um irmão gêmeo que nasceu no 31 de dezembro!

O tempo sendo uma invenção puramente arbitrária, se espantar com esse fato é o mesmo que traçar uma linha no chão, tacar duas bolinhas de tênis ao mesmo tempo e rir quando cair uma de lado e outra do outro.

Antes que digam que eu não tenho coração, aviso que estou apenas tentando ressaltar cada dia. A vida merece que se valorize cada instante, cada dia. Imaginem por exemplo que se comemorasse cada nascimento como se de fato fosse especial ou que diariamente se festejasse a chegada do novo dia com fogos de artifício.

Algum país poderia tentar colocar ao menos a segunda opção em prática. Tal país seria único, poderoso, feliz. Pera lá, esse país existe e se chama... Disneyworld! Ok, proposta arquivada.