segunda-feira, outubro 30, 2006

Roma...

Bom, nesse exato momento estou numa lan house bizarra em Roma numa avenida perto do albergue. A gente estava num albergue mas deu problema no encanamento, mandaram a gente pra um outro...O outro é bizarro que o primeiro, sendo que o primeiro chamava Asterix e tinha uma bandeira dos Estados Unidos como cortina...Bem, explodiu um cano do banheiro desse albergue e tivemos que mudar para um outro. Agora estmos dividindo o quarto com um casal frances.

Quando o cara do albergue nos avisou que eles eram franceses, a gente comecou a inventar historias. Falar que falava frances ou esconder pra ouvir historias? Impossivel mentir, tinha coisa demais denunciando, a começar do guia de Roma emprestado da bibloteca da X. Pensamos em fazer uma historia alternativa, que a gente era estudante no brasil e tava de ferias aqui. O problema e a necessidade de inventar mentira é que a X é escola de burgues e os caras que estavam no nosso quarto tinham um nome africano bizarro e vinham do bairro mais pobre de Paris (isso a gente leu na etiqueta da mala, hahaha). Vai que eles roubam a gente? Vai quel eles pegam nossos orgaos ou simplesmente dao um couro nuns polytechniciens?

No final a gente decidiu falar toda a verdade, era o unico jeito de ter uma historia sem furos...

Mas na verdade mesmo os franceses chegaram quando a gente ja tava dormindo e nos saimos de manha hj antes deles acordarem...Anti clmas total.

O primeiro albergue tinha "cafe da manha" mas na verdade era so leite, suco de laranja, manteiga egeleia (tinha acabado o pao quando fomos comer). No segunod albergue nao tivemos coragem de tentar comer hj de manha pq um dos funcionarios era um negao gigante, meio viado, que tentou abraçar eu e o tiago...melhor ficar sem comer que ser a comida, hahahah.

Ja vimos o coliseu, a basilica de sao pedro...Nao deu pra ver o padre alemao maldito, amanha vamos terminar de ver as coisas romanas antigas. Nao jogamos moeda na fontana di trevi, nao vamos retornar a ROma, hahaha. è uma bela cidade, no entanto.

Andamos igual dois camelos, tomamos um pouco de sorvete e comi um penni 4 formaggi...Nada mal.

Iòpressoes, comentarios mais profundos, interaçoes com franceses bizarros e afins nos proximos capitulos da minis2rie "dois sobreviventes brasileiros no Lacio".

ps: pensando bem, isso aqui vai virar post, hehehehe.

sábado, outubro 28, 2006

Destinazione: Italia

Não é segredo para ninguém que o unico objetivo de um programa de diploma duplo é conhecer a Europa gastando somente as economias da bolsa que os proprios europeus te pagam.

Portanto, tenho a honra de anunciar que parto hj em direção da Cidade Eterna, do centro da humanidade, da terra dos Césares, da pizza e do Materazzi. (Pensando bem, o caso Materazzi deu em pizza e todo imperador é, no fundo, um quarto-zagueiro açougueiro frustrado.)

Minha irmã uma vez disse que provavelmente eu teria sido mais feliz se tivesse feito o intercâmbio no lado de la' dos Alpes do que aqui. A vida é isso, se eu fosse goleiro do Botafogo, dissesse não ou fugisse com a Doralice para Londrina tudo também seria melhor.

Atualizações do blog sempre que possivel, esperando que eu não seja testemunha ocular de uma nova erupção do Vesuvionem um tsunami que varra Veneza do mundo.

Arrivederci!

quinta-feira, outubro 26, 2006

Era para deixar aberta, Pandora!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Inutilidade

Não existe nada mais inútil que torcer num jogo de futebol. Admita, caro leitor fanático, como diabos o seu sofrimento e desespero pode de algum modo alterar os rumos do destino?

Eu pensei em dizer que torcer era quase tão inútil como rezar, mas por respeito às minorias religiosas achei melhor deixar a frase assim, no limbo entre o dito e o não dito.

Existe, é claro, um dégradé de inutilidade (observação inutil: eu acho que os franceses preferem dizer "continuum" do que "dégradé" nesse caso). Por exemplo, torcer no campo ainda tem lá a sua função, o seu grito e a sua presença podem, com sorte, dar uma dose extra de motivação para algum jogador.

Torcer pela televisão já começa a se aproximar da barreira perigosa da inutilidade total. Alguém suficientemente crente ainda pode dizer que ver o lance ao vivo ao menos reconforta. Que assim seja.

Existe ainda o infeliz que acompanha pelo rádio e fica à mercê de narradores inescrupulosos ("a bola passou tirando tinta da trave" para aquele chute que quase sai na lateral), além de exigir concentração, criatividade e imaginação acima da média.

No limite da vida inteligente está o torcedor de video-tape. Acredite, leitor cético, existem pessoas que torcem ao ver os melhores momentos...Claro, a pessoa não pode saber de antemão o resultado do jogo, isso jogaria toda a experiência no lixo (vide o maldito gato de Schrödinger).

Creio que, com os avanços da tecnologia, ninguém mais se encontra nas condições do último paragrafo. Todo mundo sempre sabe os resultados em tempo real, estão todos conectados, blá blá blá. Eu mesmo me lembre de ter feito isso apenas umas poucas vezes na minha infância, ainda mais que hoje em dia a Globo monopoliza o futebol. (não mais, acabei de me lembrar que a Record agora também passa. Bom, considerem esse texto como o de um homem congelado no tempo). Enfim, não existem mais compactos de Corinthians e Juventus no Pacaembu começando assim que o jogo termina, na Band. Tristes tempos.

Em todo caso, esta noite acontecerá o último jogo importante do ano. Depois de Itália e França, o primeiro jogo que eu digo "esse eu não posso perder nem morto". Palmeiras e Corinthians numa luta fratricida para evitar o rebaixamento. E eu do lado de cá do Atlântico, com uma conexão via internet com a Jovem Pan. Que chega, por motivos fisicamente básicos, com uma certa defasagem...

Que Ele tenha piedade de nós.

domingo, outubro 22, 2006

O fim

Há uns bons 7 anos disputei meu último campeonato de xadrez na escola. Eu era, sem falsa modéstia, um dos melhores jogadores da referida escola de periferia, o que não quer dizer muito e nem permitiu que eu fosse campeão alguma vez. Pois bem, naquele sábado eu teria minha última chance.

Tudo ia bem até a semifinal, quando cruzei com um japonês que jogava no mínimo no mesmo nível que eu. Seria uma partida difícil, uma espécie de final antecipada. Dei azar no sorteio (nunca gostei das pretas, sem racismo, por favor), fiz duas merdas tremendas e em uns dez lances perdi o jogo. Incrível. Ou não tão incrível, se considerarmos que de todos os inúmeros torneios de alguma coisa que eu já participei a única vitória foi num bizarro campeonato de handball de areia...

Fiquei uns instantes olhando para o tabuleiro, aquele mate estúpido, a derrota, a certeza de que nunca mais eu teria outra oportunidade, o fim daquele pequeno sonho infantil. Acontece com todos, por que seria diferente comigo?

Nenhuma comparação, evidentemente, é possível com a aposentadoria do Schumacher. Digo, sem vergonha, que eu curto o alemão. Ele é tremendemante sem coração (vide episódio em que correu e venceu logo depois da morte de sua mãe), sem escrúpulos (vide jogar o carro contra o Villeneuve em duas oportunidades) e sem carisma (não me ocorre nenhum bom exemplo agora, mas vocês entenderam a idéia). Um mega campeão "do mal", com um carro vermelho, sem a menor condição de arrebatar uma legião de fãs. Um bom souvenir dos tempos em que eu admirava esses povos nórdicos e frios.

Hoje assisti a uma corrida de Fórmula 1 pela primeira vez em uns 3 anos. Não poderia deixar de torcer por um pequeno e derradeiro milagre para o campeão germânico. Não veio, uma pena. Ele, no entanto, diz adeus tendo conseguido tudo aquilo que era possîvel ganhar. Menos, é claro, o respeito e a admiração unânime que justificariam uma alcunha do gênero "O Pelé do Automobilismo".

sexta-feira, outubro 20, 2006

"O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão."

A idéia de vir para a França estava relacionada a uma tentativa de se aproximar do teto do mundo, no sentido figurado. Existem cientistas premiados e existem prêmios Nobel, existem pessoas ricas e bilionários, creio que é bastante claro que vale a pena fazer um esforcinho para nos aproximarmos dos segundos...

Porém, tendo visto o auge, o limite inalcançável, sinto que falta alguma coisa, não é simplesmente a proximidade com a elite que traz automaticamente a tão rara felicidade. A grande lição, ao menos para mim, é que tanto se pode ter bons momentos comendo uma pizza numa sexta à noite em sua casa quanto fazendo pesquisa científica de ponta.

Alguns idealistas certamente ficarão chocados e até mesmo decepcionados com essa minha visão pessimista. No entanto, mesmo se apenas vislumbrei o cume num relance, já fiz a minha escolha.

Com bastante cebola e bordas recheadas, por favor.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Ah, o futuro...

Quando eu tinha meus 8, 9 anos, a Bandeirantes passou um campeonato de futebol dente-de-leite . Jogos em Vinhedo, aos sabados de manhã, tosquissimo.

Acredito que o Palmeiras foi o campeão, não tenho certeza. Me lembro, no entanto, que a graça do torneio era ver se surgia ali, se não um novo Pelé, um novo Romario, que fosse. Os jogadores tinham mais ou menos a idade da minha irmã (26, 27 anos hj em dia). Quem daquela geração ainda existe pelo mundo da bola?

Bom, eu nunca acompanhei muito de perto, mas tenho quase certeza que o artilheiro daquela competição se tornou nada mais, nada menos que Thiago Gentil...Talvez fosse outro T(h)iago, nunca se sabe, mas eu tenho a impressão que era o mesmo. Um jogador completamente desconhecido para o não-palestrino ou não maniaco por futebol. Um cara comum, com manias irritantes e futebolzinho mixuruca. Perambulou pelo Nordeste, Kuwait, Guarani, esses times assim...Não sei onde foi parar a figura.

Mas outro garoto que me chamava a atenção era um certo Tigela. Apelido infantil, claro, é absurdo esperar que um Tigela virasse profissional. Ainda mais como médio-volante, por Deus do Céu. E o Tigela, reserva e discreto atleta daquele time, foi ficando no Palmeiras até ser descoberto por um certo Luis Felipe Scolari...

De Tigela passou a Taddei, Rodrigo Taddei, nome de ator coadjuvante de novela das 7. E o tal Taddei até conseguiu um pequeno milagre, fez dois gols numa semifinal de Copa dos Campeões contra o Flamengo em 2000 (ultimo titulo de "primeiro escalão" do alvi-verde, alias...Unico titulo do Murtosa como técnico tb, mas deixa isso de lado).

Bom, terminando a historia...O Taddei foi para o exterior, jogou no Siena e agora é lider do meio-campo da Roma. Confesso que não vejo uma partida dele ha' uns bons anos, não sei o que aconteceu com nosso pequeno Tigela. Achei, por acaso, esse video hoje:



Tigela neles!

quarta-feira, outubro 18, 2006

Quarta-feira

Eu acredito realmente que o pior dia possivel da semana é a quarta, primeiro por ser o mais distante possivel do fim-de-semana e segundo por considerações metafisicas. Admiro ha' bastante tempo o sistema de educação infantil francês, as crianças têm folga na quarta e repõem no sabado (não tenho certeza da parte da reposição, mas a folga existe sim, afinal toda semana vemos milhares de enfants de militares invadindo a escola).

Algumas quartas são razoaveis, outras simplesmente neutras. Algumas têm futebol, outras Winning Eleven. Mas hoje...

Eu achava que o ponto alto do dia seria ver uma palestra do CEO da Microsoft, dono de uns meros 13 bilhões de dolares. Interessante, pero no mucho. E no meio da noite, a revelação: o videogame que nos compramos em uma vaquinha chegou!

é um game cube, nada muito avançado, mas pagamos ridiculos 20 euros cada um por algumas horas de diversão com Mario Kart. Como eu sou o unico que tem televisão, vou ter que cuidar da criança...

terça-feira, outubro 17, 2006

Nota mental

Quando eu for professor, não segurar os alunos além do horário regulamentar. Se possível, liberá-los com uns minutinhos de avanço.

Digo isso porque às terças eu tenho aula com as duas correntes ideológicas, o professor de quimica, tranqüilo, que dispensa mais cedo depois de ter dado toda a matéria (isso é fundamental) e a neurótica galesa professora de inglês que ameaça "vocês so vão sair quando terminarem esse exercício".

Matei a aula de inglês hoje, diga-se de passagem, por motivos evidentes. Seria o debate de um chatíssimo filme inglês dos anos 40, assisti ontem e não entendi nada. Aliás, fica aqui uma dica: assista a um filme britânico em que 1/3 das falas são em alemão com um casal francês falando sem parar ao seu lado. Se você fala ao menos um pouco das 3 linguas o efeito é bem melhor. É evidente que o filme não deve ter nenhuma legenda, isso seria trapacear.

Tudo isso para postar o link seguinte, especialmente pra vc, Ju: http://www.insite.com.br/art/pessoa/cancioneiro/195.html. Pessoa com sotaque português é o que ha'.

domingo, outubro 15, 2006

Tirando a velocidade da luz, ...

1- Fazer compras para um churrasco de 50 pessoas com uma equipe multinacional (um chileno, um espanhol e um franco-venezuelano)

2 - Explicar a matéria para um amigo.

3 - Apresentar para uma autoridade militar, vestido com um uniforme do século XIX, um estágio feito em Paris .

4- Comer uma carne decente.

5 - Sair de casa com o passaporte no bolso.

6 - Perder tempo decorando a seqüência dos elementos na tabela periódica.

7 - Perder tempo decorando a posição dos metais de transição.

8 - Ver um joguinho de futebol no domingo à tarde.

Entre coisas banais e outras mais banais ainda, digo apenas que a fronteira entre coisas comuns e extraordinárias é muito mais tênue que a entre pares e ímpares...

quinta-feira, outubro 12, 2006

Quando as obrigações pululam e a vontade de trabalhar tende a zero, aumenta a possibilidade de se jogar MUITO tempo fora fazendo coisas inuteis. Hoje à noite comecei a reler O Blog, pela enésima vez. Autor egocêntrico é uma merda.

Antes da Copa, escrevi o seguinte:

"Um mês de dramas, sofrimentos, injustiças, vitórias edificantes e momentos imortais se aproxima... Aproveitemos, meus caros, e que vença o melhor.

Não, esse final é muito chavão. Que vença aquele que lutar mais (muito gaúcho...). Que vença o mais capaz (também não sou nenhum entusiasta da meritocracia). Que vença um país oprimido e roubado pelas potências tirânicas neo-liberais que ...(não, já abandonei meu marxismo em alguma curva por aí).

Ok, que vença qualquer um menos a França, beleza?"

Comentario de meu querido pai:
"Fique tranquilo, com esse timinho mais a idade de Zidane os azuis nao irão longe."

é, pai, nessas horas é facil perceber da onde herdei a minha incrivel capacidade de fazer previsões furadas, hehe.

(So' para constar, escrevi o seguinte tb: "Acho que é aquele apego meio fajuto pelo que tem algum sucesso (bater o Togo é um sucesso? discutivel...) mas eles se encheram de esperanças e ja' falam de nos eliminar e jogar a final." antes do França e Espanha...)

20.000

Incrivel, meus caros, a marca de 20.000 leitores esta' logo ali, devera' ser alcançada amanhã ou sabado. Mesmo esquema que no caso dos 15.000, clique no grafico à esquerda, acima dos links, se vc for o 20.000° (sabe deus como se pronuncia esse numero) e puder prova-lo com um print screen recebera' um exclusivo e original prêmio (dessa vez é sério).

Eu defendo a teoria de que, se Deus existe, o que Ele fez foi definir o comportamento físico do Universo, depois apertou o "play", cruzou os braços e ficou olhando. Um buraco evidente dessa teoria é que Ele, onisciente, não ganha nada olhando eventos que Ele sabe que vão ocorrer, mas isso não é um defeito novo, nenhuma explicação com uma entidade onisciente e onipresente pode realmente fazer sentido...

Por "comportamento físico" eu quero dizer as leis básicas que regem cada um dos fenômenos deste Universo. Isto é, aquele tipo de coisas como "matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado da distância", mas que na verdade não é bem assim, primeiro porque o Newton estava errado e segundo porque é um tanto quanto simplório acreditar que uma mera equação seja a explicação de um fenômeno. Ela é mais uma tradução matemática que qualquer outra coisa e nem pretende ser mais do que isso. O próprio Newton tinha uma frase a respeito disso, que ele se preocupava mais com o "como" do que com o "por que", dai o sucesso de tudo que ele descobriu.

Bom, voltando ao dia em que Deus teria definido as regras. Ok, "dia" não é bem o termo porque a Terra não existia, blá blá blá. Um pouco menos de rigor e vamos em frente.

Deus teria dito: "que sejam então 4 forças fundamentais (gravidade, eletromagnetismo, fraca e forte)". Ele cofiou sua longa barba, pensou melhor, "e que o Corinthians sempre perca dos argentinos"; era isso. Ele podia agora sentar-se em Sua poltrona preferida e assistir à miséria dos tempos como fazemos com um bom e velho filme que já vimos milhares de vezes...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Mudanças de rumo...

Numa daquelas conversas que não levam a lugar algum, pensei num bom assunto para o post de hoje: Palmeiras e Asa de Arapiraca, 20/02/2002. Seria um belo post dramatico/depressivo. Encontrei, inclusive, algo assaz engraçado: http://miltonneves.uol.com.br//radio/jornal_esportes.asp, "audio 3", Narração do Locutor de Arapiraca, na parte mais baixa da pagina.

O argumento era simplorio. E' facil associar um periodo de 4 anos à vida na Terra, afinal seu principal evento, a Copa do Mundo, tem essa freqüência. Existem, ainda, eventos subsidiarios para embasar essa tese, como Olimpiadas, anos bissextos, eleições, etc.

Procurando um video para ilustrar essa derrota tão impressionante, encontrei isso: http://youtube.com/watch?v=pgYFbrrqrKk. Peço ao leitor preguiçoso que faça um esforço e visite ao menos esse link.

Ao leitor ainda mais preguiçoso, vou me dar ao trabalho de explicar; maio de 99, certamente o mês mais impressionante da historia desse time alvi-verde. Acho que é ilustrativo dizer que meu pai, nessa época, chegou a visitar um cardiologista, preocupado em ter um piripaque em alguma dessas decisões...Depois de eliminar o Corinthians nos jogos que mudaram a vida de um certo jovem goleiro chamado Marcos, enfrentou o Flamengo no Rio e perdeu, 1 a 0, gol de Romario (ele bateu um pênalti, o possuido goleiro defendeu mas no rebate ele marcou). O time perdeu em seguida para o River Plate, na Argentina. Eram jogos às quartas, sextas e domingos, algo desumano...

Parecia que tudo estava degringolando, em São Paulo os cariocas venciam por 2 a 1, faltavam 15 minutos e precisava-se de 3 gols. O resto do jogo seguia a sequencia habitual, o desespero de se colocar um ponta no lugar do lateral, um gol aos 35 para dar aquela vã esperança que nos mata e não leva a lugar nenhum, mas de algum modo o ponta citado, predestinado, marcou mais dois milagrosos gols e o time verde ganhou.

Ok, muito bonito. A parte triste da historia é que eu, sentindo que a virada era impossivel, subi para meu quarto depois do segundo gol rubro-negro. E não vi, certamente, nem o empate nem a virada. Creio ter visto o quarto gol, mas talvez seja apenas reconstituição de uma memoria falsa.

é isso, meus caros, às vezes a vida nos apronta umas belas peças e em outras a gente não coloca esperança nenhuma de se salvar mas no fim da' certo. Infelizmente, nesse caso é um "da' certo" um tanto quanto amargo pelo remorso de não ter acreditado, mas eu tinha me disposto a fazer um post "para cima".

Pensando melhor, mesmo o video que devia contribuir para a parte "alegre" é um tanto quanto triste por ser um passado completamente enterrado e ao qual não ha' nenhuma espécie de retorno, ao contrario dos fracassos estilo ASA e do rebaixamento que se seguiu naquele fatidicio 17 de novembro de 2002, quatro anos atras, portanto...

"E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto."

PS: esqueçam esse post, fique apenas com o Euler (ou Euller, vai saber se preferes gols espíritas ou oscilações periódicas, eu acabei meu texto e não cheguei a lugar algum).

terça-feira, outubro 10, 2006

...e nunca a pomos onde nós estamos

Aqui na escola existem diversos foruns de discussão dos alunos, em geral com considerações inuteis sobre a vida aqui, ou pedindo informações, vendendo coisas, etc. é o tipo de leitura particularmente agradavel quando se quer matar um bocado de tempo antes de começar a estudar. Destaco duas frases que li hoje:

"enfin je suppose que le gain de sécurité est aussi significatif que le gain de rapidité pour la programmation que nous donnent les superbes QWERTY des salles info."

(o cara estava falando de um pseudo ganho de segurança por causa de não sei o que e disse que é tão grande quanto o de velocidade de programação nos teclados qwerty da sala de computadores...é, bom mesmo azerty)

"Mais le steak ça se mange rouje de toutes façons."

(em todo caso, um hamburger deve ser comido vermelho. Sim, caro leitor, enojada leitora, VERMELHO).

O ser humano é o bicho mais estupido que ja' pisou nesse planeta idiota.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Continuando o assunto...

Postei há alguns dias um comentário sobre a breve biografia de um dos falecidos no acidente da GOL. A Folha, no entanto, vem atualizando seu site com mais e mais informações sobre cada uma das vítimas, como podemos ver em http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126852.shtml

Meu destaque de hoje vai para "Joseane Falcão - analista de sistemas, 29, morava em Manaus, era casada e tinha um filho. Ela era coordenadora de teste de alta tecnologia da Quality Software Ltda., com unidades em Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo."

Que diferença faz onde diabos a empresa em que ela trabalhava tem filiais? Qual a relevância de se dizer isso, hein?

Ninguém é descrito como torcedor fanático da Portuguesa Santista ou como melhor jogador de buraco de Piraporinha da Serra. Não se pode ser "bom contador de piadas, amigo de fato mesmo para as horas complicadas", "grande cozinheiro, sentiremos saudades de seu omelete por toda a eternidade", ou quem sabe "cuidou de seu cachorro doente até o final". Nada. É preciso ser sempre sério, ainda mais quando se tem apenas 5 linhas para se falar da pessoa.

Gostaria de deixar claro que isso não é, em absoluto, uma forma de deboche com os coitados que estavam naquele avião. Esses posts são apenas uma crítica à nossa maneira de encarar a vida e uma forma de luta por obituários mais engrandecedores que "trabalhou na empresa X, ia para Y, morreu sem deixar filhos".

domingo, outubro 08, 2006

Idéias...

Ah, idéias, boas idéias para textos idiotas, como elas são raras de conseguir...

Uma descrição banal de um não muito especial (mas maior do mundo) Salão de automoveis?

Uma analise de "eterno retorno" dos ultimos malditos jogos entre Palmeiras e Flamengo no Parque Antarctica com uma conclusão surpreendentemente feliz?

Um comentario meio viado sobre um poema do Pessoa que eu so' li em francês e que aparentemente não existe na net?

Reclamações sobre a lição de espanhol? Sobre as aulas? Sobre a vida?

Não, caro leitor, comecemos essa semana assim, serena e estoicamente sem dizer nada.

sábado, outubro 07, 2006

Cena do quotidiano

Jovem estudante brasileiro espera o tempo passar em seu quarto pois só é possível lavar roupa nesse inferno de escola enquanto 99,5% das pessoas estão dormindo. De repente, passos no corredor. Muitos passos. Barulhos ininteligíveis, quase assustadores, oriundos de muitas bocas.

Este autor precipita-se em direção à porta e consegue fechá-la antes que os bárbaros tentassem tomar o controle de seu precioso quarto. De volta ao livro para passar o tempo...

Depois de alguns instantes de silêncio, julgo suficientemente seguro sair do quarto. Qual não é meu espanto ao ver um mar de sapatos se espalhando a partir da porta do chinês da minha frente. Um, dois, três, oito pares!

Portas e janelas fechadas. Aparentemente nenhum barulho lá dentro. Não tenho nada com isso, sigo minha peregrinação semanal a Meca, digo, à maquina de lavar e lembro de um aforismo que eu cunhei durante uma fria manhã do meu estágio operário:

"No fundo, é sempre uma família chinesa e suas grandes malas de turistas."

Fico pensando o que diabos eu quis dizer com essa frase e porque a salvei num arquivo rascunho; a título de informação, há uma observação entre parênteses, em francês, que diz: sempre se encontra uma explicação.

O fato é que, se eu tive de fato uma boa idéia, ela ficou perdida em algum ponto do limbo que nos separa do passado. Ah, o tempo...O tempo passa e não fica, nada deixa e nunca regressa...O tempo, tal como o sono, usa armas químicas.

Voltando para meu prédio, encontro o iraniano que largou o handball por problemas respiratórios escondendo um cigarro antes de me dizer boa noite.

É isso, no fundo é sempre um pseudo-muçulmano com problemas pulmonares escondendo seu cigarro.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Tentando agradar corintios e espartanos

Def: Uma relação de equivalência é uma relação binária entre elementos de um dado conjunto. De forma mais rigorosa, uma relação de equivalência em um conjunto X é uma relação binária

que é reflexiva, simétrica e transitiva:

  • x ~ x (reflexividade )
  • Se x ~ y então y ~ x ( simetria )
  • Se x ~y e y ~ z então x ~ z ( transitividade)
Def: Em matemática, dado um conjunto X com uma relação de equivalência ~, a classe de equivalência de um elemento x ∈ X é o subconjunto de todos os elementos de X que são equivalentes a x:

O mote era a incrivel profusão de novos Pelés no Brasil e novos Maradonas na Argentina. Robinho e Ronaldinho Gaucho; Ortega, Aimar, Messi e praticamente qualquer outro destaque "portenho"...é bem verdade que muitas vezes a relação não é de igualdade, que isso fique muito claro, apesar da igualdade ser sim uma relação de equivalência. Deu pra entender? Basta cumprir aquelas três regrinhas e pronto.

Mas o que eu queria realmente falar é que aparentemente existe uma classe de equivalência das meninas certinhas que fazem todas as lições e sentam-se na primeira fileira. Parece ser uma mafia internacional, sempre com seus oculos e seus belos cadernos cheios de exercicios e anotações coloridas. Aparentemente também elas dormem na sala de aula, é a unica maneira de justificar o fato de que elas SEMPRE chegam antes de você, não importa que você tenha programado errado seu despertador ou confundido a hora de inicio da aula.

Finalmente, o que me chamou a atenção e me levou a desencavar esse rascunho de post foi um francês numa aula dessa semana. Cabelo meio estranho, sentado no extremo da fileira das meninas-que-dormem-na-sala, ar de quem entende aquilo que o professor esta' falando assim que tiver vontade...

O triste é que não existem classes de equivalências apenas para nossos idolos ou amigos, mas também para nos mesmos...Isso não chega a ser uma novidade, eu sei, uma das leitoras em particular ja' deve ter ouvido falar o bastante de eus-paralelos nos ultimos n anos...

PS: fiz confusão com o sistema de rascunhos e o mesmo texto se encontra no meio do mês de abril...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Eu tentei mudar esse blog para a versão beta, na verdade nem sei quais as diferenças, não tive tempo de ler...Vamos ver no que que da'.

Tava lendo Borges hj, achei uma frase muito boa...Ok, fora de contexto é meio ruim, mas quando nao se tem inspiração, tudo é valido. O conto é "El inmortal" (sim, conviver com os chilenos têm como beneficio extra e não previsto o acesso a uma enormidade de textos originais, hehe):

"Este palacio es fabrica de los dioses, pensé primeramente. Exploré los inhabitados recintos y corregí: Los dioses que lo edificaron han muerto. Noté sus peculiaridades y dije: Los dioses que lo edificaron estaban locos."

A idéia de deuses loucos fazendo merda com o mundo por pura inépcia, não maldade ou qualquer outro tipo de castigo e julgamento extra-terreno, me parece interessante.

Ou talvez seja melhor acreditar que se existe um Deus ele provavelmente também é um grande fã da maior das criações das suas criaturas, a ironia; e, como se soubesse de antemão que eu escreveria estas linhas, da' apenas um suave sorriso com o canto do que quer que seja Sua boca.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Um blog é, em certo ponto, como uma novela. A historia pode se prolongar ad infinito, de acordo com a vontade do autor, fazendo renascer ou morrer um ou outro nucleo.

A comparação fica ainda melhor quando se associa ao texto o indice das visitas. é dificil não se sentir pressionado por uma curva plutôt ascendente no numero de leitores. A obrigação de escrever umas poucas linhas para tentar manter o canal aberto (a famosa função fatica da linguagem...) nos espreme o cérebro para criar uma historia pseudo-interessante.

Mas tudo que sai são restos de Nutella e outros compostos orgânicos a serem identificados posteriormente por RMN...

(PS: caro leitor perdido que entrou aqui digitando "espectro carbono 13 RMN". Não, eu não posso te ajudar. Bem que eu queria, diga-se de passagem. Obrigado e volte sempre).

terça-feira, outubro 03, 2006

Um dia você recebe uma espada, no dia seguinte você entrega a espada do seu bixo afilhado, um dia química orgânica é sua pior matéria na faculdade, no outro você resolve fazer sua especialização nisso.

Um dia um presidente vindo do povo é eleito com a maior das esperanças, logo depois tem que encarar denúncias de corrupção e a ameaça de não ser eleito, e por fim existe um time verde que é rebaixado certa feita e que tenta repetir a dose na seqüência só para dar uma emoção.

Ou seja, as coisas mudam, mas não tanto. Ou não.

domingo, outubro 01, 2006

Para a primeira segunda-feira de aula do meu ultimo semestre em terras francesas, uma velha citação:

"O bom das segundas-feiras, do primeiro dia de cada mês, e do Primeiro do Ano, é que nos dão a ilusão que a vida se renova...Que seria de nós se a folhinha marcasse hoje o dia 713.789 da era Cristã?"

(em tempo: como a frase é antiga, a folhinha marcaria hoje algo da ordem de 732.000)

Um tanto quanto morbido

Deve estar um inferno no Brasil a cobertura do acidente com o avião do GOL. O que me chamou a atenção foi a breve explicação sobre alguns passageiros que a Folha colocou em seu site (http://eleicoes.uol.com.br/2006/campanha/ultnot/2006/09/30/ult3750u1126.jhtm).

Existem sempre aqueles que pegaram o avião no último minuto, que insistiram para embarcar naquele vôo, que mudaram a data da viagem, bem como aqueles que perderam o embarque por muito pouco ou que simplesmente decidiram que aquela sexta não parecia ser um bom dia para voar.

Bref, as descrições desse site devem ter sido fornecidas pela família, ficando claro como cada uma das pessoas era vista pelos seus mais próximos. Há os que informaram sucintamente a profissão da pessoa, idade e se deixou família ou não, basicamente o que se espera de um obituário simples. Há, no entanto, os super-homens.

Pensemos um segundo no caso do pobre Ricardo Tarifa. "engenheiro agrônomo, Ricardo Tarifa é especialista em Floresta do Banco Mundial. Tarifa viaja freqüentemente para Manaus para acompanhar um projeto-piloto de proteção de florestas tropicais. Mestre em Floresta e Meio Ambiente pela universidade de Yale (EUA), ele trabalhou durante cinco ano no Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, período em que morou na Amazônia e realizou pesquisas. Não tem filhos."

É, seu Tarifa, o que o seu mestrado em Yale pode fazer pelo senhor enquanto o avião despencava? E para que o prazer de divulgar essa bela biografia, de que isso serve quando nem reconhecer as partes do corpo do falecido será possivel?

A culpa não é do Tarifa nem da familia dele, é de todos nos que achamos que viver bem é colecionar títulos e forçar biógrafos do futuro a gastar algumas boas linhas citando-os. Isso pelo menos é a opinião de Bruno Faccini Santoro, 21 anos, graduando em Engenharia Quimica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e Ingénieur de l'Ecole Polytechnique.

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