quinta-feira, julho 05, 2012

Apocalipse


No dia 12/10/2006, o jovem Bruninho escreveu as seguintes linhas:

Eu defendo a teoria de que, se Deus existe, o que Ele fez foi definir o comportamento físico do Universo, depois apertou o "play", cruzou os braços e ficou olhando. Um buraco evidente dessa teoria é que Ele, onisciente, não ganha nada olhando eventos que Ele sabe que vão ocorrer, mas isso não é um defeito novo, nenhuma explicação com uma entidade onisciente e onipresente pode realmente fazer sentido...

Por "comportamento físico" eu quero dizer as leis básicas que regem cada um dos fenômenos deste Universo. Isto é, aquele tipo de coisas como "matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado da distância", mas que na verdade não é bem assim, primeiro porque o Newton estava errado e segundo porque é um tanto quanto simplório acreditar que uma mera equação seja a explicação de um fenômeno. Ela é mais uma tradução matemática que qualquer outra coisa e nem pretende ser mais do que isso. O próprio Newton tinha uma frase a respeito disso, que ele se preocupava mais com o "como" do que com o "por que", dai o sucesso de tudo que ele descobriu.

Bom, voltando ao dia em que Deus teria definido as regras. Ok, "dia" não é bem o termo porque a Terra não existia, blá blá blá. Um pouco menos de rigor e vamos em frente.

Deus teria dito: "que sejam então 4 forças fundamentais (gravidade, eletromagnetismo, fraca e forte)". Ele cofiou sua longa barba, pensou melhor, "e que o Corinthians sempre perca dos argentinos"; era isso. Ele podia agora sentar-se em Sua poltrona preferida e assistir à miséria dos tempos como fazemos com um bom e velho filme que já vimos milhares de vezes...”

Como se sabe, a piada acabou; o mundo, não.

Todos os torcedores de futebol secam seus rivais, não há dúvidas. Há 10 dias estou guardando no meu desktop uma foto de uma camisa metade Corinthians, metade Boca, para usar em algum argumento “cala-Boca” depois do título argentino.

A comemoração do  título de hoje é, até onde me lembro, a maior que já vi, incluindo o Mundial de 2000. A dimensão absurda dessa festa não é apenas fruto do tamanho da torcida alvinegra, mas principalmente é consequência da provocação dos rivais.

Mas por que tanta implicância em rir da falta de títulos internacionais? Não creio que a questão, dessa vez, seja a tradicional necessidade brasileira de procurar referências no Exterior para validar a grandeza nacional, ainda mais em se tratando do assunto em que nós não admitimos que possa existir alguém superior.  Me parece que o ponto é uma outra lei do Universo, não citada no meu texto antigo: temos medo.

Medo do futuro desconhecido, como todo medo. No caso específico do Corinthians, nós não sabíamos (não sabemos ainda!) o que fazer  quando a piada acabasse. Por isso, era preciso torcer contra com todas as forças, para que não fôssemos obrigados a nos adaptar.

No entanto, como já dizia Machado (esse sim entendedor da fábrica do Universo) , “Tudo acaba, Leitor, é um velho truísmo, a que se pode acrescentar que nem tudo que dura, dura muito tempo”.

No final das contas, era só isso: o tempo passa, as piadas perdem a graça, as dores cessam, as dores voltam, o tempo passa. Sem Apocalipse. Mesmo que a conjunção Profecia Maia – Bóson de Higgs – Libertadores faça parecer o contrário.

segunda-feira, abril 16, 2012

A Globo inventou uma atração genial: milhares de pessoas de cidades aleatórias ensaiam uma coreografia de gosto duvidoso para disputar R$100.000, a serem investidos numa obra de educação, saúde ou algo do tipo.


A cidade vencedora do último domingo, Aracati, colocou 1350 pessoas para dançar. Segundo o programa (eu não vi, mas me contaram), essas pessoas ensaiaram de segunda à sexta, das 16h às 22h.

Façamos uma conta de criança de 3 anos: cada pessoa se dedicou por pelo menos 30 horas nos ensaios, totalizando 40.500 homens-hora (em tempo: o Houaiss aponta "homens-horas" como a forma culta desse plural. Vivendo e aprendendo).

Nosso salário mínimo atual é de R$2,83 por hora. Se essa galera toda tivesse se dedicado a uma atividade com esse nível mínimo de renda, já seriam mais de R$114.000. Notem que estou sendo simpático e desconsiderando os custos com a produção, equipamentos e equipe de treinamento. Também desprezei o tempo gasto na gravação.

Em suma: se te oferecessem um jogo em que a opção A te dá 114 dinheiros com certeza e a opção B pode te dar 100 ou 25 dinheiros (sabe-se lá com quais probabilidades), o que você escolheria? Pelo menos 1350 pessoas responderam B...

domingo, abril 15, 2012

Público

Quanto mais um time ganha, mais torcedores ele atrai ao estádio. Certo ou errado?

Terminada a primeira fase do mui empolgante Campeonato Paulista, resolvi tabular os públicos dos três grandes da Capital e comparar a evolução do número de torcedores com a classificação do time no INÍCIO da rodada (por isso que não há classificação associada à primeira rodada). Para evitar problemas com os estádios muito pequenos do interior, considerei apenas as partidas em que o time grande era mandante - o que inclui, por exemplo, um Palmeiras e São Paulo jogado em...Presidente Prudente.

Seguem os resultados, com os públicos em azul e as classificações em vermelho.

Palmeiras

Aqui a premissa inicial parece ser válida. Claramente a torcida se empolgou com o time até a 14ª rodada. Aí vieram a derrota para o Corinthians e a descida ladeira abaixo nos dois quesitos.

São Paulo

Normalmente se critica a torcida do São Paulo por aparecer apenas em momentos bons. Do gráfico, o que se percebe é que o time vinha liderando no começo e cada vez menos gente se dispunha a assistir os jogos. O pico de público não tem tanto a ver com a reação esboçada a partir da 12ª rodada, trata-se apenas do clássico contra o Santos. Passado esse jogo, voltou o desânimo apesar do primeiro lugar na tabela.

Corinthians

Aqui tem um bando de louco. Não, não tanto. Os dois picos de público correspondem aos clássicos com São Paulo e Palmeiras., o que é bem previsível De resto, um total de pagantes mais ou menos constante, assim como a classificação e o futebol alvinegros. Não vejo nada de muito interessante para extrair desse gráifco (assim como da classificação e do futebol alvinegros)

Em resumo, esses dados parecem confirmar os preconceitos típicos: a torcida corinthiana vai sempre, a são-paulina não vai nunca e a palestrina está precisando de um abraço.

quinta-feira, novembro 24, 2011

Norma

Me disseram que eu precisava de um tema. Aliás, me disseram também que eu não deveria começar minhas frases com "me". Não concordo com eles. Sujeito estranho demais, oculto demais.

Eles gostam muito de normas. É um fato bem conhecido, pela comunidade científica na área de ciências exatas, que todas as normas são equivalentes em dimensão finita. O significado preciso dessa afirmação pode ser visto no link, mas não vem ao caso. Prefiro o seu poder como slogan: "Todas as normas são equivalentes".

No entanto, a frase perde parte de sua graça pois seria um pouco chato ter que colocar em todos os cartazes, com letras pequenas, o lembrete "em dimensão finita", mas há que se conviver com isso para permanecer no mundo da "verdade" científica.

Letras miúdas à parte, esse poderia ter sido um excelente slogan anti-revolucionário em qualquer momento histórico. Todo poder aos sovietes? É proibido proibir? Liberdade, ainda que tardia? Para que, se todas as normas são equivalentes?

(em dimensão finita)

quarta-feira, novembro 23, 2011

Pública, gratuita e de qualidade

Eram 20h e o ônibus, relativamente vazio, se dirigia ao portão principal da Usp. Greve, trabalhos de final de semestre, preguiça, não sei; não devia haver mais de 10 pessoas dentro do coletivo. Um casal atrás de mim falava coisas ridículas (também em meu tempo falei palavras de amor. Como as outras, ridículas). Um casal ao meu lado falava sobre o posicionamento oficial da ECA na greve. Tranquilidade.

Por outro lado, a saída da universidade estava tumultuada, muitos carros. Que estudante universitário não vai para a escola de carro?

Bastante cansado depois de um dia (anormalmente) produtivo, adormeci no congestionamento, mesmo sabendo que precisava descer 2 pontos adiante. Acordei com um estrondo vindo de uma das portas.

"Esses malditos grevistas estão jogando pedra no ônibus", pensei ao despertar assutado. Vi uma movimentação e achei que eles estavam invadindo o veículo. Não era o caso. Uma senhora tentava embarcar com seu filho deficiente.

Permaneci sentado, assustado. Motorista e cobrador conseguiram colocar a pesada cadeira para dentro. Menino bastante doente. Mãe claramente sofrida.

"Não adianta porra nenhuma fazer faculdade. Educação vem de berço. Esse povo aí não presta pra nada. Todo mundo aí, olhando com cara de pena e ninguém tira a bunda da cadeira para ajudar", disse o simpático motorista.

Eu tinha uma excelente explicação para não ter ajudado. Todos tínhamos. Todos temos. A sociedade não parece muito satisfeita com a nossa contribuição. Talvez eles estejam sendo injustos; afinal, não teria a mãe ido até a universidade buscar algum tratamento?

Talvez.

domingo, julho 24, 2011

Estou num curso em Angra dos Reis, aprendendo umas coisas sobre otimização, simulação e demais assuntos que geralmente não interessam os leitores (nem o autor, em certos momentos).


Como é um workshop internacional, com pessoas de uns 15 países, os organizadores tiveram a famosa idéia de organizar um torneio esportivo para facilitar a integração das pessoas. E vocês talvez se lembrem que a vocação desse espaço é cobrir eventos esportivos internacionais e irrelevantes.

No primeiro dia jogamos vôlei na praia. Um indiano me perguntou se eu já tinha jogado esse esporte alguma vez. Não foi exatamente um dia memorável.

Posteriormente, jogamos a partida de futebol. Apesar de contundido, eu precisava representar o país do futchibol. Combinamos a estratégia - eu, um mexicano com bigode típico, o indiano que não joga vôlei, um egípcio com 2m de altura e um brasileiro com a camisa do Kaká.

Chamei o brasileiro de canto para combinar uma jogada ensaiada com ele. Expliquei que assim que eu pegasse a bola ia procurar por ele para fazer um contra-ataque rápido. Ele respondeu: "man, you have already tried to speak to me in Portuguese. I'm not Brazilian".

Ganhamos bem o jogo, por goleada. Terça faremos a semifinal.

Quando vinha procurar um ponto de conexão de internet, encontrei o Kaká no corredor. Ele piscou e disse "hey, Julio Cesar".

Se eu não vou me tornar o novo mago mundial da otimização de processos químicos, ao menos vou tentar ser o melhor goleiro desse conjunto restrito de pessoas.

domingo, maio 15, 2011

Idiossincrasia

idiossincrasia
i.dios.sin.cra.si.a
sf (gr idiosygkrasía) 1 Med Constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa. 2 Psicol Qualquer detalhe de conduta peculiar a um indivíduo determinado e que não possa ser atribuído a processos psicológicos gerais, bem conhecidos. Var: idiocrasia.


Costumamos ter orgulho de nossas idiossincrasias e especificidades. Todos querem se destacar da massa, mas isso é impossível quando se comporta de modo idêntico ao dos outros. Por outro lado, comportamentos muito destoantes podem ser repudiados como excentricidades inadiissíveis. Em algum lugar indeterminado entre ser "estranho" e ser "normal" deve repousar a felicidade.

Hoje assisti a uma apresentação da banda de um amigo de longa data. Não que a banda em si me interessasse sobremaneira, longe disso, mas o referido amigo está de partida para o Exterior e o show tinha também a função de festa de despedida.

No meio do show, enquanto eu pensava em um delírio qualquer, a noiva de um conhecido me perguntou: "Legal, né?"

Pensei em responder o óbvio "É, legal" e dar o assunto por encerrado. Mas não tive coragem de mentir e acabei dizendo que não tinha a menor condição de responder se estava legal ou não, eu simplesmente não estava acompanhando porque não ouço música, não faz diferença pra mim.

Ela arregalou os olhos e disse "SÉRIO?". Já estava preparado para o tradicional sermão de que não é normal ser assim e blá blá blá. Mas a continuação foi "Meu Deus, nunca tinha achado outra pessoa que fosse assim além de mim!"

Pois é, caros leitores, a menina que vai casar com o cidadão que sentava na minha frente na quinta série é o segundo espécime documentado de um grupo com poucos membros. Me senti profundamente humano e normal, seja lá qual o sentido desses adjetivos.

quarta-feira, abril 27, 2011

Segunda prova na Letras. O esquema dessa era bem divertido: há duas semanas o professor passou 6 temas. No dia da prova ele sortearia 2 e a gente ia escolher um só, para escrever umas 2 páginas. Os temas eram coisas absolutamente abertas, tipo "O retorno de Ulisses" ou "O mito de Pandora".

É óbvio que se eu preparesse um texto para 5 ou 6 temas, teria 100% de chance de saber o que escrever na prova. Por outro lado, preparando apenas 4, a chance de cair algum tema conhecido seria de 14/15, mais de 93%. Graficamente, temos:



O custo-benefício parecia irresistível. É muito difícil convencer um engenheiro a se esforçar 25% a mais (de 4 para 5 temas estudados), recebendo com isso um aumento de 93,3 para 100%. Não vale a pena, é evidente.


Evidentemente também Murphy optou por me sacanear, o professor sorteou os dois temas que eu não sabia e foi bem ridículo.

Em tempo: se estiverem procurando alguém para trabalhar com análise de risco, podem me contratar, prometo fazer as contas direitinho. Apenas, por favor, não vinculem o meu risco com os fenômenos que devem ser modelados.

segunda-feira, abril 25, 2011

2 meses de curso depois...

"Pois dentro desta perspectiva arcaica, o nome das Musas são as Musas e as Musas são o Canto em seu encanto"

Ou eu saio dessa faculdade como o filósofo do Cilada ou como o Cléber Machado.

Ou não.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Epígrafe

Em alguns dias devo concluir minha dissertação de mestrado.

Faltam alguns detalhes: rever a introdução, aumentar a revisão da literatura, expandir um pouco os desenvolvimentos teóricos, realizar algumas simulações e, se der tempo, inventar umas conclusões adicionais.

Sem desespero. Ao menos, depois de algumas horas de busca, encontrei a epígrafe que eu queria:

" (...) e pensa em como seria bom se a gente pudesse voltar atrás e corrigir todas as escolhas erradas que fez na vida, mas como saber se a escolha era errada ou não, já que a vida não tem gabarito?" (Luis Fernando Verissimo)

Achei inteligente porque um trabalho de pesquisa é um célebre exemplo de ausência de gabarito. Muitas vezes é você mesmo quem cria seu próprio padrão de comparação. Além disso, escolhi por ser engraçadinho e por sugerir ao leitor que as 100 páginas que seguem talvez não sejam muito mais do que um erro de escolha.

Habemus epígrafe, o resto decorre.

terça-feira, janeiro 04, 2011

Entrevistando algoritmos - parte 1

E o convidado desta noite é...o Método de Newton!

Bruno: Conte-nos um pouco sobre a sua infância.

Método de Newton: Nasci há mais de 300 anos em Cambridge, fruto de uma das loucuras de meu Pai. Ele era superprotetor, queria me guardar apenas para uso próprio. Levei tempo até conseguir conquistar meu espaço com o grande público.

B: Percebo que o senhor fala do seu pai no singular. Não considera Raphson como seu pai também?

MN: Veja, eu não falo em "pai", prefiro "Pai". Conheci meu criador e sei que ele nasceu em 25/12. Creio que isso me dá o direito de chamá-lo Pai, não?

B: O senhor, digo, o Senhor é quem sabe. São portanto falsos os rumores de que sua origem seria fruto de um tempo de grande proximidade e companheirismo entre Newton e Raphson?

MN: Esse senhor Raphson é um aproveitador. Quis se beneficiar da glória de meu Pai mas nunca conseguiu de fato vincular seu nome ao meu. Afinal, quem sabe pronunciar Raphson? Não é uma boa nomenclatura para algo tão útil quanto eu.

B: O senhor é a favor de que casais gays adotem crianças?

MN:Não (balançando a cabeça, visivelmente contrariado)

B: Vamos falar de algo mais leve. O senhor tem algum hobby?

MN: Gosto muito de futebol, como todo bom inglês. Entretanto, não tenho acompanhado muitas
partidas inteiras, vejo apenas o começo dos jogos.

B: Por que, muitas tarefas nos últimos tempos?

MN: Não, é apenas uma opção minha. Para mim, um chute inicial bem executado é a diferença entre o sucesso e o fracasso.

B: E por outro lado, do que o senhor menos gosta?

MN: De pessoas que emagrecem e engordam novamente.

B: Alguma razão para essa implicância?

MN: Essas pessoas têm curvatura variável. Quando estou diante disso sempre há risco de
divergências. Isso acaba diminuindo minha própria robustez, é realmente um transtorno.

B: Senhoras e Senhores, infelizmente nosso tempo acabou e nem pudemos alcançar a raiz dos problemas. Acompanhem, na proxima semana, nosso segundo convidado: Gram-Schmidt!

terça-feira, novembro 16, 2010

Quando ouvi pela primeira vez sobre o fim de carreira do Pelé eu devia ter uns 8 ou 9 anos, idade insuficiente para saber alguma coisa sobre Pelé ou sobre aposentadoria. Assim mesmo, ficou marcada em mim aquela idéia de "parar no auge".

Com o tempo, compreendi melhor o mito que se criou sobre esse fato. Pode-se argumentar que o auge do Pelé foi em 69/70 (milésimo gol, tricampeonato mundial) mas ele se aposentou apenas em 77, com quase 37 anos! Meu pai deve ter me contado essa história pela primeira vez com uma visão bastante parcial de quem queria ter visto o Rei jogando em 74 e esse sentimento deve ser o mesmo de muitos dos cronistas que viveram essa época. Ele não parou no auge, apenas rejeitou disputar a Copa da Alemanha.

Em todo caso, nessa semana não pude resistir a me comparar ao Rei. Resolvi um dos maiores problemas da empresa, que nos atormentara por anos. Dois dias depois pedi demissão.

Ano que vem devo fazer meu doutorado com tranqüilidade, começar uma nova graduação, tentar escrever mais e, se surgir uma boa proposta, jogar umas partidas pelo Cosmos.

quinta-feira, setembro 23, 2010


Totalmente xkcd, eu sei. Estou tentando voltar a dar aulas mas não consigo (não quero) entrar na região vermelha. A amarela, como o juízo de valores implícito na figura já indica, está boa demais para mim.

terça-feira, setembro 14, 2010

Imagine que você tem 2 métodos para fazer uma tarefa. Um deles você já viu que funciona e deseja então avaliar o outro.

A figura abaixo, obtida de pesquisas acadêmicas de ponta da Universidade de São Paulo, ilustra uma comparação entre o método que funciona (em preto) e o método que estamos tentando colocar em prática (em verde).

É, talvez ainda demore alguns meses para que eu consiga qualificar.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Foco

Ou "só acaba quando termina":

quarta-feira, setembro 01, 2010

Fator exógeno

O post anterior pretendia ser uma análise relativamente simples, que não gastasse muito tempo para dar uma estimativa grosseira da viabilidade econômica do Itaquerão. Diversos fatores foram esquecidos/desprezados: receitas obtidas com venda de cativas e camarotes, aluguel para shows e eventos, lucros com estacionamentos e lanchonetes, etc. Eu poderia procurar dados mais precisos sobre esses pontos e fazer diversas simulações de cenários, mas não creio que seja necessário.

Fui alertado sobre uma passagem importante a respeito da carta divulgada ontem:

"- o Corinthians entrega à Odebrecht o direito de usar ou revender a denominação do estádio, reservando-se a escolha de para quem irá este direito, se revendido, e dispondo de até um ano para autorizar a operação de revenda.

- o valor do contrato de denominação do estádio é idêntico ao valor médio estimado para a obra: R$ 335 milhões.

- se a receita auferida pela revenda for maior do que R$ 335 milhões, o valor que exceder ao valor contratado será de propriedade do Corinthians; no caso reverso, o Corinthians cobrirá a diferença com suas receitas próprias"

É isso mesmo, senhor leitor. A construtora não terá direito a explorar o estádio por X anos. O contrato para eles (Odebrecht) é extremamente vantajoso:

-se a obra custar menos do que o previsto (o que sempre ocorre em projetos de grande porte), eles embolsam a diferença.

- se, por um acaso inexplicável, o custo exceder o orçamento, eles ficam quietinhos e com prejuízo.

É óbvio que qualquer empreiteira se mataria para obter um contrato tão vantajoso. Quem não gostaria de entrar num negócio em que, na melhor das hipóteses, não se ganha um tostão?

O que me deixaria mais desconfiado é pensar como seria impossível uma empresa se dispor a pagar 335 milhões apenas para vincular seu nome ao estádio. A título de comparação, digo novamente que contratos semelhantes na Europa tem ficado apenas na casa de dezenas de milhões de reais por ano.

Conforme divulgado no Uol hoje, não há motivo para pânico: se ninguém quiser pagar, alguma estatal cobre essa despesa. Isto posto, está correta a conta do presidente alvi-negro, o tempo para que o estádio se pague será de 2 segundos, o suficiente para uma canetada.

Meu erro mais grave no pseudo-modelo de ontem foi ter desconsiderado um pequeno fator exógeno: o nome do país onde o estádio será construído.