segunda-feira, julho 02, 2007

Sonho há anos em desenvolver uma teoria completa sobre algum assunto profundamente inútil e enfadonho. Seria um dia de júbilo, sentaria diante das folhas em branco e não hesitaria em completá-las com linhas e mais linhas de definições obscuras e raciocínios perfeitamente lógicos levando a conclusões brilhantemente desnecessárias.

Como se vê, troquei os números pelas letras. Parecia, à primeira vista, que esse tipo de objetivo seria mais facilembte alcançado ao lidar com elas. Eles são emburrados, sérios demais, não entendem brincadeiras nem levam desaforos pra casa. Elas compreenderiam meu deboche e me dariam a glória.

Porém, é evidente que esse campo também contém suas armadilhas. Nem falo aqui da ortografia, irmã bastarda da aritmética. Erram-se somas como plurais são esquecidos, restos perdem-se da mesma maneira que acentos mas tudo isso é secundário e pode ser facilmente resolvido com um softwarezinho primário.

Grandes leis da Física não aparecem mais na mente de ninguém no meio de um banho como costumava acontecer 2500 anos atrás. Naquele tempo tudo era mais divertido, mais infantil. Milagres aconteciam, cidades monstruosas eram varridas do mapa, extraterrestres traziam pirâmides gigantes em suas espaçonaves...Tudo isso acabou, a Terra ficou velha de repente e hoje em dia só quer tomar seu chá da tarde tranqülamente.

Nesses últimos milênios as grandes idéias já foram tidas e "retidas" inúmeras vezes. Todos estamos cansados de saber que derivação e integração são operações inversas e que triângulos amorosos sempre provocam diversas reviravoltas antes de uma solução definitiva. Nada disso ainda vende livros, afinal o povo não se contentaria nem se visse pão e vinho surgindo bem diante de seus olhos.

Hoje em dia tudo é rápido, fugaz. Fomos criados para não perder tempo com lugares comuns como o da frase anterior. É preciso chocar, pegar o público desprevenido e estalar um belo tapa no meio de sua testa. Isso, é claro, no mundo da arte, já que a ciência vem ficando tão poderosa que o simples se torna trivial para todos e o chocante só pode ser compreendido por quem conseguiu pensar nele e por seus colegas de laboratório, não necessariamente humanos.

Desisti dos grandes romances e da ciência profunda. Sei que muitos sábios do século XIX pensavam que o fim da física estava ao alcance deles, sem que as existências da mecânica quântica e da relatividade fossem sequer vislumbradas. O espírito humano provavelmente não tem limites. Contento-me, no entanto, com minhas tiradas curtas e meus raciocínios triviais. Ao que parece, está de bom tamanho também para os senhores leitores.

Obrigado a todos pelo apoio nos últimos exatos 5 anos.

PS: não, não se dê ao trabalho de ler apenas porque esse é o post especial de aniversário...

2 comentários:

Anônimo disse...

A vida é (e sempre será) aquilo que fazemos dela.

Veja quanto você evoluiu em 5 anos, Teimon... na matemática, na literatura e no dia a dia. Isso vale mais que um parabéns pelo post especial. Você é especial!!!

Anônimo disse...

na matematica?