domingo, maio 20, 2007

"Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa." (Karl Marx)

Está na cabeça de todo maníaco por futebol a cena do milésimo gol de Pelé: Santos e Vasco, Maracanã, gol do lado esquerdo da câmera de TV. O melhor jogador do mundo de todos os tempos cobra firme, no canto esquerdo do goleiro Andrada que se esforça mas não consegue evitar sua entrada na história.

Pelé corre para dentro do gol, pega a bola e começa a chorar. Pede para que os políticos olhem pelas criancinhas, dá a volta olímpica sozinho. Ainda havia muito a ser ganho e a ser feito: a Humanidade recém chegara à Lua, o milagre brasileiro ainda respirava, as revoluções de 68 pareciam destinadas a sacudir o mundo...No mundo esportivo, Pelé ainda tinha uma Copa a disputar e brilharia como nunca nela. Enfim, o lado "tragédia" é muito mais o que o mundo virou e como hoje em dia as esperanças são menores.

Quando o pênalti foi marcado hoje, o Brasil novamente parou para ver um milésimo gol. Novamente de pênalti. Novamente no gol da esquerda. Novamente com uma paradinha, com o atacante pegando a bola no gol, sendo cercado por repórteres, chorando e falando sobre as criancinhas (dessa vez as com Síndrome de Down).

Mas o ar de déjà vu mentiroso era evidente. Romário é uma sombra do monstro que foi, seu cálculo de gols é uma pilhéria, seu futuro profissional é tão nulo quanto o da Humanidade.

Deixemos o Baixinho comemorar, antes um ex-jogador em atividade feliz que mais um bêbado por ai e acreditemos que o barbudo do primeiro parágrafo, se não conseguiu unir todos os trabalhadores do planeta e revolucionar a sociedade mundial, pelo menos daria um belo comentarista. Certo, Casagrande?

PS: o principal do gol do Romário foi imortalizar o dia 20/05 mas isso fica para outro dia...