sábado, agosto 22, 2009

Não exatamente sobre o Bolt

Mote: Quantos dos recordes mundiais atuais pertencem a país que não existem mais?

Como meu nome não é Sísifo (para perder anos compilando resultados de esportes esdrúxulos e tendo que recompilá-los ao final do trabalho para manter tudo atualizado), dedico este texto somente ao atletismo e natação.

No atletismo masculino, foram contabilizadas 44 competições com 45 recordistas (um queniano e um etíope tem o mesmo tempo nos 15 quilômetros). Como as provas de fundo são muito mais numerosas que as de velocidade, é compreensível o predomínio de Quênia e Etiópia:



A classe "Outros" engloba os recordes que são objeto deste post. Os países donos dessas marcas são: União Soviética, Ucrânia, Reino Unido, Quatar (3000m com obstáculos!), México, Itália, França, Dinamarca, Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental, cada um com um recorde. Ao todo, 3 países que não existem mais ainda são recordistas.

No atletismo feminino, encontrei 43 competições (não há registros de 15 km na Wiki e não vou procurar alhures). O gráfico fala por si só:



O predomínio russo/soviético/comunista é sensível e deixa as africanas no chinelo. O grupo "Outros" tem uma forte base no Leste, sendo composto por Tchecoslováquia, Ucrânia, Polônia, Lituânia, República Tcheca e Irlanda. Nada menos do que 9 marcas são de países que só existem agora em atlas ultrapassados.

Excluindo as provas de fundo, no feminino a maior parte dos recordes é dos anos 80. Numa análise resumida, é o doping soviético que acabou gerando mais doping do lado ocidental, produzindo marcas inalcançáveis por mulheres "normais". Juntando masculino e feminino, quase 14% dos recordes são de países extintos.

Olhemos agora para a natação. São 20 recordes masculinos e femininos, todos em piscina olímpica:





Nenhum país "dos anos 80", nenhum recorde dos anos 80. Na verdade, um (eu disse UM!) recorde anterior a 2007. Sem surpresas, isso ocorreu na prova mais longa e mais lenta (1500 m). Todo o restante é fruto da geração pós-moderna de trajes de banho.

Conclusões:

1 - A viscosidade (e consequentemente o atrito) é maior na água do que no ar.

2 - Não há doping soviético que supere a tecnologia atual de maiôs.

3 - Por favor, não coloquem uma roupa de tubarão no Bolt.

Um comentário:

Ju disse...

Ha ha ha ha ha.... muito bom o Bolt de roupa de tubarão!!