domingo, novembro 19, 2006

É, eles ganharam

Faltam 45 minutos para o titulo brasileiro do São Paulo. Fica, é claro, uma pontinha de inveja, ainda mais ao lembrar que o ultimo titulo de verdade do alviverde foi a Libertadores ha' belos 7 anos e meio (copa dos campeões e série B não contam, por favor). Com o fantasma da Segundona rondando novamente, acaba surgindo a suspeita de que o Palmeiras possa simplesmente desaparecer algum dia.

Nesse assunto, deixo novamente um texto do Torero, dessa vez vou colar porque precisa da senha para ver na pagina da Folha:

E se seu time acabar?


SONHADOR LEITOR , sonhada leitora, pensemos em pesadelos: pensemos que, certo dia, um imenso tsunami varra a cidade de Santos do mapa. Ou que o Corinthians afunde em dívidas e seja repartido entre seus credores. Ou que o Morumbi seja demolido e em seu lugar se construa um imenso condomínio de prédios de luxo. Ou que o Palaia se transforme no presidente vitalício do Palmeiras. Ou que a Portuguesa caia para a Série C.

Tais tragédias poderiam levar esses times à extinção. E aí finalmente chegamos à grande pergunta: "O que você faria se seu time acabasse?".

Sim, porque um dia ele vai acabar, assim como acabaram os gloriosos Ypiranga e Germânia, clubes que, nos tempos de antanho, eram tão grandes quanto eram os grandes de hoje.

Pensei nesta questão principalmente por conta da tradicional e querida Portuguesa, que caiu para a segunda divisão no Paulista e pode cair para a terceira no Brasileiro.

A simpática Lusa pode continuar nessa queda até que o haraquiri de seu departamento de futebol seja a única saída. Então, melancolicamente, ela se transformaria apenas num clube social.

E isso pode acontecer, num longo prazo, com qualquer um dos grandes. Nesse caso, o que seus torcedores fariam?

Acho que alguns iriam torcer justamente para seu maior inimigo. No começo, com certo pudor, mas depois com verdadeira paixão e desavergonhado amor. Torcedores que sempre olharam para o outro lado da arquibancada com inveja, agora, libertos da obrigação de fidelidade, empunhariam a nova bandeira ainda com mais amor do que empunhavam a primeira.

Esses torcedores seriam como o Jacó da Bíblia, que primeiro teve que se casar com Lia e só depois de mais sete anos de trabalho é que finalmente pôde se casar com Raquel, seu verdadeiro amor.

Seriam como o marido que larga a aborrecida mulher pela apaixonada amante.
Mas imagino que haja mais dois tipos de torcedores. O primeiro, ressentido e magoado, tímido e temeroso, passaria a torcer por algum clube pequeno. Na impossibilidade de repetir o grande amor, ele se contentaria com um afeto pequeno, discreto e confortável, do qual esperasse pouco e que não lhe exigisse nada.

Mal comparando, esses torcedores seriam como aqueles divorciados que vão morar numa quitinete e passam a ter namoradinhas de quando em quando. Ou então recorrem ao serviço de gentis profissionais que quinzenalmente lhe vendem umas migalhas de amor. E há, por fim, o torcedor que, uma vez enterrado seu time, nunca mais iria ler, ouvir ou falar sobre futebol.

Aquele que amava seu clube com tanto ardor que ele não era apenas seu time, mas o próprio futebol. Esses seriam os viúvos inconsoláveis, aqueles que preferem a memória de uma mulher à presença de todas as outras, aqueles que amam eternamente. Estes, pensamos que somos todos.

Mas eles são bem poucos.

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