sábado, julho 08, 2006

Berlin, Berlin, nous allons à Berlin (06/07)

Sistema caótico é aquele que apresenta grande sensibilidade às condições iniciais. Assim, duas posições de partida muito próximas podem originar resultados completamente divergentes depois de pouco tempo.

Numa Copa do Mundo, em que apenas 7 jogos decidem 4 anos, a teoria do caos aconselha apenas que se tome cuidado com os detalhes. E com os árbitros, claro. A final anunciada para domingo era um belo e redentor, para eles, Brasil e Alemanha. Manteria a hegemonia deles em casa, a gente diria que foi roubado e o mundo continuaria numa boa. Porém, aqueles senhoires de preto interferiram cabalmente no destino da copa...

Consideremos primeiro aquele Itália e Austrália. Azzurra com um a menos, se o juizão não inventasse o pênalti no Grosso (candidato desde já a ocupar a vaga do Roberto Carlos como melhor lateral esquerdo do mundo, só por ser um predestinado e não por jogar bola) a Austrália pressionaria na prorrogação e mesmo que não marcasse chegaria mais inteira para os pênaltis. Claro que tudo isso não quer dizer nada pois o Buffon é um monstro, fica apenas como princípio de teoria conspiratória.

O caso francês é parecido, a falta que o Henry fez no Puyol e conseguiu convencer o juiz a marcar a favor dos bleus é histórica. Aliás, depois do pênalti de hoje dava pra ele ganhar um Oscar ou um Globo de Ouro (como comédia ou drama, fica a cargo do leitor).

Fiquei supreso com a derrota do Felipão, claro que ele ~e mortal e falível mas achei por umas horas que ele sairia invicto de outra copa, perdendoa a final nos pênaltis...Portugal perdeu mas ainda acho que rola um remake de 94. Os franceses fizeram 8 e tomaram 2, os italianos foram ainda mais...italianos (11 a 1). Um belo ataque para uma Itália da vida...

Será um confronto azul e sonolento. Creio que não preciso explicar nenhum dos dois adjetivos, apesar dos bleus estarem de branco e de não ter azul na bandeira da Itália e toda aquela história da família real...

O "sonolento", no entanto, merece um comentário extra. Durante o jogo eu até pensei em fazer uma ode ao 451 se Portugal ganhasse. É a evolução natural do 433 com os pontas recuando ao extremo, só que não me agrada...Se se tem sorte, um bom jogo aéreo e a ajuda do juiz pode funcionar.

A rigor, a Itália jogou na primeira fase com dois homens de área (Toni e Gilardino) e o Totti um pouco mais atrás, o que também não funcionou muito. Trocou o Gilardino pelo Camoranesi, um meia com com facilidade no apoio ao ataque, mas ganhou da Alemanha depois de instalar um famigerado quadrado mágico (Gilardino, Iaquinta, Del Piero e Totti), seria quase um esquema normal se não fosse pelos dois gladiadores Gattuso e Materazzi lá atrás.

A França é bem mais covarde, o Trezeguet só entrou contra o Togo, por exemplo. Um ataque débil demais para a defesa italiana...

É triste ver que hoje em dia colocar dois meias e dois atacantes é ousadia. Isso era normal na minha infância e parecia consolidado nos últimos tempos, mesmo na Europa, com a única diferença que aqui os meias são, por vezes, quase pontas.

Resta torcer para que o sucesso do campeão, seja lá qual for, não estimule mais os ferrolhos mundo afora. E, principalmente, resta torcer para que o campeão seja o azul certo. Parabéms Itália, novo tetra! Provoque mais fraudes em seu campeonato, parece que faz bem...

(Observação ao leitor descrente: esse texto foi realmente escrito voltando de Munique, antes, portanto, da final. Não consegui digitar antes, me desculpem, agora perdeu a graça. Impressionante ter dito que o Grosso era um predestinado, ficou mais forte do que eu esperava...)

2 comentários:

Bruno disse...

Eu não estou maluco, terminei de copiar o texto depois da final mas ele ficou salvo como sábado, que foi quando eu coloquei parte dele no rascunho. Eu não estou maluco!

Anônimo disse...

Maluco ou não, o fato é que o Zizou pirou na batatinha e no final tudo deu certo.... as usual!! Um beijo.... continue aproveitando seus dais de glória!!!