domingo, julho 02, 2006

Mesa redonda futebol debate

Talvez a melhor coisa das copas sejam as mesa redondas que ficam debatendo ad infnitum cada infímo lance do jogo, encontrando explicações complexas e conspiratórias para as derrotas, delirando em caso de vitória, culpando juízes e, principalmente, fazendo a transição entre o clima de festa do jogo e a dura realidade da semana que logo vai começar. Perdi, por razões óbvias, os debates brasileiros desta copa. Até ontem, claro.

Podendo sentar em qualquer lugar do trem que saia de Frankfurt para Colonia, acabei ficando proximo a um grupo de brasileiros que assistiu o jogo no campo. O vagão do trem é daqueles com regiões que parecem uma sala de estar, as pessoas ficam de frente umas para as outras. Quando o trem já estava partindo, chegou um cidadão com ares de nordestino, duas cervejas na mão, uma camisa verde e uma imensa credencial de imprensa pendurada no pescoço. Paulo César Coelho, correspondente do Diario do Nordeste na copa.

O grupo inicial de brasileiros, vim a saber depois, era a família de um ex-vice presidente do Santos cujo nome me escapa. Procurei na internet assim que possível.

Estava, pois, montado o cenário ideal. A situação de derrota, um lerdíssimo trem cruzando a Alemanha, convidados do meio esportivo. Fizemos nosso programa, sem câmeras, infelizmente.
Apesar da derrota, éramos todos brasileiros e a única coisa a fazer era rir da situação. Entre cornetadas nas orelhas dos franceses que ameaçavam puxar um Allez les bleus, o jornalista deixou escapar um belo "vai tomar no cu" para um francés com a 12 do Henry. "Não existe imparcialidade em cobertura da seleção", justificou-se. Claro que isso nunca foi questionado, o verde-amarelo da camiseta por baixo da camisa denunciava que era apenas um torcedor cobrindo a participação de seu time.Passamos 4 horas onde lavamos nossa alma ofendendo o Parreira e nos divertindo, afinal isso aqui deveria ser apenas uma grande festa.



Descendo do trem, um outro grupo de brasileiro começou a batucar num pandeiro, uns mais empolgados dançavam...Não existe povo como o brasileiro, para a sorte do resto do mundo. Não cito aqui nossa inevitável tendência a levar vantagem em cima de tudo, a preguiça, a corrupção institucionalizada, mas sim essa capacidade de rir da desgraça e sambar para os problemas. Ah, se fizéssemos bom uso disso, aprendessemos a defender cruzamentos e colocassemos Robinho em campo logo depois de tomar o gol, ninguém jamais nos seguraria.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ô criança.... chorei ao pensar em vc, ali sozinho, no meio dos alemões (he he he) e com os franchucos malditos ganhando do Brasil. Mas o Felipão vai nos vingar.... vai morrer de infarto ao final do jogo, mas vai nos vingar!!! Beijo e bom passeio pelas terras frias e nórdicas (ou não!!). Carinho, Ju

Débora Maria disse...

Hoje eu assisti o jogo de Portugal com as freirinhas, e depois do jogo mais emocionante e bonito da copa, me perguntaram o que eu tinha achado do Brasil: Vergonha, seria melhor se eu não tivesse visto o jogo, e que queria trocar o nosso Ronaldo pelo Ronaldo português! Cidadania pra ele!!!
Beijos