sexta-feira, março 16, 2007

17/07/1994

Rose Bowl, Los Angeles. Itália e Brasil decidem quem será o primeiro tetracampeão do mundo. Um jogo truncado, os brasileiros tiveram algumas boas oportunidades mas não conseguiram sair do 0. A prorrogação é tensa e infelizmente a única maneira de separar as equipes será através de pênaltis.

Baresi e Marcio Santos perdem as primeiras cobranças para cada um dos lados. Albertini e Evani (portando o agourento número 17) marcam para os italianos, Romário, Branco e Dunga para os brasileiros. Massaro chuta mal, Taffarel defende. 3 x 2 para o Brasil faltando uma cobrança para cada lado.

A sorte da Itália estava nos pés de Roberto Baggio, um grande alívio afinal o camisa 10 era o melhor do mundo na época e um verdadeiro craque. Ele toma bastante distância, saindo até mesmo da grande área, mau sinal. Corre para a bola e...

E é gol! O empate italiano. Realmente não se podia esperar outra coisa, um jogador da categoria dele jamais isolaria a bola como um zagueiro central qualquer. Mas ainda estava tudo sob controle, bastando Bebeto marcar e o título seria nosso.

Nessas horas a pressão é inacreditável (de alguns GPa, diria um técnico). O mundo inteiro olhando. Nenhuma margem de erro. Toda a responsabilidade imaginável. Nosso número 7, eterno coadjuvante de Romário, não tem a mesma sorte que o Baixinho: sua cobrança rasante no canto direito inferior de Pagliuca beija a trave e caprichosamente vai parar nas mãos do goleiro que havia escolhido o canto errado. Tudo igual. Agüenta coração...

Roberto Donadoni pediu para bater o sexto pênalti. Tendo falhado contra a Inglaterra quatro anos antes, era a chance de sua redenção ou danação eterna. Acabou valendo a pena arriscar, um chute forte no meio do gol limpou um pouco sua imagem. 4 a 3 Itália.

Pânico do lado brasileiro. Dos jogadores de frente só restava Viola para bater. O corinthiano não parecia muito confiante. O fato dele ser canhoto e tecnicamente limitado imediatamente veio à cabeça do goleiro italiano que não perdia uma partida daquele glorioso Palmeiras. O primeiro capítulo de qualquer manual de goleiro diz que nessas horas a cobrança virá a meia altura no canto esquerdo. Dito e feito: Pagliuca se adianta, salta bem e agarra a bola. Uma defesa histórica e impressionante, sem nem direito a rebote.

Itália campeã do mundo!

O povo brasileiro mostrou ter aprendido a lição. Nas eleições presidenciais que ocorreram 3 meses depois a votação maciça em Lula, candidato do PT, denotava o repudio ao pragmatismo: sim, o Fernando Henrique havia derrotado a inflação assim como Parreira eliminara a perigosa Holanda. Mas para ser campeão do mundo, para ser realmente o número 1 é preciso ter mais ousadia e até mesmo uma dose de inconseqüéncia.

"3 atacantes e reforma agrária ou morte" se tornou o lema do movimento estudantil. Apesar de ser muito longo e com uma métrica inadequada, era o que melhor representava os anseios da nação. Luxemburgo assumiu a seleção, Lula a presidência e as esperanças se reconstruíram por mais 4 anos.

(to be continued)

Um comentário:

Anônimo disse...

MARAVILHOSA!!!! ;-)

Acabei ficando curiosa com o que mais acontecer na época e achei isso: http://veja.abril.com.br/vejasp/especial_20_anos/p_056.shtml

Sabia que tinha uma iguana em algum lugar!!!

Beijo