quinta-feira, maio 11, 2006

A grande história

Cada um de nós tem A história, aquela que metaforiza toda sua vida, com toques de suspense, drama, tensão e, com sorte, um final feliz. Pois bem, a minha tem a ver com um certo 11/05, há distantes 6 anos...Aos que não sabem, fica sempre mais uma oportunidade de ouvir. Aos que já conhecem, minhas desculpas, mas é preciso recontá-la por todos os séculos e séculos.

Uma meia dúzia de 10 adolescentes babacas teve a genial idéia de fazer uma plaquinha dizendo "SOS - Alunos em seqüestro" para mostrar aos carros na rua enquanto estivéssemos no ônibus da escola, indo para a educação física. Escrevemos com todo o cuidado para que fosse possível ler à distância e partimos para a ação, certos de que a brincadeira infame seria facilmente identificada por qualquer um (ora, pessoas de uniforme, rindo, no fundo de um ônibus certamente não estão sendo seqüestradas...).

De fato a primeira experiência mostrou bem isso, um caminhão de lixo passou e nos xingou. Era exatamente a reação esperada, tudo parecia ótimo, quando vimos, na saída da Radial Leste, um Tipo de placa BOM XXXX (não me perguntem os números, mesmo no dia eu não sabia). Parecia um bom carro para se brincar.

Amauri, o mais velho, mostra a plaquinha. O motorista, bem-humorado, faz um sinal de positivo com o dedo. Felipe, o dono das maiores orelhas a bordo daquele ônibus, faz o mesmo, assim como o Valtinho, nosso pequeno grande goleiro de handball. Divertido, um cara que entendeu a brincadeira.

Nisso o cidadão tira uma sirene de algum lugar e coloca em cima do carro, engatilha uma arma e joga no banco do passageiro. "Amauri, o cara tá armado, mano!".

A frase ecoa em nossos ouvidos até hoje. Diz a lenda que eu teria me jogado embaixo de um banco, coberto com o blusão, mas isso são apenas rumores, claro. O fato é que as outras pessoas se mataram de balançar os braços, para um lado e para o outro, fazendo sinal de que não era nada. O motorista nos olhou com cara de dúvida, levantou os ombros como se dissesse, "e afinal?", continuamos com nosso "não, não, não" desesperado. Ele finalmente mandou a gente à merda e ultrapassou o ônibus, falando algo no rádio do carro.

Sim, meus caros, encontramos um policial civil disfarçado em uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo. Não duvidem dos meus poderes unidos aos de outros grandes mitos, como Youlisseas, o maior jogador de hand do mundo quando tinhamos 15 anos e Mário, o Bunda (o apelido foi dado a posteriori, mas é perfeito).

Sobrevivemos, alguém engoliu o papel para sumir com as provas, nos cumprimentamos quando chegamos à quadra e prometemos que o 11/05 jamais seria esquecido.

Saudades de vocês, meus caros. Mesmo se ninguém da turma lê O Blog, deixo aqui registrado.

PS: a história acabou bem, mas no dia seguinte, no meio de uma aula de física, o diretor do colegial, digníssimo senhor Luiz Felipe Fuke entrou na sala e disse profundamente, "Amauri". Ficamos todos em silêncio, nossos futuros brilhantes sendo jogados no lixo, a Febem nos aguardando, toda sorte de desgraças e tragédias apenas por conta de uma brincadeira infame...

Ele saiu da sala e ao voltar pro seu lugar, na minha frente, estava mais branco do que eu. No entanto não era nada, apenas o blusão que ele tinha esquecido em algum lugar e que o simpático diretor vinha entregar...

E cá estamos nós, médicos, engenheiros, advogados, jornalistas, administradores, dentistas, perdidos no mundo, sentindo saudades daquela quinta-feira mágica. Conversando com gente que não era do Mendel, já ouvi essa história como lenda urbana, com detalhes mais absurdos e aberrantes, mas de fato tudo isso aconteceu e foi conosco, não acreditem em outras versões.

7 comentários:

Anônimo disse...

Dia 20 de maio tem mais....

Anônimo disse...

Não preciso dizer o quanto eu gosto dessa história, não é mesmo?! Mas devo dizer que estas saudades bobocas são as mais doces e as mais tristes... anyway!!! Bom final de semana, criança!!! E lembre-se que "tudo passa... é um velho truísmo da vida a que devemos acrescentar que nem tudo que dura, dura muito!". Um beijo.

Anônimo disse...

E eu aqui lendo isso, sem nada pra fazer ( ou pelo menos sem poder fazer o que eu precisava) ainda acho essa história engraçada.
Sorte que no canto que me jogaram aqui enquanto agurado meu destino tem computador e dá pra rir sem ninguém te olhar muito feio.

Saudades, é melhor nem pensar nisso agora...

Saudações diretamente da "terra do petróleo".

Anônimo disse...

Odeio comentários anônimos!!! ;-)

Bruno disse...

Meu Deus, Juliana, foram os dois comentarios anônimos mais identificados de todos os tempos, hehehe.

Anônimo disse...

Essa é a sua irmã hehe
O segundo ANÔNIMO até Fernando Pessoa o identificaria
"...pessoas incomparáveis."


"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." (FERNANDO PESSOA)

Beijosssssssssss

Anônimo disse...

hehe, achei a sua história muito divertida. Não me lembro de já ter lido.