segunda-feira, outubro 09, 2006

Continuando o assunto...

Postei há alguns dias um comentário sobre a breve biografia de um dos falecidos no acidente da GOL. A Folha, no entanto, vem atualizando seu site com mais e mais informações sobre cada uma das vítimas, como podemos ver em http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126852.shtml

Meu destaque de hoje vai para "Joseane Falcão - analista de sistemas, 29, morava em Manaus, era casada e tinha um filho. Ela era coordenadora de teste de alta tecnologia da Quality Software Ltda., com unidades em Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo."

Que diferença faz onde diabos a empresa em que ela trabalhava tem filiais? Qual a relevância de se dizer isso, hein?

Ninguém é descrito como torcedor fanático da Portuguesa Santista ou como melhor jogador de buraco de Piraporinha da Serra. Não se pode ser "bom contador de piadas, amigo de fato mesmo para as horas complicadas", "grande cozinheiro, sentiremos saudades de seu omelete por toda a eternidade", ou quem sabe "cuidou de seu cachorro doente até o final". Nada. É preciso ser sempre sério, ainda mais quando se tem apenas 5 linhas para se falar da pessoa.

Gostaria de deixar claro que isso não é, em absoluto, uma forma de deboche com os coitados que estavam naquele avião. Esses posts são apenas uma crítica à nossa maneira de encarar a vida e uma forma de luta por obituários mais engrandecedores que "trabalhou na empresa X, ia para Y, morreu sem deixar filhos".

Um comentário:

Anônimo disse...

.... não transmitiu a ninguém o legado da nossa miséia humana!!!
Se eu morrer um acidente aéreo, por favor, peça pra que eles digam que eu sempre tive medo de voar e que, embora gostasse muito do meu trabalho, gostava mesmo era de Literatura!!! É um velho truísmo da vida ao que devemos acrescentar que nem tudo o que dura, dura muito. Um piparote... e adeus...